crónica de Jose Soares

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Peixe do meu quintal José Soares

 

P’rá Europa, já e em força

 

Todo o progresso que tem acontecido nos Açores e na Madeira neste último quarto de século, deve-se ao facto de fazermos parte do corpo da nova Europa, a maior união geográfica da História conseguida pacificamente. O grande sonho milenário, que muitos tentaram através das armas e nunca foi conseguido.

Os Açores marcam presença na ultraperiferia europeia, como uma das regiões estrategicamente mais importantes do corpo europeu. Seja essa estratégia mercantil, bélica ou mineral. Hoje, a palavra “Açores” faz parte do vocabulário de qualquer político em Bruxelas ou Estrasburgo.

Mas a nossa crescente importância não pode nem deve ser menosprezada por nós, insulares, no próximo dia 9 de junho.

Todos estamos de acordo de que neste último quarto de século, as sociedades insulares da Madeira e dos Açores, tiveram mais progresso em todas as áreas, do que nos quinhentos anos de abandono a que fomos sujeitos pelos governos de Lisboa.

E o facto mais palpável que faz prova disso mesmo, são os receios dos multipartidários governos em São Bento, que quando se aproximam as eleições, as listas que estes partidos fabricam, relegam sempre para lugares controlados pidêscamente os candidatos insulares. São colocados nas listas, ou dificilmente elegíveis, ou mesmo até fora do alcance da oportunidade eleitoral. Tem havido sempre uma situação, no mínimo, duvidosa. Há muito que se justificava que os Açores e a Madeira fossem mais representados com, pelo menos, dois deputados cada em lugares elegíveis, terceiro e quarto lugares, para assim assegurar uma maior representatividade insular em Bruxelas. A importância estratégica das ultraperiferias europeias assim o exige.

Cabe aos partidos políticos em Lisboa, assumir essa responsabilidade de fazer representar o país e, de forma particular, as Autonomias Político-Administrativas que, tratando-se de insularidades com todas as suas especificidades próprias, carecem de voz num parlamento de 705 eurodeputados.

O Parlamento Europeu representa o segundo maior eleitorado numa democracia (depois do Parlamento da Índia) e o maior eleitorado democrático transnacional do mundo, com cerca de 400 milhões de eleitores aptos em 2019.

O alargamento da Europa aos países da antiga União Soviética, tem levantado receios pelas interferências em eleições nacionais desses países pela Rússia, através das avançadas tecnologias de ponta, como a Inteligência Artificial por exemplo, como foi alegadamente o caso do presidente da República da Eslováquia. E sobre o atentado que o primeiro-ministro deste país sofreu um destes dias, especulam-se teorias moscovitas por detrás.

As democracias ocidentais são um inimigo a abater pela ditadura de Putin, que não olha a meios para expandir e assim recuperar muitos dos países ex-satélites soviéticos. O ditador tudo fará para a corrosão das democracias europeias, servindo-se, entre outras coisas, da própria desunião existente na EU em diversas áreas. Evitar o crescimento da influência europeia, a sua força económica e, sobretudo a sua força política – se unida – é a maior ambição hitleriana de Putin.

Esta é a nona eleição europeia para Portugal. A sua representatividade continua a falsificar a realidade geográfica portuguesa, menosprezando as duas Regiões Autónomas, ao negar-lhes a importância que realmente as distingue. Da lista portuguesa com os 21 deputados (2019-2024), não consta um único açoriano nem madeirense. O único açoriano eleito em 2019, faleceu precocemente pouco depois.

Malta é o país mais pequeno da União Europeia, com apenas 315 quilómetros quadrados (três vezes o tamanho da cidade de Lisboa) e 450 mil habitantes, elegendo seis eurodeputados. Destes, dois são do sexo feminino. Dois são eleitos pelo Partido Nacionalista e os outros quatro são do Partido Trabalhista. A maltesa Roberta Metsola é a presidente do Parlamento Europeu, que reúne 705 deputados que representam os quase 450 milhões de habitantes dos 27 países membros. Tanto os Açores, como a Madeira, podem ser países membros da EU. De certeza que teriam mais voz em Bruxelas, do que na presente situação de submissão sujeita por São Bento.