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FALECEU JOSÉ CAVALHEIRO, UM FILHO ILUSTRE DA SILVEIRA, FREGUESIA DAS LAJES DO PICO.
Vamos começar por fazer algumas definições, para que não sejamos obrigados arepetir alguns termos:
José Cavalheiro – José Pereira Mancebo nasceu a 25 de fevereiro de 1934, na Silveira, Lajes do Pico, ilha do Pico, autor do livro “Os Meus Versos” e amigo do Comendador Manuel Eduardo Vieira. Assinou vários escritos com a sigla SILAPI, que não é mais do que um diminutivo de SIlveira, LAjes, PIco. Rumou ao continente onde foi empregado da TAP. Ainda novo começou a sofrer de uma doença que o levaria a uma cadeira de rodas sem o funcionamento dos membros inferiores e superiores;
Manuel Eduardo – Manuel Eduardo Vieira, natural da Silveira, ilha do Pico, conhecido como O Rei da Batata Doce, impulsionador de várias iniciativas sociais na sua ilha e não só, residente na Califórnia, patrocinador exclusivo dos livros “Os Meus Versos” e “Silveira – Sintra Picoense”;
Ricardo Vieira – engenheiro de profissão, picoense de nascimento, amigo de infância de Manuel Eduardo, residente no continente, apresentador do livro “Os Meus Versos”;
Lar – Lar Asas da TAP, em Várzea de Sintra, local de acolhimento de empregados da empresa;
Maria – Antiga namorada de José Cavalheiro, residente na Costa Leste dos Estados Unidos da América (EUA), que casou e enviuvou, tal como ele;
Liduíno Borba – sócio-gerente da Turiscon Editora, que editou o livro “Os Meus Versos”.
A finalidade destas linhas é dar a triste notícia do falecimento de José Cavalheiro, no dia 1 de julho de 2015, no Lar onde vivia, mas também contar uma linda história relacionada com a publicação do livro “Os Meus Versos”.
Aquando do levantamento para o livro “O Rei da Batata Doce”, contando a biografia de Manuel Eduardo Vieira, este manifestou o desejo de incluir um poema de José Cavalheiro – O Meu nome – e assim aconteceu. Quando estive na ilha do Pico, em casa de Manuel Eduardo, com a mesma finalidade, encontrei uma pasta com muitos e bons versos assinados por SILAPI. Esses versos são um hino ao Pico, amor à sua terra, saudade, história, amizade, gosto de viver e vencer contrariedades. Com eles, uma carta oferecendo-os ao amigo. Sugeri a Manuel Eduardo a sua publicação em livro, que aceitou de imediato.
O livro “Os Meus Versos” foi publicado em 2012, lançado na Casa dos Açores, em 22 de junho de 2012, numa cerimónia muito vivida e sentida. Foi também lançado nas Lajes do Pico, no Salão da Silveira, no dia 14 de agosto de 2013, num evento com muita participação social.
José Cavalheiro esteve presente no lançamento em Lisboa, embora com algumas dificuldades, mas a grande “aventura” foi participar no lançamento na ilha do Pico, o que aconteceu com o apoio de Manuel Eduardo. Neste lançamento, foi apresentador do livro Ricardo Vieira, que depois de contar um pouco da história amorosa do biografado, interrogou a assistência se estava presente a Maria, a paixão de José Cavalheiro. De pronto a senhora se levantou no meio dos presentes. Recebeu uma grande salva de palmas da sala e os olhos de José Cavalheiro radiavam de alegria.
Vendo a qualidade dos versos de José Cavalheiro, a amizade entre ele e Manuel Eduardo, a carta daquele para este, achei que a publicação do livro seria a última grande alegria para José Cavalheiro. Enganei-me, foi a primeira de várias nesta fase final da vida.
Depois do livro seguiu-se o lançamento na Casa dos Açores em Lisboa. Outra grande alegria foi ter-se deslocado à sua ilha do Pico, facto que ele julgava impossível de realizar nessa altura da sua vida. O encontro com Maria foi das maiores alegrias por ele vividas, reavivando paixões proibidas nas datas que se deviam de ter realizado. Maria acompanhou-o, como pode, nos últimos tempos, patrocinando uma inesquecível viagem de José Cavalheiro aos EUA.
O que um livro sugerido por mim e apoiado por Manuel Eduardo fez…
José Cavalheiro faleceu poucos dias depois de regressar dos EUA, como que a dizer ”missão cumprida…”
Obrigado pelo que nos deixaste.
Descansa em paz, guerreiro do Pico.
Poema dedicado à Maria, publicado no Jornal “O Dever” Nº 4200 de 07 de Novembro de 2002 e inserido na página 45 do livro “Os Meus Versos”:
À MARIA DE…
Chama-se ela de Maria
Com sobrenome tão doce,
Que JESUS não ficaria
Melhor se outro nome fosse.
Nomes da Mãe e do Filho
O nome que a Maria tem,
São nomes de muito brilho
Como à Maria convém.
O sobrenome que tem
Tê-lo-ão muitas Marias,
Como tinha a minha mãe
Co-autora dos meus dias.
Formosura e graça tinha
Com tanto encanto e beleza,
Tinha um corpo de rainha,
Dotado p’la natureza.
O seu corpo era bem feito
Por ser alto e bem formado;
Tudo nela era perfeito,
Tinha o corpo desejado.
Mulher airosa elegante
Quanto bonita e envolvente,
De pureza edificante,
Ninfa dócil e indulgente.
Era um primor de mulher,
De alma pura e corpo são;
Era toda um bem querer,
Encanto do coração.
Apesar do seu querer
Com bastantes provas dadas,
O medo dela sofrer
Deu-me outras coordenadas.
Que seja sempre feliz
É o que mais lhe desejo,
Já que a sorte a mim não quis
Conceder-me tal ensejo.
Tive o destino traçado
Desde a hora em que nasci,
Mas grato por ser amado,
Na minha terra… por ti.
3 de julho de 2015
Liduíno Borba
