Algumas marcas de Galiza nos Açores e Brasil

Algumas marcas de Galiza nos Açores e Brasil

 

 

Desde 1475 o arquipélago dos Açores recebeu povoadores vindos inicialmente de Portugal Continental que trouxeram consigo alguns escravos de África e depois, em menor quantidade, de Flandres, Galiza, Inglaterra, França e Estados Unidos.

 

Naquela época em Castela ocorria uma disputa para a sucessão do trono entre D. Joana (a Beltraneja) e Isabel, irmã do rei Henrique IV de Castela. D. Joana, filha de Joana de Portugal e talvez do rei, era considerada ilegítima pelos nobres espanhóis, uma vez que Henrique IV era considerado impotente. Mas Portugal e Galiza apoiavam-na. Os partidários de Joana, perseguidos, abrigaram-se em Portugal. Quando a paz foi restabelecida esses refugiados tornaram-se incômodos ao reino português, que não sabendo o que fazer deles, resolveu encaminhá-los para as ilhas atlânticas recentemente descobertas e que precisavam ser povoadas.

 

Nas ilhas açorianas do Faial e Pico instalaram-se as famílias galegas ABARCA, ANDRADE, GARCIA, ORTIZ, PORRAS, LEDESMA, TROJILLO. Quando apareceram as dificuldades de sobrevivência, trazidas pelos desastres naturais que acometiam o arquipélago de tempos em tempos, a emigração para o Brasil surgiu como a solução. E assim muitos dessas famílias se transferiram para o Brasil à procura de uma nova vida. Dizem que João Garcia Pereira deu origem aos “Garcia” faialenses e João Luís Garcia aos picoenses.

 

A partir do século XVIII, consideráveis e repetidas levas de açorianos chegaram ao sul e sudeste do Brasil. Alguns se deslocaram para as regiões auríferas e de criação de gado, onde havia mais oportunidades de ganhar terras e riquezas. Destes oriundos dos Açores, de raízes galegas, a história relata um tal de Antônio Garcia Rosa, que emigrou para o Brasil em 1741 e que juntou forte cabedal em Minas Gerais, como vigário (Paróquia de Nossa Senhora da Glória). Voltou para os Açores rico. É conhecido também um imigrante João Garcia que chegou ao Rio de Janeiro em 1773, parece que se tornou fazendeiro. Outro faialense de nascimento foi Diogo Garcia. Este casou em terras brasileiras com uma das três irmãs, que de lá também vieram em 1723 e que eram conhecidas como as três ilhoas (Antónia da Graça, Júlia Maria da Caridade, Helena Maria de Jesus). Eram as três filhas de Manuel Gonçalves Correa e de Maria Nunes.

 

Antônia da Graça veio já casada com Manuel Gonçalves da Fonseca e com duas filhas Catarina e Maria Tereza.

 

Júlia Maria da Caridade casou-se em São João del Rei com o conterrâneo Diogo Garcia.

Helena Maria de Jesus casou com o também açoriano, natural de Santa Maria, João Rezende da Costa.

 

Essas três irmãs tiveram muitos filhos e deixaram larga descendência que se espalhou por Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná e Mato Grosso, dando origem a grande parte das famílias tradicionais desses estados brasileiros.

 

Ref. Bibliográfica

FAMILIAS FAIALENSES (Marcelino Lima)

As três Ilhoas ( pesquisa dos genealogistas Marta Amato e José Guimarães)

Maria Eduarda Fagundes

Uberaba, 10/11/07