origem do tango

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Publicado por Paulo Marques
ORIGEM DO TANGO
Ao longo do século XIX, a jovem nação argentina, necessitada de mão-de-obra, recebeu contingentes de antigos escravos africanos, gaúchos do interior e imigrantes europeus: franceses, polacos, sobretudo italianos e espanhóis. Uma imensa quantidade de homens, trabalhando duramente e vivendo em condições miseráveis, em terra estranha, com a família longe, a salivar por mulheres…
Rapidamente e em força se abriram casas de prostituição por todo o país. Só a capital, Buenos Aires, chegou a ter em funcionamento mais de duzentos prostíbulos. A procura pelas prostitutas era tanta que os homens dançavam entre si na rua, à porta dos bares e dos bordéis, onde reinava a navalhada e a tristeza, para entreterem a espera, enquanto as mulheres atendiam outros clientes na cama.
Foi a dança devassa e a canção melancólica desta mescla de homens de diferentes origens e culturas que deu origem ao tango: «Canción de Buenos Aires … que hoy reina em todo el mundo», diz uma letra de 1932, sobre a amada tradição.
Assim no tango, como na vida
Numa Argentina em colapso económico, onde tudo falta, não falta o tango. E enquanto se dança, com o coração, esquecem-se as dores da alma. As tristezas vão-se: uma forma de luto, um modo de escape, uma espécie de terapia.
No tango reinam os velhos temas de sempre. Os sentimentos que atormentam todos os seres humanos em todo o mundo: o amor, a perda. Conforme sentencia uma famosa expressão «o tango é um pensamento triste que se pode dançar». É das emoções – fortes, intensas, concentradas – que vive o tango. «Ya sé, no me digas. Tenés razón! La vida es uma herida absurda».
Movimentos acelerados, decididos, sensuais, carismáticos; hálitos partilhados; pernas enlaçadas. Dois corpos que, mantendo-se à distância, se agarram firmemente, numa rendição mútua.
Dois passos para a frente e um para trás, dois passos para trás e um para a frente, dois passos para o lado e meia-volta. Assim no tango, como na vida.
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