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“Félix Rodrigues alega que o fenómeno é mais habitual no final do inverno: Poeiras do Saara chegam aos Açores num período pouco comum”.
A fotografia é da autoria de António Araújo.
Nos últimos dois dias, as poeiras do Saara afetaram sobretudo as ilhas do grupo central, mas deverão agora deslocar-se para o grupo oriental.
Desde quarta-feira que há um “nevoeiro” diferente nas ilhas do grupo central. Os mais atentos terão associado o fenómeno às poeiras do Saara, que volta e meia afetam a região.
O investigador Félix Rodrigues, especialista em poluição, confirma-o, mas diz que não é comum aparecerem nesta época do ano.
“O que é normal é que elas apareçam no final do inverno, princípio
da primavera ou a meio do verão.
Estamos num período em que é extremamente incomum”, avançou, em declarações a DI.
Segundo Félix Rodrigues, a concentração de partículas em suspensão, provenientes do Saara, ocorreu desde quarta-feira, sobretudo no grupo central, mas a partir de hoje deverá reduzir-se nestas cinco ilhas e intensificar-se no grupo oriental.
“No grupo central desce drasticamente. Vai começar a ver-se mais o seu efeito no grupo oriental”, explicou.
Ainda que sem dados que o comprovem, o investigador acredita que a concentração de poeiras do Saara nesta altura do ano se justifique pela existência de “duas circulações
ciclónicas no Atlântico”: a tempestade tropical Victor, que se encontra abaixo de Cabo Verde, deslocando-se para oeste da ilha das Flores, e que se prevê passar amanhã a ciclone de categoria 1, e o ciclone Sam, de categoria 4, que está a provocar distúrbios
na bacia do Atlântico Norte.
Segundo Félix Rodrigues, “não é credível” que estas partículas sejam provenientes do vulcão de Cumbre Vieja que entrou em erupção em La Palma, porque estas poeiras terão sido transportadas desde a Mauritânia para os Açores, passando por cima de Cabo Verde e não das Canárias.
No entanto, é possível que nas próximas semanas possa chegar à região uma mistura de poeiras do Saara e de poeiras do vulcão.
O investigador recomenda que em caso de deteção de poeiras do Saara nos Açores a população utilize máscara, porque as partículas finas “entram diretamente no trato respiratório” e podem ser nocivas para a saúde.
Na quarta-feira, a concentração de partículas em suspensão de diâmetro inferior a 2,5 micrómetros, no grupo central, foi superior aos limites definidos para a concentração aceitável de poluentes (20 microgramas por metro cúbico).
Ontem, baixou para 16 a 18 microgramas por metro cúbico, mas habitualmente, essas partículas não ultrapassam 1 micrograma por metro cúbico.
“Estamos no limiar da qualidade do ar aceitável”, alertou Félix Rodrigues.
Nas restantes ilhas, a concentração de partículas foi mais reduzida. No grupo oriental, rondou os 6 microgramas por metro cúbico e no grupo ocidental ficou-se pelos 3 microgramas por metro cúbico.
Quanto ao falso nevoeiro que afetou as ilhas, é justificado, segundo Félix Rodrigues, por uma maior concentração de partículas ainda mais finas, de 1 micrómetro, que têm um “efeito climático”.
As partículas finas provocam um fenómeno que se assemelha ao nevoeiro.
Nos últimos dois dias, as poeiras do Saara afetaram sobretudo as ilhas do grupo central, mas deverão agora deslocar-se para o grupo oriental.
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