PORTUGUESES NO JAPÃO

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«Luís Fróis, o português que ajudou a compreender o Japão
Nascido em Lisboa em 1532, Luís Fróis entraria no ano de 1548 na Companhia de Jesus. Em 1565, integrou uma missão jesuíta de evangelização do território japonês, vinte anos depois do estabelecimento das relações entre Portugal e o Japão.
Chegaria em 1566 à cidade de Quioto, onde seria recebido por Ashikaga Yoshiteru, então xogum, general comandante do exército japonês. Fróis acabaria por se instalar definitivamente na residência de Oda Nobunaga, daimyo que ficaria conhecido como o grande guerreiro que iniciaria a reunificação do Império do Sol Nascente, na cidade de Gifu.
Luís Fróis desenvolveu um aprofundado trabalho de compreensão e descrição das tradições e cultura nipónicas do século XVI, escrevendo cartas onde as descrevia para Macau, a Santa Sé e a Coroa.
Tendo sido orientado pelo também missionário português Gaspar Vilela, Fróis relatou nas suas cartas a guerra civil que se desenrolava em torno da capital do Império Japonês, tendo estas sido traduzidas para variadas línguas e conquistado grande fama na Europa.
Luís Fróis terminaria em 1585 o seu “Tratado das Diferenças entre a Europa e o Japão”, obra onde explicava pormenorizadamente, com recurso a mais de 600 exemplos, que as duas civilizações eram opostas nas suas práticas, mas assemelhavam-se no facto de serem igualmente civilizadas.
Fróis foi capaz de estabelecer o difícil equilíbrio entre duas civilizações que, à partida, pareciam integralmente antagónicas, estudando de forma aprofundada a cultura japonesa sem nunca pôr de parte as suas raízes portuguesas. Prova da grande compreensão que detinha das tradições nipónicas é a ocasião em que escreveu sobre as diferenças entre o suicídio na Europa, pecado pela fé católica e a prática do Seppuku, ritual de suicídio japonês que podia ser a maior honra da vida de um guerreiro.
Luís Fróis faleceria no ano de 1597 em Nagasaki, aos 65 anos de idade, mas os textos que o português escreveu descrevendo a sua vasta experiência de 34 anos no Japão são ainda hoje fonte incontornável para a compreensão da História e cultura do Império do Sol Nascente.»
Por Miguel Louro, in Nova Portugalidade
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