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Suzete Frias tinha ordenado de quatro mil euros na Arrisca
Fundadora e presidente da Arrisca recebia mais do dobro do vencimento máximo previsto no Estatuto das IPSS
Suzete Frias, diretora regional da Prevenção e Combate às Dependências, recebia um vencimento bruto de quatro mil euros enquanto presidente e trabalhadora da Arrisca. Um valor “muito superior” ao previsto para os dirigentes das IPSS, segundo um relatório da Inspeção Regional da Saúde, indicando que o salário máximo que Suzete Frias deveria auferir na Arrisca seria de 1676 euros.
Este é o valor máximo que um dirigente de uma IPSS pode receber como salário, segundo o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, mas a ARRISCA explicou na auditoria, em sede de contraditório, que Suzete Frias estava a ser remunerada como trabalhadora dependente e prestadora de serviços.
A psicóloga, inicialmente, celebrou um contrato de trabalho com a Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) a 1 de janeiro de 2007 (quando ainda estava a decorrer o processo de fundação da IPSS).
Neste primeiro contrato de trabalho, Suzete Frias tinha um salário base de 1159 euros, desempenhando as funções de implementação e coordenação de um Centro de Reabilitação Juvenil e criação das diversas equipas e áreas de intervenção da Associação. Este salário foi aumentado em setembro de 2009, com mais 500 euros, atribuídos através de um contrato de prestação de serviços de Suzete Frias, enquanto psicóloga, para compensar a coordenação das valências implementadas de prevenção e tratamento das dependências, cujo financiamento foi assegurado pela Secretaria Regional da Saúde.
Em janeiro de 2010, ocorreu um novo aumento salarial para recompensar as funções de coordenadora geral das equipas do Centro de Atendimento e Acompanhamento Psicossocial do Centro de Atividades Ocupacionais e do Centro Comunitário da Arrisca. Um aumento que a própria direção da Arrisca revela que foi efetuado para “cumprir com o compromisso verbal estabelecido aquando da sua admissão e assinatura do primeiro contrato”, sendo justificado o acréscimo com “aumento significativo da área de intervenção e de valências e funções desempenhadas”.
A direção da IPSS explicou que Suzete Fritas exerceu a título “pró-bono e voluntariamente” o cargo de presidente da direção, não auferindo qualquer compensação financeira pela sua representatividade neste órgão”, acrescentando que o seu vencimento apenas respeitava às funções que desempenhava “enquanto trabalhadora da Associação”.
Com a atualização salarial e o pagamento de um contrato de prestação de serviços, Suzete Fritas, passou a auferir 4067 euros. Um salário financiado em 1692 euros pela Segurança Social, 1875 euros pela Arrisca (uma IPSS financiada em 87 por cento por verbas públicas) e 500 euros pela Secretaria Regional da Saúde.
É a própria Inspeção Regional de Saúde a afirmar, no relatório produzido, que “não se compreende como pode uma IPSS remunerar o exercício de funções técnicas, com dinheiros públicos, no valor de 4067 euros”, indicando que esta remuneração vai “muito para além dos valores praticados na administração pública ou mesmo no setor privado”.
A Inspeção Regional da Saúde considera que “a acumulação de funções dirigentes com a prestação de trabalho e, ainda, com a prestação de serviços a uma mesma entidade, não pode – em termos abstratos – deixar, pelo menos, de suscitar dúvidas quanto à imparcialidade , à transparência, à isenção e à própria justiça e proporcionalidade da atuação”.
A auditoria considera que a Arrisca deve manter “especiais cuidados” na “contratação de membros dos corpos sociais com a associação, assim como na fundamentação de tais contratações e manifestos benefícios delas resultantes para a Arrisca”.
O relatório defende uma maior fiscalização das entidades financiadoras da Arrisca, para evitar uma “acumulação, num mesmo trabalhador, de financiamentos de instituições diversas”. É que o dinheiro atribuído a Suzete Frias seria suficiente para “remunerar três psicólogos”.
“Essa articulação entre os serviços da Segurança Social, da Vice-Presidência e da Saúde, quanto aos financiamentos públicos efetuados e as respetivas finalidades, pode atualmente ser levada a cabo mediante a realização de uma conferência procedimental de coordenação entre os três serviços”, defende o relatório da Inspeção Regional da Saúde.
