Carolina Bettencourt · “Eu queria voltar a ontem.”

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Carolina Bettencourt · “Eu queria voltar a ontem.”

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e assim ficou:
746. lamento de viúvo 19.9.2024
se eu pudesse ir para os amanhãs
levava comigo todos os ontens…
nunca devemos deixar os ontens no armário
têm a tendência de desaparecer sem rasto
sabe-se lá para onde vão e o que vão dizer
nunca devemos confiar nos ontens
são frágeis como as memórias
ou a neblina ou a gaze ou algodão-doce
pintam-se e abonecam-se de muitas cores
os ontens amarram-nos e impedem a viagem
mas eu só fui feliz ontem
e os amanhãs são apenas
a memória de ontem sem felicidade
inédito chrys c
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Inês Sá Convidados de última hora

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Convidados de última hora
Iniciámos na semana passada, um novo ano letivo, por isso, permitam-me que as minhas primeiras palavras sejam dirigidas a toda a comunidade educativa: desejo a todos e a cada um de vós, docentes, encarregados de educação, alunos, assistentes operacionais, técnicos, administrativos, órgãos executivos e associativos, um excelente ano letivo!
Com franqueza, e enquanto encarregada de educação, a sensação com que fiquei, foi que todos fomos convidados para uma festa que ainda não estava preparada para receber condignamente os seus convidados, pela falta de tempo que antecedeu o início dos habituais preparativos e o dia da cerimónia.
Mesmo assim, o anfitrião teimou em abrir portas no dia e hora anunciados, brindando os convidados com a já expectável falta de docentes, de assistentes operacionais e com a situação dos Bolseiros Ocupacionais por resolver.
Não fosse o cenário já de si desolador, a ementa também não estava ainda completa. Entre as entradas e a sobremesa, faltam os Manuais Digitais, faltam portáteis e tablets, faltam motoristas suficientes para garantir o transporte escolar, faltam materiais didáticos, enfim, toda uma panóplia de ingredientes fundamentais para apresentar aos nossos convidados uma ementa à altura dos mesmos.
Infelizmente nestas situações, tendemos sempre em demonstrar o nosso desagrado ao anfitrião presente, que no caso é toda a comunidade escolar, esquecendo que esta é primeira vítima de tamanha desorganização, a quem cabe a árdua tarefa de cumprir as ordens do patrão, usual e propositadamente ausente da sala.
Ainda assim, dúvidas não restam que a comunidade escolar, por estes dias, é quem habitualmente está na linha da frente, tentando cumprir com todas as inúmeras orientações recebidas quase em cima do dia da cerimónia, e que, de forma resiliente, se desdobra em mil e uma tarefas, apaga fogos a cada novo dia, adquire o dom da omnipresença, da polivalência, do verdadeiro “multitasking” atualmente tão em voga. A toda esta comunidade, devemos todos um enorme e sentido agradecimento: Bem hajam! Aquilo que fazem por esta altura, e perante as escassas condições, não é por certo pura poesia, mas sim verdadeira magia!
Resta-nos a esperança de que este início de ano letivo conturbado, que acredito já não ter surpreendido ninguém, considerando os diversos alertas que nos foram chegando por diversos interlocutores, inclusivamente por parte de ambos os sindicatos da Região Autónoma dos Açores, seja apenas resultado da impreparação e da indefinição de estratégias por parte do “patrão”, que a muito breve trecho serão encaradas com a seriedade e humildade que o momento exige.
Como dizia Santo Agostinho… “Errar é humano, permanecer no erro é diabólico”.
Numa Região como a nossa, segunda da Europa com a maior taxa de abandono precoce de educação e formação, não há como justificar qualquer tipo de regozijo, pelo contrário, obriga-nos a refletir e a tomar medidas concretas e urgentes que visem inverter estes resultados, de forma consistente e no mais curto espaço de tempo. É exatamente por isso que a educação e os enormes desafios que esta nos coloca têm de constar da agenda diária de todos aqueles que assumem livremente a responsabilidade maior de lutar por uns Açores verdadeiramente democráticos, e por uma sociedade mais igualitária, que nos retire do triste pódio da Região da Europa mais desigual, no que à distribuição de rendimentos diz respeito.
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Mariana Matos

“Eles não sabem, nem sonham”
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