a culpa é das vacas

Crónica 225 A culpa é das vacas in DIÁRIO DOS AÇORES

ESTA E AS ANTERIORES EM https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

Crónica 225 A culpa é das vacas…Farto do politicamente correto 7.12.18

Desde a década de 1990 quando na Austrália, por motivos profissionais, era por obrigação e força da lei, incumbido de seguir as normas terminológicas do politicamente correto, fazia-o, apesar de contrafeito. De regresso a Portugal vi uma atitude diferente nos “contristas” que se opunham ao AO 1990, e as razões que me apresentavam eram diferentes das que eu tivera…mas adiante… sabemos todos que o politicamente correto vem dos tempos originais do marxismo como se lia magistralmente na obra de George Orwell “1984” e “O triunfo dos porcos”, mas nunca imaginei que nos parlamentos do mundo ocidental passasse quase a ser obrigatório e contorço-me de raiva e dor ao ouvir “Portugueses e Portuguesas” ou “Açorianos e Açorianas”… está errado, estamos a esquecer nessa pseudodistinção de género, os de género neutro, os de género misto, e todas as suas variantes, como há meses foi ridiculamente exemplificado por um parlamentar de direita na Alemanha citando quase 20 géneros distintos….

Passemos adiante, a última do politicamente correto que me incomoda e a que muitos, amigos e conhecidos meus, gente de causas, aderiram a todo o gás, é o de cortar no consumo e produção de carne de bovino por causa da poluição…. Não desmerecendo a produção de metano, e outras consequências cruzadas, umas positivas e outras negativas, estamos a atribuir um quociente de importância demasiado a este fator, e não, não acredito que todos os seus proponentes sejam vegetarianos ou vegan…. Mas sei que foram eles (e não cientistas) quem começou esta moda e a introduziu nalguns parlamentos

Entretanto, vários países estão a participar na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP24), na Polónia onde o naturalista britânico Sir David Attenborough lançou o alerta: estamos a caminho da extinção “da maior parte do mundo natural” e do colapso das civilizações…e a BBC fez uma lista que mostra como a Terra está a reagir às alterações no clima.

  • O planeta está a ficar cada vez mais quente
  • 2018 foi um ano de recordes (esta semana, a Madeira bateu um recorde de 154 anos ao atingir 26,9 ºC)
  • Quem são os principais responsáveis: China e EUA são os países com maior taxa de emissão de gases poluentes.
  • Áreas urbanas sob ameaça… (sobretudo na Ásia e África)
  • E o Ártico também

Resta saber se isto ainda se aplica “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A-L de Lavoisier [n. 1743].

Desde que o Acordo de Paris foi assinado, em dezembro de 2015, começando a vigorar em novembro de 2016 o mundo assistindo a recordes de temperatura e desastres naturais extremos. Muitos causados pelo clima (como todos nos querem fazer crer e outros pela deliberada manipulação deste) Houve alguns pequenos avanços com 57 países a baixar as emissões de gases de efeito estufa para os níveis necessários para conter o aquecimento global e existem 51 iniciativas de “preços de carbono” em prática; cobrando aqueles que lançam dióxido de carbono por tonelada emitida. Das doações anuais de US$ 100 mil milhões por ano para combater a ação climática em países em desenvolvimento 70 foram conseguidos.

A presidência polaca do COP24 pretende adotar regras e ferramentas para todo o mundo em termos de emissões de gases com efeito de estufa, como os transportes, a energia, a construção ou a agricultura, equilibrando emissões e criando medidas para adaptar as economias às mudanças decorrentes das alterações climáticas. Mas foram discutidas centenas de outros temas, da indústria aos transportes, da água aos oceanos e zonas costeiras, da energia ao uso da terra, das finanças ao consumo responsável, da inovação ao desporto ou ao turismo. A COP24 acontece poucos meses depois de um grupo de peritos da ONU ter avisado que é urgente tomar medidas para impedir que o aquecimento global ultrapasse os 1,5 graus celsius em relação à época pré-industrial… mas estes cientistas não são os mesmos que nas décadas de 70 e 80 nos avisavam para a míni-era glacial que aí vinha?