O relatório da auditoria aos apoios concedidos entre 2013 e 2014 revela ainda que o pagamento dos recibos verdes (no valor de 500 euros/mês) “deve ser alvo de pagamento de contribuições à Segurança Social, nos mesmos termos dos valores pagos como trabalhadora por conta de outrem, devendo a associação diligenciar, junto das entidades competentes, a respetiva correção e pagamento das quantias em falta”.
Fundadora e presidente
Suzete Frias foi desde a primeira hora o rosto da Arrisca. Fez parte da comissão instaladora da IPSS, conjuntamente com Benita Chaves, Rui Santos e João Vidal. O registo da empresa foi efetuado a 29 de dezembro de 2006, sendo formalmente constituída a associação em abril de 2007.
Suzete Frias foi eleita presidente da direção em 23 de abril de 2007 até ser nomeada diretora regional da Prevenção e Combate às Dependências, em 23 de novembro de 2016.
O atual presidente da direção é Gil Sousa, que desempenhava anteriormente o cargo de presidente da Assembleia Geral.
A fundadora da associação foi eleita em três mandados consecutivos como presidente da direção da IPSS. Segundo a Inspeção Regional da Saúde esta eleição consecutiva violou os próprios estatutos da Arrisca. “Os membros dos corpos sociais só podem ser eleitos consecutivamente para dois mandados para qualquer órgão da associação, salvo se a assembleia geral reconhecer expressamente que é impossível ou inconveniente proceder à sua substituição”, refere os estatutos da Arrisca, sendo que nas atas da associação não existe nenhuma menção para este regime de exceção que permitisse a Suzete Frias ser eleita para um terceiro mandado como presidente da associação. •
Contrato assinado com a Arrisca antes das eleições dos órgãos sociais
Suzete Frias abandonou a direção da Casa de Saúde de São Miguel em 2006, tendo assinado o contrato como trabalhadora da Arrisca, em 1 de janeiro de 2007.
O primeiro contrato de trabalho de Suzete Frias foi assinado três dias após ter formalizado a inscrição da Arrisca no registo nacional de pessoas coletivas.
Suzete Frias ficou como presidente da comissão instaladora, que entregou os estatutos da associação no dia 15 de janeiro.
Os órgãos sociais foram eleitos a 23 de abril, sendo que Suzete Frias foi eleita a presidente da direção.
O primeiro contrato de trabalho foi no valor de 1159 euros, para uma categoria profissional de psicóloga de primeira, segundo o Contrato Coletivo de Trabalho das IPSS.
(Luís Pedro Silva / Açoriano Oriental)
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- Carmen VenturaVergonha… e mais nem digo.
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- Pierre Sousa LimaIncrível !
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- Ana Paula Santosestá investigado pela Inspeção de Saúde.
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- Luís Pacheco Medeiros AlmeidaPois, mas generalizar implica investigar e possibilitar aos visados defenderem-se.
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- Ana Paula SantosFoi possibilitado.
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- Ana Paula SantosResponderam com silêncio. Aliás, os auditores fazem contraditório, como sabe
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- Luís Pacheco Medeiros AlmeidaÉ importante esclarecer, mas condenar antes de investigar não é de um Estado de Direito…
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- Vitor MacedoConsidero que é muita coisa junta para uma só pessoa fazer e espero que, se não fôr verdade, alguém venha esclarecer, pois diz o povo e tem razão que QUEM CALA CONSENTE
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- Luís QuentalComo é que um trabalhador com vínculo por contra de outrem pode ser simultaneamente prestador de serviços na mesma entidade empregadora?! A Sra. já se demitiu? O governo protege-a porquê? Quantas ex-presidentes de arriscas encobre o governo?! E o parla…See more
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- Miguel AlmeidaPor estas e por outras, é que estes serviços devem ser entregues a privados! E sem subsídios. Houve já uma empresa a fazer um bom serviço cá. O GR, fez o o favor de inviabilizar, favoreceu alguém? Possivelmente, favoreceu poucos, e deixou-se de prestar…See more
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- Jose Antonio M MacedoSem subsídios é difícil.
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- Miguel AlmeidaJose Antonio M Macedo Mas tem que ser! A subsídio – dependência é que é o mal desta Terra. (a maneira de acarinhar os privados, é não trata-los como vigaristas, em prol de congratular gestores do público) e os escândalos não vêm dos privados ultimamente!!!
