Malaca: Um cantinho tão português na Malásia – Weekend – Jornal de Negócios

Sem arranha-céus, poluição ou trânsito caótico, Malaca é para desfrutar. E é difícil não se encantar por uma cidade com tanta influência lusitana. 130 anos de ocupação chegaram para se construir um bairro… português. Que ainda existe.

Fonte: Malaca: Um cantinho tão português na Malásia – Weekend – Jornal de Negócios

Malaca: Um cantinho tão português na Malásia

Sem arranha-céus, poluição ou trânsito caótico, Malaca é para desfrutar. E é difícil não se encantar por uma cidade com tanta influência lusitana. 130 anos de ocupação chegaram para se construir um bairro… português. Que ainda existe.

Malaca: Um cantinho tão português na Malásia
Vanda Cipriano11 de junho de 2017 às 10:00
Não são muitas as cidades onde ainda é possível sentir tanta influência da era dos descobrimentos e da colonização portuguesa como em Malaca. E nem é preciso estar no pitoresco bairro português, situado a uns bons minutos de carro do centro. Mas já lá vamos.

Comecemos pelo centro de Malaca, onde predomina a forte influência holandesa – que ocupou a região 130 anos depois de os portugueses ali terem chegado – e que contrasta com tudo o que pode ter visto se fez a viagem desde Kuala Lumpur ou Singapura, cidades facilmente alcançáveis por terra. Malaca é imperdível. Sem arranha-céus, com um rio que pode ser contemplado através de um café numa das várias esplanadas existentes e uma arquitectura colonial, a cidade é património da UNESCO e é preservada como tal.

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País maioritariamente muçulmano, a Malásia abre espaço a outras religiões. As igrejas católicas em Malaca são sinónimo disso mesmo, sendo a de São Francisco Xavier uma das mais visitadas: foi construída no século XIX a partir das ruínas de uma igreja portuguesa.

Mas é no centro, na conhecida praça holandesa, que muito acontece. E é ali que está atracada a “flor do mar”, que não é mais do que a réplica de uma caravela portuguesa e onde é possível visitar o museu marítimo de Malaca. A embarcação original foi construída em Lisboa em 1502 e, depois de algumas viagens e conquistas, sobretudo até à Índia, a caravela acabou por naufragar em sítio desconhecido – já em 2014 – e segundo relatos da zona, alguns “drones” subaquáticos terão avistado a embarcação no mar de Java, na Indonésia.

Sem grandes sinais de poluição ou de trânsito caótico, tão próprio das grandes capitais da Ásia, Malaca pede uma visita com tempo. O centro está recheado de monumentos, de História, cultura e é a zona mais movimentada da cidade. É ali que se situa a badalada “Jonker street”, onde existem restaurantes, lojas, cafés e tudo mais o que lhe possa interessar. À noite, porém, é uma zona tranquila, excepção feita aos fins-de-semana onde, a partir das 18 horas, é possível deambular, comprar e comer no mercado nocturno de Malaca. Mesmo os mais cépticos não vão arrepender-se de passear por ali, podendo aproveitar para regressar ao hotel num “rickshaw”, uma espécie de tuk-tuk, mas muito colorido, com muitas luzes e música no volume máximo. Tudo em escala exagerada para dar nas vistas.

Antes de se deslocar para o bairro português, perca-se na zona marítima, onde existem ruínas que fazem parte de todos os roteiros da cidade. A Igreja de São Paulo, no topo de uma colina com uma vista fantástica para o mar, é um bom exemplo disso, tal como a Porta de Santiago, ou “a famosa”, um forte construído em 1511. Mesmo com a ocupação holandesa, e depois inglesa, manteve o nome lusitano.

Avancemos, então, para uma zona estratégica do Estreito de Malaca, onde fica situado o bairro português, que se conserva até aos dias de hoje, apesar de infelizmente ter poucas ligações actuais ao nosso país. Há por lá, como é o caso do Sr. João, quem fale o crioulo português e cante o hino com sentimento. Um café aqui, uma escola ali e as paredes do hotel Lisboa conservam a ligação do bairro a Portugal que está em festa este mês. Os Santos Populares, sobretudo São João e São Pedro, marcam anualmente a época alta daquela zona e até de Malaca, que se enche de locais e de turistas.

Como ir

Malaca fica estrategicamente situada entre Singapura (3h20 de viagem) ou Kuala Lumpur, capital da Malásia, alcançada depois de duas horas de estrada. Pode chegar até esta encantadora cidade de carro alugado ou de autocarros, que, por estes lados, são confortáveis e pontuais.

Onde ficar

Em Malaca tem várias opções, dependendo da zona onde se hospedar. Na zona da “Jonker street” fica perto de tudo, mas o alojamento é num estilo mais acessível e com menos luxo. Se procura maior conforto, pode encontrar as grandes cadeias internacionais a 10 minutos a pé do centro.

Dinheiro e outras informações

O ringgit malaio é a moeda da Malásia. 1 € – 4,77 MYR. Estando num país muçulmano, e apesar da boa comunidade de cristãos existentes em Malaca, seja recatado no que à roupa diz respeito e aproveite o facto de a cidade ser, regra geral, plana para passear. Vai valer a pena.