Bem, voltando ao início desta crónica, já em 2009 se liam notícias de que apesar do seu ar inofensivo, vacas, búfalos ou camelos são das maiores ameaças para o ambiente. A produção de carne e as emissões de gases destes animais contribuíam 18% para o aumento do aquecimento global, ou seja, mais do que o setor dos transportes (13,5% (in https://www.dn.pt/ciencia/biosfera/interior/vacas-e-ovelhas-poluem-mais-do-que-os-carros-1262025.html) mas havia soluções experimentadas já nas vacas em Vermont, Estados Unidos, com a introdução de uma nova dieta. Em vez das habituais refeições de milho e soja, comiam alfafa, sementes de linhaça e trevos. Os dados recolhidos mostram que os níveis de metano enviados para a atmosfera desceram 18%, enquanto a produção de leite se mantinha. A nova dieta era responsável pela descida das emissões poluentes: os alimentos são mais fáceis de mastigar e digerir o que faz com que os animais engulam menos ar ao comer.

Estudos de 2018 afirmam que bois e vacas produzem muito metano, um gás que contribui com 23% do efeito estufa e é 21 vezes mais ativo que o gás carbónico na retenção dos raios solares que aquecem o globo! Mas depois fui ver melhor e li que se tratava de um sítio vegan: “A exploração animal atualmente é a maior causa de desflorestação, consumo de água, poluição, além de ser a responsável pela maior emissão de gases de estufa, levando à destruição da floresta tropical, extinção de espécies, perda de habitat, erosão do solo, zonas mortas nos oceanos, entre outros desastres ambientais, sem que se oponham à sua propagação”.

Segundo se divulgou no Fórum Económico Mundial realizado em São Paulo, Brasil, está disponível um suplemento alimentar inibidor da biogénese do metano produzido pelos bovinos, que uma vez ingerido na alimentação desses animais é capaz de reduzir em 1/3 a emissão desse gás. Deixar de comer carne para reduzir a emissão de GEE não é a solução. Isto até pode aumentar a concentração desses gases na atmosfera, visto que a ausência de bovinos reduz a produção do pasto, cujo desenvolvimento pode sequestrar mais carbono do que o emitido pelos ruminantes. Deixemos o boi comer o capim. A nossa responsabilidade deve concentrar-se na prática de uma agropecuária sustentável, para o que, além de recuperar pastagens degradadas, precisamos aumentar o plantio de florestas, integrar a produção agrícola com a pecuária, incrementar o plantio direto na palha, promover maior inoculação das sementes de soja para reduzir a necessidade da adubação nitrogenada via maior fixação biológica de nitrogénio e aumentar o tratamento dos dejetos dos animais. Uma pesquisa divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicou que, no período chuvoso, quando os bovinos são alimentados por rações de boa qualidade, a emissão de gás metano no meio ambiente é cerca de nove vezes menor do que no período seco, quando as pastagens são escassas. O resultado contrapõe pesquisas estrangeiras que apontavam a pecuária brasileira como poluidora ambiental.

Sem querer ofender cientistas, a maioria investiga o que os seus patrocinadores querem que investiguem, sem querer ofender os vegetarianos e outros, não li em muitas horas de pesquisas para alinhavar estes parágrafos uma só nota sobre o efeito que teria na vida do Homem o corte da carne de bovino. Sabe-se que todas as sociedades ao longo de milhares de anos foram carnívoras e a mudança dessa dieta traria problemas de saúde, de crescimento, de desenvolvimento humano que ninguém ousou elencar. Por isso, deixem de acreditar em tudo o que leem e Al Gore tem andado tem andado a dizer e reduzam as emissões sem extinguir a produção de carne…Simple, my dear Watson

Chrys Chrystello, Jornalista

[MEEA/AJA (Australian Journalists’ Association

Membro Honorário Vitalício nº 2977131, 1983-2018) carteira profissional AU3804]