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Interessante entrevista de um antigo membro do governo de Macau, com o pelouro da Justiça, onde Magalhães e Silva diz a certa altura, num misto de franqueza e desplante: “Aquilo que era possível fazer em termos de criminalidade num território que estávamos a administrar era manter a criminalidade local num nível socialmente tolerável.” O que confirma o muito que, como jornalista e conhecedor do território, escrevi no Expresso sobre o tema, sobretudo quanto ao elevado nível da corrupção política local. José António Barreiros foi demitido desse cargo pelo presidente Mário Soares por não querer pactuar com tal clima, mas o seu sucessor, Magalhães e Silva, manteve-se até perto do fim do mandato do governador Carlos Melancia (também exonerado devido a suspeitas na área da corrupção, então sob investigação judicial). Cheguei a testemunhar o transporte para Lisboa de uma das malas carregadas de dinheiro, por um dirigente de um dos partidos representados na AR. O viajante, sentado a meu lado nos aviões (não havia então voos diretos), veio o tempo todo com a mala entre as pernas, não fosse o diabo tecê-las. Confessou-me que o seu temor era ter a bagagem revistada à chegada ao aeroporto da Portela, mas o passaporte diplomático livrou-o do incómodo. Do meu lado, como portador de passaporte comum, tive de pagar direitos alfandegários sobre uma câmara fotográfica automática, daquelas de só carregar no botão, que trazia a pedido do meu pai.
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