Views: 1
transcreve-se de diálogos lusófonos
«Poema de Fernando Pessoa:
ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR
António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular….
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
……
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu…
……
Coitadinho
do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho…
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.
Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.
s.d.
Da República (1910 – 1935) . Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão). Lisboa: Ática, 1979. – p. 349.
1ª publ. in Diário Popular , Lisboa, 30 Maio e 6 Junho 1974 . inc? CF. lello – fotoc»
![A imagem pode conter: uma ou mais pessoas](https://scontent.flis2-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/44185915_2319793904714802_2120456539792736256_o.jpg?_nc_cat=100&_nc_ht=scontent.flis2-1.fna&oh=a24c1903b16744b0cbdcf79c44451b4b&oe=5C43D041)
Enviado por: Margarida Castro <margaridadsc@yahoo.com>