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Amigo Tomás Quental,
Passei o dia a não pensar nessa tomada de posição por parte da nossa autarquia, por não me encontrar bem em condições de saúde, tanto que, e confesso podendo ser considerada “pieguinhas” dizê-lo, após falar com o meu médico que me prescreveu medicação nesse sentido.
Porquê, chegar a este estado, poderão perguntar-me?! Porque nasci (Rua da Boa Nova), cresci, vivi e vivo (Rua do Laureano) e defendo uma percentagem significativa de residentes nesta freguesia, onde fui muito feliz. Levei muitos puxões de orelhas da minha mãe, por chegar atrasada às aulas ou não chegar a casa a horas, por ficar a ver os barcos a chegar e a partir, a ver o peixe nos baldes, os pescadores a coserem as suas redes, os seus baldes com iscos, as suas canas de pesca, as suas botas tão grandes…. E muito mais. Ficava horas a ver e a conversar com eles todos. Gente boa, genuína e respeitadora.
Hoje, apanhei um choque, apesar de saber que tudo seria possível por parte da CMPD. Muitos sabem a minha ligação familiar e de amizade com o Dr. José Manuel Bolieiro, mas isto não me impede de falar e discordar, quando vejo e tenho a certeza que a razão me assiste, pelo que se passa, principalmente, na minha freguesia. Eu que votei nele, eu que assumi um cargo na Assembleia Municipal, para o ajudar também na sua vitória. Sim, o meu nome, contou e muito para o Sr. Presidente. O sr. Presidente sabe-o e os meus amigos e colegas do PS também o sabem e reconhecem.
Focando-me nas palavras do Dr. Bolieiro, gostaria de saber ao encontro dos anseios de que população? Sempre pensei, que os anseios da população fossem aqueles que o levou a assumir o compromisso de escrever para Bruxelas/Comissão Europeia, que estes ouvidos, apesar ajudados por aparelhos auditivos, ouviram. Acabado o mandato, entra noutro e nada de carta.
Sabes, Tomás, eu sei porque não o fez. Não foi ele o único culpado. Face ao processo todo e que pode ser “parado” com uma ação popular, deveu-se aos compromissos há muitos anos “cozinhados” com a CMPD e o GRA. Sim.
Tomás, tenho a certeza de que Bolieiro, pegou no “menino” para o colo e deu essa machadada final, para não comprometer outros, que não ele, que se viram privilegiados anteriormente em muitas coisas. Bolieiro, se parasse, e “remexesse” no passado, iria pôr em causa muita gente e muita decisão tomada… até me faz mal falar nisso. Como é possível ir-se para a política para se servirem e não servirem a população.
Cheguei a propor-lhe que fizesse um referendo e ele até aceitou, mas deixou-se levar pelo grupo “Queremos a Calheta de Volta”, com quem tenho falado com muitos ex-elementos, que deixaram nas mãos de Santos Narciso, por não concordarem com o que estava a ser feito. Se se refere à Junta de Freguesia, claro que o seu presidente quer aquilo acabado o mais rápido possível para inaugurar e mostrar obra feita. Mas, espero que este não tenha dado um tiro no próprio pé, e lhe saia o tiro pela culatra, pelo que tenho ouvido.
Tomás, quando diz o presidente, que é a própria rentabilidade do crescimento, eles investidores que já receberam mundos e fundos, está a preocupar-se com eles!? E nós povo que votámos? E nós povo que não fomos ouvidos e acreditámos que nada se faria ali?
Bem, Tomás, nunca me conformarei, nem perdoarei. Contudo, não poderei deixar de dizer, que Bolieiro é um homem digno, inteligente e sério, mas que foi desonesto para com os habitantes da freguesia de S. Pedro, por não querer “incomodar” PSD`s e PS`s envolvidos. Por não querer ver-se em sarilhos judiciais. Tinha-lhe ficado melhor “limpar” os PSD`s e PS`s, do que “encobrir” alguns deles.
O sangue e a amizade ficarão sempre, mas o desgosto acaba no momento que eu acabar a minha vida neste Mundo.
Com aquela nossa amizade, bjn, Tomás
- 11 hrs
- Tomás Quental Caríssima amiga Fátima Silva! Ainda há pouco fiz um comentário a enaltecer a tua coragem ao partilhares o meu texto sobre a questão da Calheta, porque, apesar de seres uma cidadã livre, és a presidente da Assembleia de Freguesia de São Pedro de Ponta Delgada e és militante do PSD. Mas agora deixaste-me completamente sem palavras com este teu testemunho: acabas de dar uma rara lição de dignidade, de honestidade e de carácter. Como açoriano, como micaelense e como antigo habitante na freguesia de São Pedro, onde me criei e vivi durante muitos anos, só posso dizer, com reconhecimento e com emoção: muito obrigado! Os carrascos da Calheta, que me perdoem o termo, mas é a verdade, deram a “volta” a muita gente. Uns foram enganados e outros deixaram-se enganar, mas também houve quem colaborasse nessa lamentável ação de enganar. Com modéstia à parte e apenas por amor à Calheta, nunca fui em “cantigas” de governantes e autarcas, porque sempre me pareceu claro que não falavam verdade ou não diziam a verdade toda. A triste realidade deu-me razão. Por mim próprio e pensando nos pescadores que conheci na Calheta, nos colegas da Instrução Primária filhos de pescadores e em muitas outras pessoas que viveram, trabalharam e amaram a Calheta, eu não podia ter outra posição que não fosse defender com toda a convicção e sem hesitações aquela zona da cidade de Ponta Delgada. Fiz o que podia, humildemente, como é obvio, publicando alertas no FB e artigos na imprensa de Ponta Delgada: não resultaram, é um facto, mas fico com a minha consciência tranquila. Se algum dia der mais uma “volta” à Calheta, será certamente para a regar com lágrimas…