A CONTAMINAÇÃO NA ILHA TERCEIRA

Partilha-se notícia do jornal Diário Insular de hoje com o título: “REAÇÕES DE PORTUGAL E EUA À LIMPEZA AMBIENTAL NA BASE DAS LAJES NÃO COLAM COM A OPINIÃO DO ESPECIALISTA EM POLUIÇÃO”

“Descontaminação satisfaz Bilateral, mas inquieta Félix Rodrigues”.

Em dezembro, a Comissão Bilateral Permanente Portugal/EUA manifestou-se satisfeita com a descontaminação. Uma posição contrária à de Félix Rodrigues.
“Registou desenvolvimentos”, “congratulou-se” e “aguarda com expectativa” são as expressões utilizadas pela Comissão Bilateral Permanente Portugal/Estados Unidos da América (EUA) em relação ao processo de descontaminação na Base das Lajes. A posição daquele órgão não seria expectável, tendo em conta a análise de Félix Rodrigues, especialista em poluição, ao relatório de acompanhamento das atividades nos locais contaminados, desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
No documento – que resulta da última reunião da Comissão Bilateral Permanente, que decorreu em Lisboa, em dezembro – os dois países referem que “continuam empenhados” em promover a transparência sobre o processo e que registam “os desenvolvimentos em curso” nos locais 3001, “Main Gate”, e 5001, “SouthTankFarm”.
Já nos locais 3001, “MainPowerPlant”, e 5013, “MilitaryHighwaySpill”, a Comissão Bilateral Permanente Portugal/EUA “aguarda com expectativa” o possível encerramento do processo de limpeza ambiental.
Quanto ao mais, do ponto de vista do organismo, há boas notícias.
“Com base na avaliação e recomendações do LNEC, a Comissão Bilateral Permanente congratulou-se com o encerramento dos seis seguintes locais: 2008 – ‘OldPesticideShop’; 2009 – ‘Transformer Yard’; 3005 – ‘SevenHydrantsArea’; 3006 – ‘RefuelingMaintenance’; ‘RefuelingTruckStill Stand’; e 3012 – ‘AbestosDump Site'”.
Nos últimos dias, Félix Rodrigues, também investigador e professor da academia açoriana, analisou o relatório “Estudos complementares no âmbito dos processos de reabilitação ambiental relacionados com a utilização da Base das Lajes pelos EUA”, produzido pelo LNEC.
Nesse documento, fala-se, precisamente, dos locais onde, segundo Portugal e os EUA, o processo de descontaminação está concluído e onde, de acordo com o laboratório, não são necessárias intervenções adicionais.
Segundo o especialista em poluição, todo o documento constitui uma análise superficial ao problema. Não há, considerou, provas técnicas e científicas sobre uma efetiva descontaminação ambiental. O que há, disse, são observações e, inclusive, opiniões.
“O LNEC não faz qualquer análise – limita-se a fazer observações qualitativas e até, eventualmente, a emitir as opiniões de alguém que visitou o local”, concluiu.
Nos últimos dias, Félix Rodrigues insistiu no facto de, nos locais alegadamente intervencionados, e na sua opinião, estarem em causa processos de mitigação de riscos e não de descontaminação efetiva.
“Estão a tentar enganar as pessoas. Chamem-lhe o que quiserem, mas isto não é descontaminação. Se descontaminar fosse só colocar bagacina sobre a terra, eu próprio teria pago essa intervenção do meu bolso”, avançou o académico na edição de ontem do DI.
Félix Rodrigues manifestou preocupações, ainda, quanto ao paradeiro das terras que, de acordo com o LNEC, foram retiradas dos locais contaminados.
“O que foi feito aos solos, que destino lhes foi dado? Foi feita a incineração? Quando se retira terra de algum lado, ela tem de ir para outro lado qualquer e os EUA não a importaram, de certeza. Aliás, também é preciso que se diga que quando há uma contaminação desta natureza, é preciso fazer um trabalho de biorremediação. Não consta que isso tenha sido feito”, afirmou.
As imagens que acompanham o documento também inquietaram o especialista em poluição. Em causa estão fotografias de solos alegadamente contaminados, molhados e revolvidos.
“São imagens preocupantes, porque mostram os solos contaminados, enlameados, a escorrer por todo o lado… Isto revela falta de perícia e de conhecimento técnico para os manusear. Há uma falta de profissionalismo atroz de alguém que não sabe os riscos associados a esse manuseamento”, referiu.

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Comments
  • Ivan Vieira Félix! Uma forma de descontaminar o solo instantaneamente é colocar todo o material recolhido em bacamartes e dar tiros aos pombos. Em seguida come-se os pombos. Esse eu sei que funciona. Que tal?
  • Joao Diniz E depois de um bom guisado de pombo com batata guisada convidamos o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Ministro da Defesa, o Ministro do Ambiente, os responsáveis do LNEC o Embaixador dos Estados Unidos e o Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória para o respasto já agora bem regado com verdelho fresquinho dos Biscoitos.
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