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A INTOLERÂNCIA DO “DE QUE LADO ESTÁS?”
Entre Intolerância política e intelectual
Ao observarmos a expressão pública verificamos nos diferentes meios de comunicação social e em diversas atitudes e comportamentos pessoais e grupais que nelas sobressai a falta de respeito e de aceitação em relação a diferenças, sejam elas de natureza cultural, religiosa, política, racial, sexual, etc…
(A dúvida metódica mantém a tensão entre os opostos sem os eliminar e assim possibilitar o desenvolvimento) …
A falta de aceitação e respeito em relação a outras pessoas e grupos conduz a uma série de comportamentos e atitudes negativas. Uma sociedade altamente em crise cria nos seus membros a necessidade de se definirem vincadamente para terem a impressão de possuírem uma identidade firme (A sociedade compensa assim nos seus membros a própria identidade decadente). Neste momento histórico em que as potências se esforçam por criar uma nova ordem mundial baseada na guerra fria, também as instituições se encontram em crise mas também elas reagem no sentido do que constatava Gil Vicente: as instituições são intocáveis, o problema está sempre nos seus membros… Ai dos não alinhados que não embarquem nos facilitismos e não aceitem deixar-se levar na onda!
A intolerância política manifesta-se individual, grupal ou colectivamente quando uma pessoa ou grupo expressa desprezo, ódio ou discriminação em relação a outra pessoa ou grupo baseando-se em opiniões políticas, ideológicas ou partidárias…
A convivência pacífica e democrática só pode ser garantida mediante uma atitude de respeito e tolerância mútua em relação às diferenças de mundivisão político-social. Uma matriz política em que os partidos do centro defendam os seus interesses difamando sistematicamente os extremos (tanto os Comunistas como o Chega) carece da atitude de diálogo pressuposto de toda a democracia; o mesmo se diga destes em relação aos partidos do poder!
Também a intolerância intelectual se encontra muito divulgada e expressa-se na falta de respeito e tolerância em relação às opiniões, ideias e conhecimentos de outras pessoas em áreas, como política, religião, ciência, arte, cultura, etc. Geralmente a intolerância intelectual deve-se à falta de saber, preconceitos, medo, desinformação, arrogância, etc. A intolerância intelectual usa como meios a ridicularização, a desqualificação, o ataque pessoal e a difamação e cria como seu lugar de refúgio “bolhas ideológicas“ alérgicas a ideias ou opiniões diferentes…
Quem não pensa como o politicamente correcto quer, ou como os intelectuais ao serviço do sistema, é colocado fora dos muros da cidade, tal como acontecia em sociedades antigas, nos casos de lepra!…
António CD Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8376
A ETERNA BATALHA DOS GÉNEROS DEVE-SE À MATRIZ SOCIAL MASCULINA
Dia internacional da Mulher só um apelo à igualdade a nível de verniz e esmalte?
Enquanto não se começar a encarar o problema dos papéis sociais a nível de matriz integral (masculinidade-feminilidade) não se leva a questão suficientemente a sério porque é tratada como uma questão de verniz e esmalte da sociedade. Apesar de tudo, os projetos de ajuda e as medidas legais dirigidas em favor das mulheres são actualmente muito importantes se concebidos a partir do ponto de vista das mulheres…
Na sociedade e na política diz-se que se devem repensar os modelos dos papéis sociais. A intenção é boa e alguns resultados também. Mas, o que há para pensar quando o nosso pensamento estrutural e a ordem social assentam em princípios masculinos?
Numa sociedade masculinizada em que a competição, a luta e a subjugação são glorificadas, vale a pena a luta feminina até que se chegue à consciência de se fomentar uma matriz social e humana integradora dos princípios (e aptidões) da feminilidade e da masculinidade em equilíbrio e osmose, no âmbito homem-mulher-sociedade. Doutro modo toda a justa luta se concentra na disputa da feminilidade por ver reconhecida na matriz masculina a sua identidade bastante reduzida a termos de papéis masculinos. A matriz vigente vai sendo obrigada a ceder nas bordas, mas não no núcleo.
É verdade que, quando as crianças atingem a idade de brincar, passam a assumir os papéis que a sociedade lhes proporciona e a escola mais prega. A base do problema está no modelo social da masculinidade e começa aqui tendo por base um ensino orientado preponderantemente pela aquisição de aptidões de conotação masculina…
Onde todos teríamos que trabalhar seria no surgir de uma nova matriz antropológico-social preparadora de uma nova ordem mundial (consciência) que tivesse como base as forças da masculinidade e da feminilidade, numa perspectiva de complementaridade e inclusão já não só a nível de funções na sociedade padrão, mas sobretudo a nível do ser e do modo de estar (integrador dos dois princípios ou energias) num modelo de sociedade equilibrada…
A nível de luta exterior e de papéis sociais a mulher continua a ser a grande vítima dos nossos padrões de sociedade, como apresento agora em relação à Alemanha:
Na Alemanha, um país desenvolvido, há uma diferença de 18% no salário por hora entre homens e mulheres…
O risco de pobreza em 2021 é de 20,9% para as mulheres e 17,5% para os homens…
De acordo com a ONU, a cada hora no mundo, 5 meninas e mulheres são mortas por seus parceiros ou outro membro da família…
Enquanto o poder se orientar sobretudo pela materialidade (crença na masculinidade) e não integrar nele a espiritualidade (feminilidade) viverá na e da exterioridade como se pode ver bem documentado na máscula e estúpida guerra entre o bloco ocidental e a Rússia a decorrer na Ucrânia…
Quanto à luta pela emancipação da mulher, penso ser adequada a palavra emancipação porque se trata da libertação de um modelo masculino baseado na subjugação que atraiçoou sobretudo a feminilidade…
Doutro modo destruída a identidade feminina, a especificidade do ser mulher, toda a sociedade será destruída para preparar mundo meramente técnico e artificial…
Movimentos políticos e económicos do poder são por natureza masculinos e como tal deveriam ser confrontados com movimentos de base feminina não apenas feminista…
Trata-se de reconhecer a mulher toda e não reduzir a sua emancipação a papéis político-económicos de formato masculino…
…necessita-se de um combate próprio com firmeza e perseverança, mas à maneira feminina sem perder o elo do amor sustentável que tudo une, como expressão da feminilidade criadora e mãe, porque dela tal como da terra tudo sai.
António CD Justo
Teólogo e Pedagogo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8367