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“Tenhamos a noção que nas próximas semanas a nossa vida não vai ser igual à que tínhamos (…) a situação de guerra só agora se começou a sentir e vai exigir da parte de todos uma adaptação”. A frase é do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Mendonça Mendes, e resume de forma objetiva os dias difíceis que aí vêm. A não ser que a guerra acabe já, o que não se afigura plausível.
As declarações de Mendonça Mendes estão suportadas na realidade que já se vive em algumas zonas do país, onde algumas superficies comerciais já começaram a impor limites à compra de determinados bens e há fornecedores a mudar preços diariamente.
A situação é de tal forma preocupante que o presidente da Confederação dos Agricultores, Eduardo Oliveira e Sousa (em declarações ao Expresso), admite que venha a ser imposto o racionamento de alguns produtos essenciais.
A guerra já está a fazer disparar os preços de diversas matérias primas e o grande receio que já preocupa o BCE e a UE é o da estagflação: estagnação da economia, aumento do desemprego e subida acentuada da inflação. Um cenário idêntico ao da década de 70 do século passado que fez mergulhar em recessão as economias dos países industrializados.
É o preço a pagar por uma guerra decretada por um louco que ninguém sabe como travar. Esta guerra, chamemos as coisas pelo seu nome próprio, sem eufemismos patéticos como faz as Nações Unidas ou hipócritas como faz Putin, vai ter um impacto profundo no modelo europeu e catalisar uma mudança que já tardava. A Europa vai mudar a sua estrutura energética, o seu modelo de defesa (a tão falada mas nunca concretizada política de defesa comum), e terá que rever parcerias e alianças. Esta Europa tornou-se demasiado confortável, demasiado burguesa, os europeus adormeceram e, enquanto isso, o gigante russo preparava-se. Como se preparou o gigante asiático.
A Europa tem necessariamente que sair mais forte deste conflito. Putin poderá cantar vitória no campo de batalha, mas a Europa tem que continuar a asfixiar economicamente um gigante que afinal tem pés de barro.
A fatura que vamos pagar nos tempos mais próximos será dura, mas mais dura, incomparavelmente, é a fatura que estão todos os ucranianos apagar ao lutarem pela sua independência. Algo que nós açorianos bem sabemos o que significa: antes morrer livres do que em paz sujeitos. Glória à Liberdade!
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 13/03/2022)
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