da estupidez, dos víurus, da ciência, da sociedade doente e de tudo o mais

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Num tempo em que o alfabeto grego se tornou numa espécie de mapa do nosso dia-a-dia, um código da estrada comportamental, espartilhador e proibitivo, feito de alfas e deltas e ómicrons, talvez fosse bom repousarmos um pouco o nosso pensamento sobre um outro étimo grego – o Dogma. Dogma significa, literalmente, “aquilo que se pensa que é verdade”. É uma crença, absoluta e inabalável, num determinado princípio ou ideia que acreditamos ser irrefutável. Tradicionalmente, o dogma era associado às religiões e às suas doutrinas fundamentais, principalmente na religião católica. Os sucessivos concílios ecuménicos estabeleceram os dogmas de fé cristã, cerca de 50, que vão desde a Existência de Deus, à Imaculada Conceição, a Ressurreição de Cristo ou o Pecado Original e o Juízo Final. Ao longo dos dois últimos milénios Dogma e Ciência foram sempre conceitos antagónicos entre si. Onde o dogma é uma verdade inquestionável estabelecida por princípio ou doutrina a ciência é um corpo de conhecimento construído pela experiência e que está eterna e permanentemente em questão. Onde o dogma é infalível a ciência é, por natureza, a razão da sua própria falibilidade, auto questionando-se a si mesma, dia após dia, a cada conceito e cada princípio, verdade após verdade. Paradoxalmente, hoje, neste obscuro e prolongado inverno pandémico, a ciência transformou-se, infeliz e incompreensivelmente, num novo e divinamente iluminado Dogma. Perante a ameaça viral, a ciência é nos apresentada como uma nova Tábua da Lei, pura, magnânima e, o mais perigoso de tudo, infalível e inquestionável. E, em cima dessa certeza suprema da verdade científica constrói-se, como em todos os Dogmas, com argamassas de medo e opressão, o edifício inquebrantável do Totalitarismo Sanitário. Só que estes enormes muros, que nos oferecem como uma proteção contra a ameaça viral são, ao mesmo tempo e antes de mais, uma prisão, um enclausuramento do mundo e um encarceramento dos elementos fundamentais da vida humana, como a Liberdade, a Igualdade e a Solidariedade.
Os Dogmas da nova ciência, neste pandemónio pandémico atual, são relativamente simples e curtos de enunciar a) o vírus mata e b) só a vacina mata o vírus. Atente-se que estes princípios são eles próprios refutáveis e têm sido sucessivamente desmontados, cientificamente, pelo evoluir da própria pandemia, porém o totalitarismo sanitário não nos permite que questionemos os seus dogmas. Todos os dados demonstram que a letalidade da Covid-19 é baixíssima com a particularidade de ser uma letalidade associada a comorbilidades o que torna a doença em si em algo muito menos grave do que a obesidade ou a diabetes, por exemplo, essas sim pandemias gigantescas do mundo ocidental contra as quais nos mantemos impávidos e serenos, numa inação inexplicável. Os dados oficias dizem-nos que em dois anos morreram cerca de cinco milhões de pessoas, em todo o mundo, positivas para a infeção com SARS-CoV-2. Ao mesmo tempo, a cada ano morrem quase 18 milhões de pessoas vítimas de doença cardiovascular, na sua grande maioria provocados por comportamentos e maus hábitos de vida, como a alimentação, em que os açucares surgem como os assassinos silenciosos, e o consumo de tabaco e álcool. Apesar de tudo o que tem sido feito, a verdade é que não vemos os media e os políticos a obrigarem todas as pessoas a fazerem exercício físico e a uma dieta sem hidratos de carbono ou a proibirem o consumo de açucares, álcool, tabaco ou outro tipo de estupefacientes, como opiáceos ou antipsicóticos, isto apesar do enorme peso que as doenças associadas a estes consumos e comportamentos têm nos sistemas nacionais de saúde. É o vírus, pela sua elevada transmissibilidade, que é a grande ameaça, o nosso apocalipse civilizacional, o fim dos tempos, como muita comunicação social nos quer fazer acreditar. E, a única arma contra o vírus é a vacina. Há cerca de um ano atrás, a narrativa oficial, científica, era de que o processo de vacinação de 70 a 80% da população permitiria atingir a imunidade de grupo que, por sua vez, levaria a que o vírus se tornasse endémico e, por maioria de razão, ao fim da pandemia. Isto era a “ciência” que nos foi vendida em dezembro de 2020. Passado um ano o que sabemos é que a vacina não impede a transmissibilidade e, muito menos, a mutação do vírus. Que, por razões estritamente económicas e geopolíticas será impossível vacinar 70 a 80% da população mundial e atingir a imunidade de grupo. E que, aparentemente, a pandemia nunca terá fim, tornando-se cíclica e mais ou menos sazonal obrigando-nos, numa distopia global, a um novo normal de distanciamento e higienização constantes, como se a vida e o mundo fossem um enorme laboratório experimental, e a inoculações regulares e eternas de um fármaco, cujos efeitos colaterais são largamente desconhecidos e cujas licenças são ou condicionadas ou aprovadas por motivos de emergência. E isto não é dogma, nem conspiração, são factos e ciência.
Incapazes de nos reconhecer na nossa própria mortalidade cedemos voluntariamente a nossa individualidade ao pânico pandémico, abdicando de tudo o que nos faz homens e mulheres, a nossa vontade, o livre arbítrio, a empatia e, mais grave de tudo, numa transfiguração absoluta da sua mais íntima natureza, fazendo-nos crer que é pelo bem dos outros, abdicando do amor, por nós e pelo próximo. Não é pela mortalidade que o vírus já nos destruiu, é pela forma como nos destruiu como comunidades, criando barreiras e categorias, impondo restrições e limites, discriminando, acusando e aprisionando, com certificados digitais e testes e quartas, quintas, sextas tomas, forçando imperdoavelmente as crianças, que não adoecem e que não morrem, cujos pais e avós estão já de si vacinados, a tomar uma vacina que até os próprios pediatras que são a favor da mesma se recusam a assumir a responsabilidade de a prescrever. Entretanto, neste Natal de 2021, as autoridades aconselham-nos a celebrar a consoada de máscara, em mesas separadas e com as janelas abertas. Não morreremos de Covid-19, mas de tédio, de tristeza, de estupidez e de hipotermia…
You and Pedro Tradewind Salgueiro
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