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Ontem, 19 de Janeiro, a RTP-Açores difundiu uma peça no seu telejornal, afirmando que: – “a Rocket Factory Portugal desistiu, para já, de se instalar nos Açores, porque o Porto Espacial de Santa Maria não avança”.
Para além de considerar ser uma peça jornalística lamentavelmente tendenciosa e pouco informada, importa esclarecer alguns pontos referentes ao desenvolvimento das actividades espaciais na RAA e sobre a criação de condições para a atração de empresas deste sector para Santa Maria.
Desde a conclusão do Diálogo Concorrencial – Abril de 2021 – e consequente decisão judicial que deu razão ao júri do concurso que decidiu pela exclusão de todos os concorrentes (nomeadamente da RFA Azores), é do entendimento das entidades públicas que acompanham e promovem o desenvolvimento do setor espacial que, o modelo de concurso, não sendo atrativo para este tipo de projetos, necessita de ser pensado em contornos semelhantes aos de licenciamento industrial. É esta uma das formas que os países têm de serem competitivos, para atraírem atividades tecnológicas, além dos incentivos financeiros, como foi tornado público pelo Subsecretário Regional da Presidência e pelo Presidente da Agência Espacial Portuguesa.
Deste modo, a peça difundida tenta criar uma narrativa de perda de atratividade da Região, potenciada pelas declarações de um representante da empresa que, ainda assim, frisou: – “nós acreditamos e queremos Santa Maria”.
Esta afirmação peca, desde logo, pela incapacidade de indicar que, Portugal, através dos mecanismos existentes, já apoiou as atividades da empresa com valores muito significativos. Isso é visível quer pelo apoio da Agência Espacial Portuguesa à RFA no Programa Boost! da Agência Espacial Europeia, quer pelo contrato de parceria assinado pela RFA e o CEiiA para o desenvolvimento de componentes, com o apoio da AICEP, que irá culminar num montante de investimento superior aos 9 milhões de euros e que, fixou a RFA Portugal em Matosinhos, já depois da criação da RFA Azores.
Relativamente ao Porto Espacial de Santa Maria e aos desenvolvimentos que, futuramente, poderão ganhar forma, verifica-se que, desde 2016, quando se começou a abordar o assunto, ainda nenhum operador de lançadores europeu conseguiu, até à presente data (!), colocar um veículo em órbita.
Assim, no que diz respeito à vertente tecnológica, Santa Maria ainda não perdeu a oportunidade. No que concerne às vertentes institucional e empresarial, também não.
Posto isto, a Região, os açorianos e os Marienses continuarão interessados nestes operadores. Até lá (e porque um ecossistema espacial tem muitas componentes), em 2024 continuar-se-á a expandir o Teleporto de Santa Maria, o desenvolvimento do Centro Tecnológico Espacial de Santa Maria e, num processo mais avançado, os voos suborbitais.
https://www.facebook.com/PedroGilRoque/videos/255011897615775
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Nelson Rodrigues
Ainda não… mas pelo andar da carruagem, vai perder a oportunidade e de certeza absoluta que irá ser lançado veículos em órbita em vários locais primeiro. Então um projecto de quase 7 anos, que iria ser o primeiro em tudo, está a ser ultrapassado por …
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Pedro Roque
Nelson Rodrigues, não só não está “a ser ultrapassado por tudo”, muito menos “por todos”. Esta peça jornalística é, lamentavelmente, enviesada e distorce a realidade. Por enquanto, ainda não há operadores a lançar.
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Nelson Rodrigues
Pedro Roque não vejo qualquer enviesamento, vejo alguém interessado em lançar foguetões, e como em Santa Maria o projecto está parado, decidiu ir lançar para um outro lugar que lhe abriu as portas, e que pelos vistos será efectuado já em Agosto. E que …
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Pedro Roque
Nelson Rodrigues, o projecto não está parado. A peça jornalística adultera a realidade actual. O simples facto de o jornalista fazer referência a “novos concursos” diz muito sobre a sua falta de conhecimento sobre este tema. Recentemente a lei do espaç…
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Esta análise do Pedro Roque que é, sem dúvida, uma das pessoas que tem acompanhado, desde sempre, a evolução deste processo, com elevada competência na matéria, sempre muito “atento e esclarecido” dando ótimos contributos e esclarecimentos, como é ocaso vertente e sempre numa vertente técnica e nunca de índole politico partidária!…