TOMAZ DENTINHO E A INDEPENDENCIA DA ILHA TERCEIRA

Digamos apenas duas coisas: a primeira é um dito popular muito micaelense que nos ensina que ” um tolo calado passa por discreto” (discreto aqui tem um significado que não é o mesmo do dicionário da língua portuguesa) e para rematar um segundo dito popular mais à moda da Ilha Terceira que nos diz que “toiros e gente tola paredes altas”. O povo sabe bem do que fala, os supostos “sábios” nem por isso.

O economista e professor da Universidade dos Açores Tomaz Dentinho tem um olhar crítico quanto à perda crescente de centralidade do aeroporto das Lajes e aos problemas em termos da certificação para uso civil. Fala de “abuso de poder”.
“Quando os poderes são incapazes de promover o uso sustentável dos sítios e das rotas e não potenciam a capacidade livre de servir das pessoas e dos sítios devem naturalmente ser substituídos através de processos democráticos”, considera.
“Quando estes poderes abusam do poder que têm para restringir a potencialidade das pessoas e de lugares surge naturalmente a revolta e a secessão. A Catalunha revolta-se contra Madrid que, através de transferências cumulativas de meios financeiros públicos desde o fim da Guerra Civil, mantém a cidade artificialmente maior do que Barcelona, como o fez no tempo da ocupação espanhola e nós portugueses não gostámos e aprendemos. Também é natural que São Miguel se revolte contra a centralização Pombalina do poder em Angra do Heroísmo ou a Terceira não aceite ser limitada nas suas potencialidades pela insustentável e artificial limitação que o poder em São Miguel lhe impõe com a atenção e veneração dos colaboracionistas e apáticos do costume”, atira.
Elenca as limitações: “A subutilização do aeroporto da Lajes com regulações militares absurdas, – a subutilização do porto da Praia da Vitória pela estupidez de ter a decisão das taxas centralizada na autoridade de portos dos Açores impedindo a sã concorrência entre portos; – o aceitar de projetos tolos e não sustentáveis que alimentam os costumeiros dependentes; – as restrições ao desenvolvimento do campus universitário de Angra; – a arrecadação de rendas das energias renováveis para fora do local onde são geradas e por aí fora”.
“Para colocar estes abusadores de poder no seu lugar não podemos contar com a maioria dos votos que naturalmente estão concentrados na Ilha Maior. O que se impõe é a autonomização do Porto da Praia da Vitória, do Porto de Angra, o aeroporto das Lajes, do Campus de Angra do Heroísmo, da EDA Terceira e por aí fora. A unidade da Região é assegurada pela liberdade das suas pessoas e ilhas e nunca pela submissão dependente e vendida a um poder abusivo e por isso ilegítimo”, defende.
Entre as medidas que advoga está uma companhia low-cost. “É preciso saber fazer melhor. Gerir melhor o campus universitário e o porto da Praia, gerir melhor o aeroporto das Lajes e a EDA Terceira. E, naturalmente, fazer uma companhia low-cost sediada na centralidade aeroportuária da Terceira para competir com a SATA nos voos regionais e com a TAP, a Ryanair, a SATA e o que vier para aí nos voos para a América, para a Europa, para África, para o Brasil…..”.
“O TEXIT não é a melhor solução, tal como o BREXIT ou o CATALEXIT não serão a solução para a Europa e para Espanha. Mas são os abusos de poder que provocam o separatismo pura e simplesmente porque ninguém que se preze aceita ser cidadão de segunda; se mesmo que isso tragicamente aconteça o seu filho ou neto não o aceita de com certeza: fomos feitos para a liberdade. A liberdade escolhe, arrisca, sonha”, conclui.

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