CALHETA PÊRO DE TEIVE

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Partilhado. Texto de Tomás Quental
Concessionário deve ser afastado e a Calheta devolvida à população
Vai realizar-se amanhã, dia 20 de Julho, uma reunião extraordinária da Assembleia de Freguesia de São Pedro de Ponta Delgada, a que se associa a Junta de Freguesia, com o objectivo de contestar o adiamento – mais um! – da chamada requalificação do espaço público conquistado ao mar na Calheta de Pêro de Teive.
O presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada disse que estaria presente e que prestaria todos os esclarecimentos solicitados no quadro das competências que cabem ao município.
Os argumentos apresentados pelo presidente da Assembleia de Freguesia, embora bem intencionados, são limitados e insuficientes. Depois de anos de intenções e obrigações não cumpridas, é mais do que óbvio que a única solução que deve ser exigida não é que o concessionário avance com a obra, mas sim que seja afastado, extinta a concessão e devolvida a Calheta à população, para ser transformada numa zona de fruição pública, que pode ser, nomeadamente, uma praça pública ou um jardim, sem mais mamarrachos à mistura.
Lamentavelmente, o presidente da Assembleia de Freguesia e o presidente da Junta de Freguesia não combatem a construção de um monstruoso hotel naquele espaço público concessionado a um privado, construção que começou e foi entretanto interrompida. O que pedem, erradamente, é que a obra avance, quando esse projecto pode ser perfeitamente revertido.
De resto, não é o presidente da Câmara Municipal que pode resolver este assunto. É, sim, o presidente do Governo Regional, porque trata-se de um espaço público propriedade da Região Autónoma dos Açores. O que o presidente da Assembleia de Freguesia e o presidente da Junta de Freguesia, em nome das duas instituições locais e em nome da população que representam, devem fazer é pedir com urgência uma audiência ao presidente do Governo Regional, para exigirem uma reversão no processo da Calheta de Pêro de Teive, no sentido de o concessionário ser afastado definitivamente e de aquele espaço ser devolvido à população, que é a sua legítima proprietária.
Basta de avanços e recuos, inverdades e contradições, trapalhadas e ilegalidades! Há quase vinte anos que a Calheta está transformada num caos urbanístico, sem fim à vista.
O primeiro grande erro foi a destruição da enseada da Calheta por decisão de um Governo Regional do PSD. O segundo grande erro foi a concessão a um privado do espaço conquistado ao mar por decisão de um Governo Regional do PS. Depois tem sido um “calvário” vergonhoso para a Calheta, em que os interesses da população foram e continuam a ser ignorados e subvertidos. O dinheiro a mandar mais do que o poder político, por culpa do próprio poder político.
A verdade é esta e não pode ser desmentida: nem as Juntas Gerais, nem os Governadores Civis e nem os Governos centralistas e anti-democráticos do Estado Novo fizeram tanto mal à Calheta como vários Governos Regionais. Sou um autonomista e um democrata convicto, mas não posso deixar de dizer que a Autonomia político-administrativa regional – uma das conquistas do regime democrático – tem sido nefasta em vários aspectos para os açorianos, como o problema da Calheta de Pêro de Teive bem demonstra. Basta de submissão a interesses financeiros, imobiliários e turísticos que só pretendem o lucro e que não respeitam a nossa amada terra e o seu bom povo.
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  • Fátima Silva

    Tomás, estava para ir à reunião, mas soube e é lei, sendo extraordinária será ouvir e calar. Claro, nada melhor do que isso. Só filmes “mudos”. Até agora concordaram sempre com diminuição da volumetria, mas nunca com a entrega do espaço aos seus proprietários: POVO. PÚBLICO. Eu até pergunto, o que tem a dizer o presidente da câmara que todos nós não saibamos? Ele está de mãos atadas com todo o passado. Já chegou a uma situação que a câmara mais nada tem a fazer do que aceitar e deferir os pedidos solicitados. Nada mais. A Assembleia Municipal e o Presidente de Junta só têm de chamar o presidente do governo, o secretário das finanças e dizer: acabou. Ali nada se fará. Aquilo é nosso. E se houver quem se queira juntar comigo e gastar algum, vamos pedir a intervenção do Ministério Público para averiguar tudo desde o início.

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    • Mário Jorge Pacheco

      Fátima Silva se vier o Ministério Público, o Hotel / Cadeia não terá quartos/camaratas para os hóspedes. Pergunto …onde estavam os ” calhetas” aquando da destruição do porto ? Abraço

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    • Fátima Silva

      Mário Jorge Pacheco se é comigo, estava a acompanhar uma pessoa que viria a falecer, infelizmente, se é para todos, bastante lutaram. Lembro-me da Dra. Natália Almeida, Arq. Kol e muitos outros. Onde estão os posteriores que tanto disseram q fariam e acontecia? Mário, vou respondendo aos poucos….. não tudo de uma vez… Bj
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    • Mário Jorge Pacheco

      Fátima Silva eu também não vou estar presente…para estar ” calado” fico em casa.

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      • 1 d
  • Ana Paula Santos

    A que horas é a reunião?
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  • Emanuel Oliveira Medeiros

    Sei quem ouviu há anos o Eng. Ribeiro Teles, numa conferência, aqui em Ponta Delgada mas fizeram “ouvidos de mercador”. Falo em abstrato: há muitas aberrações construídas, desde há décadas, porque os responsáveis politicos não respondem civil e criminalmente pelos seus atos. Façam-se reportagens sobre as aberrações construídas nestes Açores e que o descaracterizaram em várias freguesias, municípios e ilhas. Precisamos sábios na Governação e, acima de tudo, quem percebe que Governar é cada vez mais preservar e conversar. Poupem, Façam implosões e façam hortas, muitas, na Cidade de Ponta Delgada, e não só. Mas o seu a seu dono.
    Ou há um novo ímpeto de betão nestes Açores? Por esse andar será só betão sem terra.

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    • 1 d
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  • José Tomaz Mello Breyner

    E como acabou a reunião ?