Views: 0
Urbano Bettencourt
[PADECER DE DESIMPORTÂNCIA]
«No fundo, tornei-me igual a toda esta gente. Padeço de desimportância. É uma forma de se vegetar em paz.
(…) Esta sociedade, padecendo de desimportância, lisonjeia seja quem for que fale dela. Não aqui. No resto do mundo, percebes? E nada de visões críticas. Visões construtivas, é quanto exigem. Construtivo é, por exemplo, um artigo sobre a delícia da paisagem, os santos costumes do povo, festas, romarias e milagres. Quando acreditaram na tua dedicação à etnografia, julgaram-se propagandeados por esse mundo fora. Depois…»
«Memória da Terra», 2.ª ed. Companhia das Ilhas, 2018.