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POSTAL DO DIA
Se o Bispo do Porto pudesse, quantas almas não purificaria
1.
O Bispo do Porto é particularmente ofensivo e obsceno no modo como comunica com o mundo.
Basta ouvi-lo 30 segundos para compreender que estamos na presença de um homem que corporiza o mais ignóbil da Igreja Católica.
Sobre a pedofilia, relativiza.
Que não sendo um crime público, o que como sabemos não é verdade, a Igreja não tinha de reportar nada às autoridades.
Ou que não se pode julgar o passado com os critérios de hoje – o que, trocando por miúdos, significa que na sua cabeça era admissível que os padres pudessem abusar de crianças pois ninguém ligava nenhuma ao tema.
Sobre a comissão independente, sabemos o que disse.
Quando se começou a pensar na possibilidade comentou que “ninguém cria uma comissão para estudar os efeitos de um meteorito”.
E avisou logo que a sua diocese não iria avançar com nenhuma investigação.
2.
Nos últimos dias, o Bispo do Porto foi também acusado por uma vítima abusada por um padre de Vila Real desde os 13 anos.
A vítima, hoje com pouco mais de trinta anos, e com um filho dessa relação, contou que falara com o atual bispo logo no início dos abusos.
A mulher jura que Manuel Linda, assim se chama o bispo, lhe terá dito que ela poderia parar com a relação, que a culpa era dela que andava atrás do padre.
O Bispo do Porto negou em comunicado.
“Não me lembro minimamente”.
3.
Sei que é um cansaço, mas há mais.
Manuel Linda, no epicentro de uma polémica que o atingiu, o que fez por estes dias?
Escreveu sobre animais de estimação.
E o que escreveu?
Que não podemos substituir os laços entre pais e filhos pelo apego a animais de estimação, um apego aliás típico das sociedades decadentes.
O país e o mundo a falar sobre a pedofilia na Igreja Católica.
Na violação reiterada de menores por parte de padres, na ocultação de provas e na pornográfica amoralidade de uma parte da Igreja e este senhor, um dos principais bispos portugueses, vem falar dos animais de estimação como prova de sociedades decadentes?
4.
Este é o mesmo bispo que escreveu sobre a bárbara morte de uma freira às mãos de um homem que a estrangulou antes de a violar já morta.
Indignou-se, Manuel Linda – quem não se indignaria?
Mas de que forma se indignou?
Escreveu num comunicado que a sociedade tem a obrigação de “curar” este tipo de monstros.
E atacou as organizações feministas e dos direitos humanos por não terem falado sobre o tema.
5.
Como é que um homem como Manuel Linda chegou a Bispo?
E como é que chegou a Bispo do Porto?
Uma pergunta simples de responder.
Naturalmente porque o seu pensamento vai ao encontro da cúpula da Igreja Católica em Portugal.
Tão simples e tão doloroso quanto isto.
Porque o Bispo do Porto, honra lhe seja feita, é claro como a água.
A falar sobre pedofilia.
A falar sobre animais domésticos.
A falar sobre feministas.
A falar sobre a obrigação de curar monstros.
Atrevo-me até a acrescentar que tem a obrigação de purificar os maus, de lhes expurgar o mal como a Inquisição fazia com o fogo.
Para acabar regresso ao dia em que este senhor se apresentou ao país e a Roma nas suas vestes de bispo.
Num texto sentido prometeu ser “um «missionário da misericórdia», um pastor com «o cheiro das ovelhas», um pai dos Padres, um irmão dos mais pobres e um fomentador do espírito ecuménico e de diálogo”.
Um missionário da misericórdia?
Um fomentador do diálogo?
Uma pessoa lê e é difícil não se espantar com esta falta de vergonha.
LO
(da página do Facebook de Luís Osório).
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