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- Zucrea AmbasEu devo dizer que estou chocado. Tem por aqui gente que defende a senhora em causa porque a conhece, dizem que é “muito humana”. Isso interessa rigorosamente ZERO. Outros ainda que é muito competente. Primeiro ponto: não sabemos ainda se houve favoreci…See more
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- Cidália PachecoPlenamente de acordo considero ha excelentes funcionarios em todas as areas, nao foram, nem nunca meteram a mao no pote, ou a lei foi alterada para os favorecer. Espera se vergonha, bom senso, a reposiçao da legalidade quanto ao salario da referida psi…See more
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- Marcelino FurtadoReinaldo Arruda não estamos na Venezuela, mas infelizmente atualmente estamos num país muito parecido, por vezes tenho vergonha de dizer que sou português.
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- Maria Das Neves BaptistaPasmo…! Resumindo e concluindo, isto é o que se chama uma SUPER MULHER, com tanta sabença psicológica e agilidade projectável!Um fenómeno!O GR não poderia prescindir de tais capacidades, para bem da boa governança, ao serviço desta cambada de p…See more
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- Emanuel J R CarreiroPergunto; e agora ! ? em que fica tudo isto ? Ninguém é penalizada pelas irregularidades salariais ? Não há lugar a devolução de valores indevidamente recebidos ? Mais uma vez o crime ( consciente ou inconsciente ) vai valer a pena e “morrer solteiro…See more
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- Maria FerreiraEstou pronta para devolver a Drª deve estar estoirada dos miolos!
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- Carlos Augusto FurtadoA maioria das IPSS que foram criadas recentemente, nasceram para dar “cama” a boys, se existisse vontade de trabalhar em pról da sociedade, já existiam outras IPSS no passado capazes de alargar a sua acção na sociedade, mas isso não seria “poleiro” par…See more
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- Mel De ViveirosÉ com profunda tristeza que leio uma notícia deste cariz! Aliás fico cansada de todas as vezes que ligo a televisão e ver noticias sobre ilegalidades, que por mais que pense que já vi tudo, é mentira! Penso que se for efetivamente verdade, que se apure…See more
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- Ana Paula SantosA história está contada na auditoria que é exatamente como foi reproduzida. Mas não há qualquer ilegalidade . O vencimento está sustentado em contratos de prestação de serviços. Serviços pagos por entidades diferentes. ARRISCA, Secretaria da Solidaried…See more
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- João Paulo MedeirosJá se sabia disto tudo ha muito tempo. Não estava era divulgado. As estatísticas do post são mais interessantes… 119 partilhar e mais de 240 comentáriosA sociedade esta ávida de justiça e de que se acabe com esse punhado de privilegiados que pulula…See more
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- Jose Alberto OrnelasEu não sabia. Mas se alguém sabia, Esteve calado porquê??Afinal esta é uma rede social. Apenas isso.
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- João Paulo MedeirosNem havia Facebook nesse tempo em que isso começou. Já agora divulguem os contratos de arrendamento da arrisca e os seus titulares…. pode ser?
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View 2 more replies - Hugo Moreiraque grande combate a dependências.. sim semhora…. mais uma pro roll de rarissimas… mas em abono da verdade isto é só a pontinha do ice berg…. mais vai aparecer…
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- Reinaldo ArrudaMuito mau! Com as explicações do GR, ficou muito pior! Vivemos na Venezuela! E o povo gosta!!!
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- Maria Jose Maria MonizParece que sim !
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- Ana Paula SantosFalta o “pernil ”
Só falta o “pernil”
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View 3 more replies - Maria Jose Maria MonizDiz o senhor Jacome Correia que a Direcção das IPSS trabalham em regime de veluntariado, não digo que não haja algum com alma solidária e que não precise de ter um ordenado, para sobreviver, mas pelo que tenho lido aqui a directora ou director, tem dir…See more
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- Jacome CorreaParece-me que o que aqui tenho escrito, é bastante explicito e compreensível.
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- Ana BizarroLamentável…. Qd os restantes técnicos superiores, e não só, que trabalham nas IPSS são mal remunerados e não têm qlqr perspectiva de melhoria das suas carreiras profissionais. O que aqui se passa é sobretudo uma questão de falta de moralidade e de é…See more
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- Luis Filipe FrancoMau demais para ser verdade … e o Sr. Presidente calado
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- Maria Da Luz DutraAo que parece, as raríssimas não são assim tão raras!Há que fiscalizar e zelar para que os subsídios atribuídos sejam gastos para os fins a que se destinam.…See more
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- Maria Das Neves BaptistaSem dúvida, concordo plenamente.
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- Miguel Sousa Azevedo…também quero um contrato destes – por objetivos – com uma IPSS
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