O MUNDO CARTOGRAFADO PELOS PORTUGUESES

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Nova Portugalidade
14 hrs ·
O MUNDO CARTOGRAFADO PELOS PORTUGUESES
Mapas arrumados no esquecimento
Os portugueses foram grandes desenhadores de mapas. E com isso mudaram a percepção do mundo. Como escrevia D. João de Castro na sua obra «Da Geografia por modo de Diálogo», datada de 1535: «…achada a maneira de pôr cada uma destas terras e mares deste mundo em seu certíssimo lugar ficaram muito fáceis todas as navegações antigas, descobriram-se muitos mares e terras de novo, facilitaram-se todos os comércios, descobriu-se outro mundo novo, e ficou agora tão fácil dar uma volta a todo o mundo, como era antigamente navegar de Itália para África e finalmente, com muita facilidade agora se comunica com todo o mundo e se navega…».
Garcia da Horta no «Colóquio dos Simples e das Drogas», redigido em Goa em 1563, vai mais longe: «…se sabe mais em um dia agora pelos portugueses do que se sabia em cem anos pelos romanos…»
Infelizmente, hoje em dia, dos mapas que esmiuçamos quase nenhum se encontra em nossa posse. A muitos deles alteraram-lhes os nomes, “desaportuguesando-os”, aliás, à semelhança do que se tem feito com muitas das nossas personagens históricas. Outros, foram-nos roubados e repousam agora em museus da Europa e da América. Outros ainda enriquecem colecções particulares. E quem diz mapas, diz cartas náuticas, ilustrações, fac-smiles de primeiras obras, etc..
«Em Busca da Atlântida», um documentário televisivo recentemente produzido, menciona frequentemente a Espanha. Apresenta-a como a pátria dos grandes exploradores do século XVI e XVII. Sobre Portugal, nem uma única referência. «Em Busca da Atlântida» fala de Platão, de quem se diz ter ouvido dos mais velhos, entre os quais Sócrates, estórias da mítica ilha de Antioha (de onde resultou o nome Antilhas) e do seu desaparecimento. Transcreve declarações de vários historiadores sobre o assunto. Fala do antigo conceito de mundo fechado, pré e pós ptolemaico. De mapas e de comércio. Refere, inclusive, que esses mapas eram objecto apetecido dos ladrões, já que se tratavam dos verdadeiros documentos secretos da época. Contudo, nem uma palavra em memória dos cartógrafos lusos, que têm suficiente razão de queixa pelos danos causados.
Muito do que produzimos nessa época está hoje na posse de outrem. O que até, à primeira vista, poderia ser considerado como um trunfo, caso essas cartas náuticas, mapas-mundis, quadros e peças de arte que nos foram subtraídas servissem, de facto, para divulgar a nossa real dimensão na história da humanidade. Tal não acontece, lamentavelmente. Assim, o verdadeiro papel dos portugueses permanece segredo de uns quantos historiadores, muitos deles estrangeiros, sem dúvida bem mais entusiastas pelo estudo da nossa história do que muitos portugueses de direito.
Joaquim Magalhães de Castro
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