LUIS FILIPE SARMENTO

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Lisergia: apocalipse paradisíaco no seio do lugar comum, flash na intimidade das horas, resistência ao sair da malha, entrada à percepção e limusine privada em busca da ideia oculta. Cristal e cosmos. Ácido. Quando a liberdade se expõe ao papel. Substância do abstracto, achamento da razão entre biombos com a China tão nítida no verniz, nos nódulos, na cor. A escrita absoluta na raiz da mandrágora ou no suspiro lácteo de andrómeda. Transparência e mamilo, da preexistência ao suco da letra, o creme silábico, o pudim babado pelos alicerces do texto. Ágora onírica dos novos fantasmas.
Psiquiatria e desordem. Quando o que se vê foge à translucidez das teorias. De nada servem as ambulâncias que impeçam o lugar proibido. Estrondo, psique e medo. Liturgia de novas trindades e ao fundo noivas e noivos libertos de hábitos burgueses. Ronda do rock, oração filial do sorriso, do amor o êxtase como fora previsto no big bang. Sem a castração monoteísta desse lugar a oriente. Sem a privação dos sacerdotes dos subterrâneos. O concerto dos novos anjos proclama o amor livre das amarras dos flibusteiros da moral. Encardidos pela escória do universo. Sem aleluias dos templos vendidos ao plástico. Ah, a púrpura estética da consciência psicadélica do poema saído da instabilidade organizada do pensamento e vertido na língua que socorre o seu povo do acto moribundo. Após esta descoberta, os serviços secretos da guerra fria proibiram o acesso à percepção da liberdade como fulminante de ditaduras. Preveniram o colapso da estrutura diabólica de um poder vampírico.
Se regresso à rebelião é porque a liberdade psicadélica da arte jamais poderá ser limitada ao rótulo de uma embalagem de veneno.
Luís Filipe Sarmento, «Ácido», 2022
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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