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PEDRO DA SILVEIRA:
os Cadernos Açoreanos e os tais
Nos inícios de 1950, surgiu em Ponta Delgada um projecto editorial suportado por um sistema de assinaturas: os Cadernos Açoreanos. Era, entre outras coisas, uma forma de obstar à precária situação do livro e da sua distribuição.
O prospecto para inscrição de assinantes incluía, na frente, os nomes daqueles jovens «autores de 40», mesmo alguns que depois pouco publicaram: das Flores, do Faial, da Terceira e de S. Miguel – o que era também sinal de uma certa geografia literária e intelectual.
Em carta de 24.06.1997, Pedro da Silveira informava-me que o prospecto fora feito «na tipografia d’A Ilha pelo tipógrafo xxx, um anarquista, dos Arrifes, com quem sempre contámos – até para nos compor, a mim e ao Carlos Wallenstein, algumas clandestinidades…»
Mas logo o alerta foi enviado para Lisboa onde, em Setembro desse mesmo ano, o jornal da Frente Académica Patriótica se encarregava de denunciar publicamente a iniciativa açoriana e, em particular, Pedro da Silveira. Depois disso, obviamente, «nenhuma tipografia das Ilhas quis fazer a impressão dos fascículos», como desabafava Pedro da Silveira na referida carta.
No exemplar do prospecto em meu poder, um dos subscritores iniciais acabou por cancelar a assinatura, possivelmente por precaução, dada a sua condição de funcionário público.
O nome do zelota que enviava «notícias» para a pátria já pouco dirá aos cidadãos de hoje.. Dele ficou o rasto de mais este episódio triste da História da Literatura dos Açores «nesses calamitosos tempos do salazarismo» (Pedro da Silveira) l e principalmente o elogio que (Deus o guarde) lhe saiu pela culatra ao referir essa geração como «os melhores valores da juventude intelectual açoriana».
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