150 anos do nascimento de Camilo Pessanha

Antonio Conceição Junior
47 mins ·
Cumpre-se hoje o sétimo e último dia das comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha.

Esta iniciativa de Carlos Morais José que escolheu para seu avatar o rosto do poeta, é deveras merecedora do aplauso de todos quantos participaram de qualquer maneira, como intervenientes ou espectadores. Conheço o Carlos Morais José desde que chegou a Macau, e desde cedo reconheci nele, então um jovem, um homem inteligentissimo, muito culto que, com o Luís Sá Cunha – outro tesouro da cultura de Macau – lançaram a Revista de Cultura do então Instituto Cultural de Macau. Tive o prazer e o privilégio de colaborar com ele em alguns projectos entre os quais a primeira instalação em Macau, chamada Metamorfoses do Vazio, aquando do encontro Internacional da AICA (Associação Internacional dos Críticos de Arte). Nesse tempo e ainda mais tarde, as manifestações culturais eram suportadas pela Administração que, mesmo com insuficiências, não se coibia de pagar grandes manifestações sem o orçamento dos dias de hoje, deixando a quem sabia, fazer o que lhe competia. Recordo por exemplo a enorme exposição na Fundação Calouste Gulbenkian em 1980, chamada Macau 400 Anos de Oriente. Recordo uma década depois a inauguração da Missão de Macau em Lisboa e os seus inúmeros eventos, ou a participação de Macau na Europália, em Bruxelas. Recordo também que as grandes intervenções nos tempos mais recentes têm sido A Rota das Letras e, agora, estas comemorações levadas a cabo com muitas mais limitações orçamentais, mas com mais apoio de instituições e associa-
ções de cariz lusófono, que o director do Hoje Macau quis envolver, não chamando a si os louros. Seria a iniciativas como esta e a Rota das Letras que o oficial e o oficioso deveriam apoiar incondicionalmente por inteiro, porque os actos de cultura pertencem a quem os sabe realizar, não a quem julga que pode realizá-los (ainda não se viu nada). É que a cultura não é um protocolo nem uma deferência, não se inclina em vénias nem em rituais. A cultura é uma simplicidade intrincada que para os ignaros e basbaques se apresenta como uma transcendência.
Parabéns também a todas as instituições que de boa vontade participaram neste evento.