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Eu já tinha pensado cá comigo: até que enfim que a comissão vai reunir para discutir a situação do h10. E foi meio dito meio feito: que massacre. Não sei ao certo a esta hora como a comunicação social vai ler o que aconteceu ontem na comissão dos assuntos sociais, mas lembro-me que era nisso que eu me excedia como jornalista: ouvia aqueles chumaços de uma ponta à outra. Era o que me dava uma visão mais perfetcha das coisas que me passavam pela frente – e talvez por isso acontecia-me imenso a situação de cada pedra cada minhoca.
No final percebe-se que é o bloco contra o mundo com o ps à espreita, mas o que seria do mundo sem a multiplicidade de blocos – frase que me fez lembrar a imagem com que fiquei, dos tipos a criticarem a publicação dos números, os mesmos números que lhes davam armas para tentarem criticar. São os paradoxos da vida, mas gosto disto!
Assim nuns parágrafos poderia resumir a audição nos seguintes termos:
Primeiro veio o então responsável pelo serviço de informática do HDES – cheguei tarde, só apanhei o fim e não gravei, mas já vi uma notícia por aí. Nada de especial, usou a tal carta já publicada e conhecida. A seguir veio o sindicato dos enfermeiros, que aqueceu de imediato a sala com os rasgados elogios feitos ao atual CA, com destaque para a vogal da enfermagem e para a envolvência de todo o sector que se vive neste momento no HDES. E nunca largou!
Seguiu-se a representante da Ordem dos Médicos nos Açores, um pouco caótica, sem se perceber ao certo que situações “graves” estava a apontar – “questão de empatia”, disse ela, sublinhando “burnout” de médicos (mas nunca esclarecendo se seria comum noutas unidades de saúde) e mais umas sugestões de “falta de carinho” do CA para com “os” médicos. Desceu mais que baixo quando incutiu a dúvida sobre a qualidade, não apenas dos dados estatísticos operacionais do HDES, mas sobretudo nas cirurgias de recuperação das listas de espera, que têm obtido tanto sucesso. “Não estou a duvidar… mas não sei…”, insinuou ela.
O seu prato de resistência seria a nomeação da diretora de serviços de Endocrinologia – cujo desempenho elogiou fortemente, refira-se –, sublinhando várias vezes que “a legislação nacional” não estaria a ser cumprida. “Vivemos num estado de direito, as regras têm de ser cumpridas”, chegou a afirmar em tom de reprimenda! Isto para ser totalmente desmentida pelo convidado seguinte, do sindicato independente dos médicos…
André Frazão foi peremptório quando o bloco apresentou a questão como legislativamente consumada: “tenho pena de discordar consigo, mas com base nos pareceres jurídicos que temos, a nomeação dos diretores de serviço não é feita por concurso”! Até o presidente da mesa deu um salto! Então não era uma ilegalidade do CA? Parece que não, e para um argumento tão empolgado e repetido pela ordem, algo não bate certo.
Ainda mais quando o deputado Neto Viveiros perguntou se esses cargos (que dão recompensas de até 10% do ordenado, para sensivelmente o dobro do trabalho) são encarados como benesses: não não, não são benesses, repondeu: “são uma carga de trabalho e só os melhores podem fazê-lo”. Uoó: não era um tacho “de esposos”?
De seguida veio Cristina Fraga, e trazia o trabalho de casa bem feito – não é muito dada ao discurso, e isso notava-se, mas a sua linha de raciocínio é claríssima. Começaram pela informática, e foi enumerando os muitos erros, gravíssimos, do responsável, que no final levou à suspensão dos seus serviços – e não ficou grande dúvida, quer sobre a sua legalidade como a sua justificação. Apenas o deputado Tiago Lopes não pareceu entender que houve 2 eventos informáticos – e até este momento continua a jurar que bastava que o diretor tivesse acordado mais cedo e religado a coisa 2 horas antes para estar tudo regularizado (como no evento anterior)! Enfim, não tem de ser especialista em tudo – no HDES, claramente que não é!
E talvez um detalhe que acabou por ser o “escândalo” da sessão (embora aparentemente isso não exista cá): a média de consultas prestada pela médica Margarida Moura nos últimos 2 anos (18 consultas por ano), que levou a PCA a referir que, apesar de desempenhar aquele cargo de gestão, não prescinde de dar consultas – e nas 2 horas por semana em que o faz, já deu 180 consultas este ano… Interessante!
Seguiu-se o secretário Clélio Menezes, que no geral reforçou a posição de confiança na gestão do HDES, sem grandes sobressaltos para além da sua ligação áudio com a comissão, que falhou várias vezes.
Como eu concluiria: há os caçadores, os que vão à caça e caçam, e há os que vão à caça e são caçados!
Daqui por umas semanas teremos isto em livro. Faço questão de publicar esta obra prima – já que deixou de estar online para todos poderem ver em filme. Aí veremos os detalhes do pensamento político, social e de je ne sais pas quoi que subsiste na nossa sociedade – ou talvez mais simplesmente, uma outra versão da história de O Rei Vai Nú ou de Quando A Montanha Pariu Um Rato.
Assim se desfaz uma tempestade num copo de água, mas é certo, como costumo dizer, que é lixado entrar numa discussão sem se ter razão! Have fun!
PS: Estou mesmo curioso sobre como é que o Info vai pegar na audição – que milímetro daquelas horas vão descobrir para soundbyte. Curioso, mesmo. Se alguém vir, que me diga… 


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- ActiveManuel MonizSobre os atos médicos sem doente, uma passagem interessante…0:00 / 0:10
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