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Tomás Quental
59 mins ·
Calheta: Câmara Municipal só pode “fazer pressão”
O presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, dr. José Manuel Bolieiro, declarou ao Correio dos Açores que o papel da autarquia é “continuar a fazer pressão” para que o problema da Calheta de Pêro de Teive seja resolvido. É surpreendente!
Num processo que se arrasta há quase dez anos, com umas galerias comerciais erguidas e nunca concluídas, é óbvio que as licenças seja para o que for estão todas caducadas. E eu pensava que quando as licenças estão há muito caducadas, e não são solicitadas novas licenças, que as Câmaras Municipais, no uso das suas competências, aplicavam multas ou tinham uma intervenção directa de exigência para solucionar a questão. Afinal, pelo menos neste caso, a Câmara Municipal limita-se a “fazer pressão”. É estranho!
É precisamente por só “fazer pressão” que tudo indica que o dr. José Manuel Bolieiro se prepara para concluir o seu mandato de presidente da maior autarquia concelhia açoriana deixando na mesma aquele “monte” de betão e ferro, com muito lixo, ervas e ratos à mistura, quase no centro da cidade de Ponta Delgada.
José Manuel Bolieiro também diz que está “insatisfeito” com a situação, mas não passa disto, a concluir pela sua posição.
Recordo que Bolieiro na campanha das últimas eleições autárquicas prometeu ao Movimento “Queremos a Calheta de Volta” que ia dar a “volta” ao assunto e resolver o problema da Calheta. Depois de eleito veio dizer que ia constituir um grupo de trabalho para analisar os contornos jurídicos deste processo e que apresentaria queixa a instâncias da União Europeia, mas não concretizou essas promessas. Mais recentemente garantiu que até ao fim do seu mandato o problema da Calheta ficaria solucionado, mas tenho muitas dúvidas disso.
Claro que o dr. José Manuel Bolieiro não é o único responsável por esta situação, que, de resto, herdou na Câmara Municipal. Ainda há uns meses o Governo Regional e o concessionário dos terrenos da Calheta acordaram na demolição das galerias para fazer um jardim, como estava inicialmente previsto, mas até agora não entrou qualquer projecto na autarquia para apreciação, segundo referiu o autarca, que perante todo este impasse, para não dizer desleixo, diz que “continua a fazer pressão”.
Tenho, sinceramente, o dr. José Manuel Bolieiro na conta de um político sério, mas estranho a sua passividade neste processo. Um dia ele talvez possa explicar quem fez “pressão”, para usar a sua expressão, para estar quieto quanto à questão da Calheta.
De “pressão em “pressão” mas sem solução, penso que o dr. José Manuel Bolieiro perdeu, assim, muito do enorme capital político que possuía, precisamente por não ter agido com exigência e eficácia na questão da Calheta, em incoerência com aquilo que prometeu.