POEMA DE 1969 CONTRA A GUERRA cHRYS c

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1. 91. mes armes, mai, 2, 1969

 

 

 

 

 

les soldats sans armes

s’enfoncent dans la guerre

ils sont les pauvres avocats

de la paix sur la terre

 

mes armes sont l’amour

la compréhension

elles tuent

les sentiments des déshonnêtes

tant que les fusils

ceux qui bataillent

 

 

je cherche la paix

pas la guerre.

 


199.4. introdução ao 267 (onde se fala de guerra)

 

DO LADO DE LÁ DA TERRA

A VIDA FAZ-SE PARA OS HOMENS

QUE A VÃO PERDER NA GUERRA

 

Epilogo. do 267 onde se fala de guerra

(à memória póstuma de uma consciência)

 

 

 

EM CADA MINUTO DE SILÊNCIO

HÁ MILHÕES DE GRITOS DE SOCORRO

POR TI IGNORADOS.

ENTRETANTO CONGRATULAR-TE-ÁS

POR TERES TIDO UM MOMENTO DE DESCANSO.

 


I. 267. onde se fala de guerra (maio 7, 1971)

 

199.4. introdução

 

DO LADO DE LÁ DA TERRA

A VIDA FAZ-SE PARA OS HOMENS

QUE A VÃO PERDER NA GUERRA

 

 

 

(onde se fala de guerra)

 

  1. .

No vietname diferenciam-se as crianças sem ser pela cor da pele

para elas não noite ou dia, é sempre inferno, destruição.

Com irmãos às costas ou amparadas em

passam com sorrisos embrutecidos a caminho dos hospitais.

é lá que ouvem falar de paz, aos soldados,

por entre paredes que ás vezes até são caiadas,

lá onde as camas antecedem campas frugais.

A violência martelará as suas letras 24 horas ao dia:

enquanto andarem nas ruas e estradas hão de ver sangue

cheirar a sangue, palpá-lo, suga-lo quente.

Para as crianças do Vietname

a fome tem quatro letras, escreve-se à custa de pais e irmãos,

isso aprendem elas a preço de morte, amputação.

Aos cinco anos as crianças viet são soldados

aprendem o manejo de metralhadoras e granadas

e não brincam às guerras nem aos polícias e ladrões.

 

  1. .

No vietname as crianças têm muitas férias

ao chegarem ás escolas, estas já não existem.

Naquelas paragens é irresolúvel o problema da habitação

devido ao clima quente (chamam-lhe explosivo).

Ninguém fala em poluição ou em taxas de mortalidade

a não ser por ironia.

No vietname a censura na televisão é dispensável

as crianças não são afetadas por filmes de terror.

Se as divindades de inúmeros braços fossem contemporâneas

os profetas esculpidos seriam fotos das zonas bombardeadas.

Lá o amor é proibido por causa da falta de tempo.

sempre que há tréguas, milhares de viets

recolhem traumatizados aos hospitais

(o silêncio também mata).

Como desporto autorizado a defesa da vida,

não tem regras, assemelha-se ao tiro-ao-alvo.

 

  1. .

Os poucos velhos que sobrevivem

não contam o que viram para não terem nojo de nós.
Por isto, sorrio-me de alguém dizendo a meu lado:

“…em Portugal as crianças não chegam a sê-lo,

corrupção, violência, vícios, até na TV…”

rio-me, já o não ouço.

Por entre o vento, lá longe

o matraquear certo da metralha,

pelo clarão das bombas passam soldados a correr

atrás do troar das explosões

com gritos suspensos das gargantas caladas,

vidas que se esvaem em poças de morgue.

Morte.

Violência.

Destruição.

A –M – B- I- Ç- Ã –O…

 

 

 

De repente dou comigo a dar esmola a um miúdo.

 

 

 

  1. Epilogo.

(à memória póstuma de uma consciência)

 

 

 

EM CADA MINUTO DE SILÊNCIO

HÁ MILHÕES DE GRITOS DE SOCORRO

POR TI IGNORADOS.

ENTRETANTO CONGRATULAR-TE-ÁS

POR TERES TIDO UM MOMENTO DE DESCANSO.