porco. o turismo e o lixo no Porto 

Por estes dias, dei por mim a olhar para as ruas do Porto e a sentir-me cidadã do Mundo. Passeios e esplanadas cheias, o átrio da Estação de São Bento brilhante de flashes, rostos de todas as cores e feitios a olharem para o edificado que, em cada dia, muda de face. O Porto mudou. Ponto. Tem línguas e linguajares que nos transportam para outras cidades, num colorido cultural que significa que ganhamos um lugar na Terra de todos. Ponto. O turismo é uma bênção quando se olha para ele como algo que melhora a economia, a vida das pessoas, a qualidade de um país. E o Porto está a fazer muito pelo país como lugar de procura de gente que, muito à custa dos voos low-cost, se deixa vir para conhecer esta “cascata são-joanina” com “ruelas e calçadas”, tal como a imortalizou o Rui Veloso. Ponto. Não terei de certeza saudades do Porto que, mal anoitecia, nos obrigava a fechar dentro de casas, porque não se via gente, quanto mais almas. Nem das alturas que saía tarde, rumo a casa, e esperava que o semáforo virasse para me sentir segura. Mas há sempre um senão quando a bela vai formosa. Falarei apenas de um: da recolha de lixo. Numa altura em que as pessoas não param de chegar, os serviços públicos têm de dar resposta e não sujar a imagem de uma cidade amada por estrangeiros. Uma resposta constante. Para que os rostos não se baixem para o chão e para que o Porto não seja porco. Ponto.

Fonte: #porco.