(in)sucesso do prosucesso

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O mesmo jornal, dois títulos contraditórios.
Achei que o Tribunal de Contas agora se dedicava a emitir pareceres pedagógicos…
O sumário da auditoria esclarece: o âmbito é a análise do impacto financeiro e dos resultados obtidos e não a qualidade das aprendizagens ou dos projetos. E aqui reside o âmago da questão.
Tendo por ponto de partida uma calamidade, ou seja, o ano de 2011 em que apenas 23 % dos jovens açorianos entre os 15 e os 24 anos apenas tinha concluído o 2 ciclo; uma taxa de abandono escolar de 43,8% e, em todos os ciclos, a taxa de retenção mais elevada do país, qualquer evolução que se fizesse seria considerada um êxito. Num programa, cujo impacto financeiro foi, entre 2011 e 2015, de 18,2 milhões de euros, sem incluir as remunerações do pessoal afeto ao projeto, era imperioso que houvesse resultados, quanto mais não fosse pela enorme pressão exercida sobre o sistema por conta da sua monitorização.
Restam as questões mais importantes: serão estes resultados efetivamente um sucesso? Será a qualidade das aprendizagens uma realidade ou uma ficção?
Os professores podem responder a isto. De resto, já responderam nos inquéritos, conduzidos por uma equipa da UA, que levaram à conclusão “contrária “.
Terá o Prosucesso sido bem sucedido apenas na transmissão de percepções erradas sobre o valor do trabalho? Os alunos terão aprendido, entretanto, que, independentemente do esforço, o sistema estava apostado na sua transição?
O “valor pedagógico” do prosucesso poderá ser difícil de desmontar e acrescentamos mais um problema ao novelo. Como desmontar a mensagem de que os objetivos se atingem efetivamente com estudo e trabalho?
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  • Ana Isabel D’Arruda

    Mais de 13 milhões de euros foram aplicados em medidas de emprego.
    O relatório não refere as taxas de sucesso, e que foram muito boas. Houve muito empenho de todos os profissionais de Educação envolvidos e muita motivação por parte dos alunos. É cert…

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      Paula Cabral

      Ana Isabel D’Arruda, o prosucesso não tinha, ou ainda não tem, como objetivo aumentar a taxa de emprego. Só se for na perspetiva de que os alunos que completam a escolaridade conseguem emprego mais facilmente. Mas as competências que adquirem continuam…

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  • José Carlos Almeida

    👏👏👏👏muito bem observado, também vi esta notícia no telejornal e fiquei muito admirado, mas como não tenho dados concretos, fiquei na dúvida. Estes programas e estas formações profissionais estão todos feitos à medida e ao nível dos políticos, é necess…

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  • Sonia Ariana Dias

    Quem leu o relatório que foi enviado para as escolas, sabe que não foram “tratadas” todas as respostas de todos os docentes. O que me leva a uma pergunta: perdi quase 45 minutos a preencher um questionário para quê? Quanto ao Programa, continuo a dizer…

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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
Esta entrada foi publicada em AICL Lusofonia Chrys Nini diversos. ligação permanente.