Descobertas mais gravuras rupestres no Vale do Côa | Diário de Trás-os-Montes

Nova rocha com gravuras rupestres foi descoberta no sítio da Penascosa e é considerada “uma surpresa”, para os especialistas, por ser gravada “num período mais recente da ‘Arte do Côa’”

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“UM DOS MAIS FABULOSOS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DO MUNDO”.

Descobertas mais gravuras rupestres no Vale do Côa

Lusa em Sex, 26/10/2018 – 10:25

Nova rocha com gravuras rupestres foi descoberta no sítio da Penascosa e é considerada “uma surpresa”, para os especialistas, por ser gravada “num período mais recente da ‘Arte do Côa’”

Uma equipa de arqueólogos colocou a descoberto uma nova rocha com gravuras rupestres, no sítio da Penascosa, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), revelou esta quinta-feira à agência Lusa, um dos investigadores envolvidos nas sondagens arqueológicas.

“Esta descoberta revela não só a riqueza da arte rupestre de um dos sítios mais visitados do Vale Côa, como confirma a importância da continuação de trabalhos arqueológicos, mesmo em locais que se julgam muito bem estudados ou conhecidos”, explicou o arqueólogo Thierry Aubry, um dos profissionais envolvidos na investigação.

Segundo o especialista na “Arte do Côa”, os motivos desta nova rocha apresentam um estilo que é, de facto, mais característico de fases mais recentes do Paleolítico Superior, com uma idade de 18 mil a 12 mil anos, do que os da maioria das rochas do sítio, com 25 mil a 28 mil anos.

“O sítio rupestre da Penascosa foi um dos primeiros a ser descoberto no Vale do Côa, decorria o ano de 1995. O objetivo destas sondagens foi encontrar vestígios contemporâneos das gravuras do Côa, e acabámos por encontrar uma gravura mais recente, o que demonstra o potencial arqueológico deste sítio”, observou o arqueólogo da Fundação Côa Parque.

A nova descoberta acaba, assim, por ser “uma surpresa”, para os especialistas, por ser uma rocha gravada “num período mais recente da ‘Arte do Côa'”.

“Este novo achado vem demonstrar a diversidade de um sítio mais clássico”, do parque arqueológico, “onde há gravuras com cerca de 30 mil anos de antiguidade”, indicou.

“Com este trabalho pretende-se atingir dois objetivos fundamentais. O primeiro é a identificação de vestígios contemporâneos da execução das gravuras deste núcleo. O segundo era verificar se existe alguma relação entre a altitude a que se encontram as gravuras no sítio, e a sua cronologia”, frisou Thierry Aubry.

Passados 20 anos sobre a classificação da “Arte do Côa” como Património Mundial, sondagens no Sítio da Penascosa, no âmbito do projeto “PaleoCôa”, colocaram a olho nu o novo achado, que carece ainda de interpretação e leitura por parte dos especialistas em arte rupestre.

“Temos de terminar as sondagens, que se vão prolongar por mais uns dias, para podermos encontrar o contexto arqueológico em que a nova descoberta está inserida, situada num período mais moderno, face ao que caracteriza o Parque Arqueológico do Vale do Côa”, enfatizou o arqueólogo.

A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, em finais do século XX, em toda a Europa.

Aquando da descoberta da “Arte do Côa”, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (de 25 mil a 30 mil anos atrás) e estar-se perante “um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo”.

Desde agosto de 1996, o Parque Arqueológico do Vale do Côa organiza visitas a vários núcleos de gravuras tais como Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos.