ética republicana

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ÉTICA REPUBLICANA.
A propósito da efeméride da implantação da República Portuguesa, tenho visto por aqui alguns comentários que põem em causa o conceito de «ética republicana» – alegando que nos tempos que correm haverá mais corrupção do que nos velhos tempos da monarquia. Talvez, não sei – até porque não há elementos objectivos que permitam tais comparações. Refiro-me a números, naturalmente.
Porém, há bastos exemplos de uma ética republicana que tem a ver com valores muito mais altos do que a caça aos cidadãos corruptos que se servem do Estado, e das facilidades que ele lhes concede, em proveito próprio. Ressaltarei dois:
Primeiro: numa República, qualquer cidadão se pode candidatar ou aspirar a qualquer cargo da hierarquia política do Estado; pelo contrário, numa Monarquia, o cargo mais alto e representativo é exclusivo de uma determinada família que ninguém escolheu.
Segundo: na I República, e de um modo especial no tempo dos dois primeiros Presidentes – Teófilo Braga e Manuel de Arriaga (por acaso, dois açorianos…) – os Presidentes deslocavam-se em transportes públicos e pagavam do seu bolso a renda do Palácio Presidencial quando nele habitavam. Para assim marcarem a diferença. Parece que Ramalho Eanes terá feito o mesmo enquanto morador do Palácio de Belém.
Isto para mim é Ética Republicana.
O que veio entretanto e depois nada tem a ver com República: são casos de polícia e de tribunal.
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  • Pedro Cordeiro Ponte

    Subscrevo em parte – e concordo. No entanto, enquanto a maioria dos cargos públicos precisarem de passar pelo crivo e listas partidárias, duvido que o acesso universal aos mesmos seja concretizado. Bom feriado!
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    • 35 m
  • Nuno Meireles

    O que será também admirável, é que na figura de Teófilo Braga, mesmo que questionavelmente, tivemos um presidente e um historiador da literatura (é dele uma das poucas histórias do teatro portuguê que existem, e em 150 anos não se fizeram mais que cinco ou seis).
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    • 16 m
  • Joaquim Fraga

    Muito bem. Policia sem força, a justiça e outros valores conquistados, é o que vemos. Onde está a “Ética Republicana”? Talvez devêssemos começar perguntar, pelo o cargo hierárquico mais alto, desta republica.
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    • 38 m
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  • Edgardo Costa Madeira

    E o conceito de golpe de Estado ?… Implantação é um nome tão bucólico… Lembra a Jardinagem… A ética procedeu, atempadamente, ao devido referendo do golpe de jardinagem.??… Ou, até, retirou o direito de voto a algumas massas incultas ?… Bom é o feriado…
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    • 17 m
  • Isabel Jorge

    Inteiramente de acordo
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    • 10 m
  • João Mendes Fagundes

    Luís Luiz Fagundes Duarte , compreendo a sua aflição, mas eu não estabeleci qualquer comparação entre uma eventual “ética republicana” e outra eventual “não ética monárquica”. Ou há ética ou não a há. E não a havia na monarquia como continua a não haver. O compadrio e a desvergonha estão aí diariamente para quem lê jornais ou ouve as notícias. Conclusão. Imagino a quem dirigiu a invectiva, mas não encaixo, sempre a considerá-lo. Nota: não pretendi, longe de mim, fazer qualquer apologia do sistema de governo monárquico. Aliás, nem sequer entendo bem como é que alguns dos países mais evoluídos da Europa a aturam, mas devem ter as suas razões.