Há 1 ano a minha mulher veio a casa uma última vez

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fotos 2014 março quinta de crestelo, seia

internada de 21.12.2023 a 26.1.2024., no HDES PDL, faz hoje um ano que a minha Nini veio a casa pela última vez (e nós não o sabíamos nem suspeitávamos!) julgando-a capaz de muitas mais cavalgadas nesta vida…

 

dia 15 chegou finalmente a casa, vinda do Hospital só pelas 22.30 (desde as 15.00 que esperava o transporte de ambulância de Bombeiros). Conheceu a cuidadora Magda (cujo filho fora aluno dela) e esteve entretida a falar com ela, apesar de muito cansada pela espera da ambulância, trocando impressões sobre como seriam os próximos tempos, o tipo de apoio a prestar, que cuidados seriam mais necessários na sua presença (de manhã, almoço e ao fim da tarde) e nas suas ausências.

Depois conseguiu dormir até pelas 03.20, mas começou a piorar sem que a medicação surtisse efeito. A crise era tanto real quanto psicológica, com a respiração sempre a piorar. Momentos de pânico para mim. Chamei a filha, a dormir no andar de cima, na falsa, (a cadela Leoa não saiu da cama dela, onde estava aos seus pés) para vir ajudar.

Deu-se o máximo de oxigénio da bala (o portátil era insuficiente) e morfina, mas sem resultado nem melhoria visível, cada vez mais agitada e com dificuldades em respirar mas conseguia comunicar.

Pelas 10.00 da manhã, após horas de aflição, medo e inquietação pela gravidade de nova crise, a viatura de emergência médica levou-a de novo para o Hospital, dizendo que devíamos tê-los chamado mais cedo, mas ela não queria nem deixava, na esperança de estabilizar a respiração e os níveis de saturação do oxigénio.

Saiu em grave crise, na companhia da filha Bebé, pedindo aos enfermeiros que a não deixassem cair, cheia de medo pelo transporte de regresso ao HDES. Pelas 15.30 a médica disse que estava mais calma, estabilizada, aguardava na urgência a ida para Pneumologia onde iremos vê-la no horário de visitas 18.00-20.00. Deu lá entrada apenas pelas 19.00 estabilizada, muito debilitada.

Ninguém imagina como a crise desta madrugada a colocou num patamar perigoso, está muito pior do que quando a internei em 22 de dezº… Começa a aceitar a ideia, depois da noite de terror de ontem, que não é possível viver em casa, sem assistência médica e de enfermagem. Admitiu que a cuidadora seria sempre insuficiente no estado atual de saúde, com uma tão grande degenerescência, e tão rápida.

O sofrimento dela é enorme sem conseguir respirar e o nosso é paralisante, é indescritível, pois estamos em volta dela totalmente impotentes. Obrigado pelas vossas mensagens de apoio, estamos capacitados dos dias que se seguem, quantos mais? Ninguém sabe, mas que não sofra mais. Esta noite entre as 03.15 e as 10.00 quando a ambulância a levou chegamos a temer o pior, ela ainda tem esperança de que vai superar a crise, recuperar forças e regressar.

Por tudo isto concentremo-nos agora em proporcionar-lhe estes tempos de vida com a menor dor e maior conforto que a doença permita, permitindo curtíssimas visitas de amigos e colegas a partir da próxima semana, em moldes que se irão definir consoante a sua adaptação a esta mudança…obrigado a todos pelas vossas mensagens e apoio.

 

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