POEMA DE EDUARDO BETTENCOURT PINTO

Views: 1

Os versos
Não raro encontro as raízes dos álamos
entre dois versos,
enquanto me debruço sob a luz do candeeiro,
o inverno a perder-se pelo lado da rua
num vagar de neblina e humidade.
Não tenho roupa que me aqueça da solidão,
derrube as colunas de cinza
em redor dos minutos.
Escrevo junto à ombreira da porta
desta cidade onde vagueiam cães
e melancolia.
Oiço o tilintar de talheres
da última ceia.
Por fim o arrastar de passos até às cortinas.
Num gesto de repulsa fecham-se
ao olhar de quem observa deste lado
o incrível ritual do tempo.
Entretenho na rua um pensamento de chuva.
Sinais de tempestade
perseguem um frio clamor
entre dois versos,
lado a lado
com a noite infinita.
/Eduardo Bettencourt Pinto
Fotografia: Null Xtract
May be a black-and-white image of 1 person
5 comments
Like

Comment
Share
5 comments
Most relevant

  • Gina Sousa

    “Os Versos “ vão com a poesia da tua fotografia 👏👏 Gostei muito .
    Agradeço teres partilhado . Uma continuação de noite acompanhada das musas da poesia, do silêncio e do Inverno . Um abraco com carinho 😊
    • Like

    • Reply
    • 4 h
    “Most relevant” is selected, so some replies may have been filtered out.
    • Eduardo Bettencourt Pinto

      Muito obrigado, Gina. Gostava de ser o autor da fotografia mas ela é não é minha mas de Null Xtract, pseudónimo. Um abraco também para ti. Boa noite.
      1
      • Like

      • Reply
      • 4 h
    View 1 more reply
  • Artur Goulart

    Belíssimo poema. Obrigado pela partilha. Abraço
    • Like

    • Reply
    • 1 h
  • Luis Gaivao

    Muito bonito! Lindo, Eduardo. Abraço
    • Like

    • Reply
    • 29 m
Write a comment…