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EDITORIAL
O efeito da humidade
Meados de agosto, Açores. Turistas a rodos, por onde quer que caminhemos. Restaurantes cheios, empregados extenuados e mal pagos. Praias sem espaço para estacionar e transportes públicos insuficientes. Preços que esmifram a carteira açoriana, mas que em nada perturbam quem nos visita vindo de outras paragens salarialmente mais abonadas.
Um passeio pela ilha mostra casas à venda, lotes de terreno a preços de “vistos gold”; um negócio que parece correr bem. Nos cafés, quando o assunto é o imobiliário, a conversa resvala para o “há muito dinheiro escondido por aí” ou “esses estrangeiros compram tudo”, um tom que fica cada vez mais carregado à medida que as imperiais vão sendo vertidas para acalmar a sede e refrescar a alma de tanta humidade. A carestia de vida, o Santa Clara — agora na segunda Liga — e a eterna rivalidade verde-vermelha-azul alimentam o resto das conversas. E a maldita humidade.
Numa região em que tantos estudos se fazem sobre tudo ou quase, seria interessante que, por exemplo, a Universidade dos Açores estudasse o efeito da humidade na atividade política. Quem trabalha sabe o quanto custa suportar humidades de quase 100 por cento. Certamente que a classe política não será imune ao efeito excessivo de “água no ar”. Talvez por isso, tantas vezes metam água – compreende-se. Afinal, eles e elas também são gente de carne e osso (na realidade, somos cerca de 70% água).
Esse hipotético estudo da Universidade dos Açores – que renderia uns trocos à depauperada conta bancária da academia – poderia fazer luz sobre um dos últimos grandes mistérios da humanidade: a atividade política em cenários de extrema humidade do ar. O impacto desse estudo, as conclusões e recomendações daí resultantes, poderia mudar de forma radical a arte de fazer política nos Açores. Ou talvez não.
Enquanto isso, os nossos políticos deveriam aproveitar muito bem estes dias de lazer para fazer praia, ler, viajar um pouco – ou talvez muito, porque viajar por esse mundo fora é uma das melhores formas de combater o bolor das células cinzentas e trazer novas e boas ideias. Por exemplo, não é necessário um PEMTA, nem um hexa ou um hepta, nem mesmo um dodecaedro rômbico, para afixar horários em todas as estações e apeadeiros destas ilhas, providenciar transportes públicos mais eficientes. Não é preciso um PEMTA para melhorar a sinalização das localidades, pontos de interesse turístico e de como lá chegar.
Mas lá está, a humidade é tramada e tolda-nos o raciocínio quando acima dos 80 por cento. Que é quase sempre!
Um passeio pela ilha mostra casas à venda, lotes de terreno a preços de “vistos gold”; um negócio que parece correr bem. Nos cafés, quando o assunto é o imobiliário, a conversa resvala para o “há muito dinheiro escondido por aí” ou “esses estrangeiros compram tudo”, um tom que fica cada vez mais carregado à medida que as imperiais vão sendo vertidas para acalmar a sede e refrescar a alma de tanta humidade. A carestia de vida, o Santa Clara — agora na segunda Liga — e a eterna rivalidade verde-vermelha-azul alimentam o resto das conversas. E a maldita humidade.
Numa região em que tantos estudos se fazem sobre tudo ou quase, seria interessante que, por exemplo, a Universidade dos Açores estudasse o efeito da humidade na atividade política. Quem trabalha sabe o quanto custa suportar humidades de quase 100 por cento. Certamente que a classe política não será imune ao efeito excessivo de “água no ar”. Talvez por isso, tantas vezes metam água – compreende-se. Afinal, eles e elas também são gente de carne e osso (na realidade, somos cerca de 70% água).
Esse hipotético estudo da Universidade dos Açores – que renderia uns trocos à depauperada conta bancária da academia – poderia fazer luz sobre um dos últimos grandes mistérios da humanidade: a atividade política em cenários de extrema humidade do ar. O impacto desse estudo, as conclusões e recomendações daí resultantes, poderia mudar de forma radical a arte de fazer política nos Açores. Ou talvez não.
Enquanto isso, os nossos políticos deveriam aproveitar muito bem estes dias de lazer para fazer praia, ler, viajar um pouco – ou talvez muito, porque viajar por esse mundo fora é uma das melhores formas de combater o bolor das células cinzentas e trazer novas e boas ideias. Por exemplo, não é necessário um PEMTA, nem um hexa ou um hepta, nem mesmo um dodecaedro rômbico, para afixar horários em todas as estações e apeadeiros destas ilhas, providenciar transportes públicos mais eficientes. Não é preciso um PEMTA para melhorar a sinalização das localidades, pontos de interesse turístico e de como lá chegar.
Mas lá está, a humidade é tramada e tolda-nos o raciocínio quando acima dos 80 por cento. Que é quase sempre!
- Paulo Simões
in, Açoriano Oriental, 20 de Agosto / 2023
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