Tomás Quental · Eleições nos Açores: aguente-se, se conseguir…

O PSD-Açores nunca por nunca devia ter feito uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP e com o PPM. Na minha modesta análise, é um erro político tremendo.

Uma coligação dessas deveria ser feita após as eleições legislativas regionais antecipadas, que decorrerão a 4 de Fevereiro próximo.

Nas últimas eleições as três forças políticas concorreram em separado e só depois constituíram uma “geringonça”. O PS foi a força política mais votada, mas o PSD, que é sem dúvida um grande partido nos Açores, resolveu chamar o CDS-PP e o PPM, muito minoritários, para um “arranjinho” político parlamentar e governamental, a que juntaram ainda uns acordos de incidência parlamentar com a Iniciativa Liberal e com o Chega, conseguindo, assim, uma maioria na Assembleia Legislativa Regional. Uma maioria, sim, mas instável, que não logrou chegar ao fim da legislatura de quatro anos. Acabou conduzindo à demissão do Governo Regional e à convocação de eleições legislativas regionais.

O PSD responsabiliza quem não deve responsabilizar por essa situação. O problema ou os problemas estiveram sempre mais dentro do âmbito desse malogrado “arranjinho”. Houve de tudo: partidos minoritários que se acharam “importantes” lançando-se num protagonismo que não lhes cabia, um secretário da Saúde que se demitiu queixando-se muito de interferências abusivas de outros membros do executivo no domínio da sua tutela, um secretário das Finanças que foi substituído para depois escrever nos jornais dizendo muito mal do Governo Regional e o presidente do executivo revelou várias vezes falta de autoridade para colocar ordem na “casa”. Além de outras situações, como secretários regionais claramente incompetentes.

Se a coligação entre o PSD, o CDS-PP e o PPM vencer as eleições, os minoritários CDS-PP e PPM vão reivindicar “louros” e alegar que a vitória só foi possível com eles ou devido a eles. Se, pelo contrário, a coligação sair derrotada, o CDS-PP e o PPM vão sacudir responsabilidades e dizer que atuaram bem, empurrando o PSD para a “fogueira” política.

É preciso dizer, também, que se a coligação regressar ao poder, o CDS-PP e o PPM, julgando-se mais fortalecidos, vão, obviamente, querer mais poder e mais protagonismo no Governo Regional.

De uma maneira ou de outra, com vitória ou derrota, eu não desejaria estar no lugar do líder do PSD-Açores e ainda presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro…Aguente-se, se conseguir…

Oportunamente, darei também a minha opinião, que vale o que vale, sobre a situação do PS-Açores, que também não é muito famosa…