Views: 0
ç
í
As críticas internas à estratégia do PS nos últimos tempos estão a subir de tom, mesmo publicamente, pondo também em causa a liderança de Vasco Cordeiro.
O resultado das eleições autárquicas fez transbordar as críticas para o domínio público por parte de alguns críticos do PS e até o próprio responsável pelo PS na ilha de S. Miguel, André Rodrigues, escreveu na edição de ontem do Açoriano Oriental, que os resultados eleitorais “devem ser o ponto de partida para uma reflexão mais abrangente”.
André Rodrigues vai mais longe e afirma mesmo que é preciso agora “ter a coragem de preparar o futuro, com uma nova estratégia que seja capaz de inverter a tendência verificada nos dois últimos actos eleitorais”.
Já antes, na edição do Correio dos Açores, a ex-deputada e socialista Sónia Nicolau tinha escrito que “o caminho que estamos a seguir não pode continuar”.
“Repensar o PS nos Açores, face às realidades políticas diferentes, e refrescar protagonistas – ideia que repito há algum tempo e noutros fóruns” é um dos desafios que a ex-deputada lança ao partido.
Sónio Nicolau diz ainda que “estes caminhos devem ser trabalhados dentro do PS, mas não fechado em grupos que nos conduziram aos últimos resultados eleitorais”.
Pedro Arruda arrasa estratégia do PS
Uma das vozes mais críticas, há longo tempo, é o socialista Pedro Arruda, empresário e que foi Delegado de Turismo de Ponta Delgada.
Pedro Arruda, na sua página das redes sociais, escrevia ontem que “o meu camarada André Rodrigues, Secretário Coordenador de Ilha de São Miguel, assume hoje, na sua coluna de opinião no AO, a necessidade de “reflexão” no PS-Açores. É com muita satisfação que vejo os dirigentes do PS a, finalmente, chegarem a esta conclusão. Na última assembleia geral de militantes de Ponta Delgada, em janeiro ou fevereiro deste ano, não parecia haver essa necessidade. E aos vários alertas que deixei nessa
reunião responderam-me com animosidade e, até, sobranceria”.
Depois de classificar os resultados eleitorais como “desastroso”, Pedro Ar- ruda recorda que “nessa reunião sugeri que o candidato do PS à jóia da coroa das autarquias açorianas fosse o próprio Vasco Cordeiro ou, em alternativa, Francisco César. Aos mais altos cargos devem-se candidatar os mais proeminentes dirigentes e era uma forma de percebermos, com certeza, qual o efectivo peso político de ambos, um como actual líder e o outro como putativo candidato. Não foi essa a escolha e, se calhar, a reflexão deve começar exactamente por aqui. Porquê André Viveiros e Duarte Ponte? Foram essas as melhores escolhas? Bom, julgo que os resultados respondem a esta pergunta. Mas, outra pergunta que importa fazer, refletir, se quiserem, e a que o partido devia responder publicamente é se não havia outras alternativas? E, se é verdade que, contra a vontade do líder do partido, foi a concelhia de Ponta Delgada que forçou a candidatura de André Viveiros em detrimento de Ana Cunha? A ser assim há ilações claras e responsabilidades dirigentes que tem que ser assacadas. A estratégia falhou e já vem falhando há algum tempo… “.
Pedro Arruda faz ainda sugestões, concluindo da seguinte forma: “Ainda em matéria de “reflexão” era importante perceber se as concelhias de São Miguel estão disponíveis para renovar as listas de delegados ao Congresso, saindo da habitual lógica de associação de estudantes e abrindo o partido à militância. Também seria importante perceber se as estruturas dirigentes do PS-Açores, da sua maior ilha, estão disponíveis para “refletir” sobre duas propostas, para mim essenciais, neste momento político: 1) uma alteração estatutaria que retire ao Presidente Honorário, Carlos Cesar, responsabilidades efectivas na mesa do congresso e na comissão regional. 2) propor a criação de um órgão consultivo, à margem do secretariado, que funcione como governo sombra, com gabinetes sectoriais que façam efectiva oposição ao governo das direitas encostadas, pasta a pasta, dossiê a dossiê. Fazendo para isso uso do vasto painel de quartos políticos altamente qualificados que o partido ainda tem.
Acho que para “reflexão” já era um bom começo”.
Eleições em Janeiro e congresso em Fevereiro de 2022
O congresso do PS/Açores foi adiado para Fevereiro de 2022 e a estrutura vai a votos em Janeiro.
Na noite das eleições do passado domingo Vasco Cordeiro voltou a afirmar que se irá recandidatar à liderança do PS.
Já a meio deste ano Vasco Cordeiro tinha afirmado que se recandidataria, fossem quais fossem os resultados das autárquicas.
“Tive a oportunidade de partilhar com os meus camaradas da Comissão Regional que, independentemente dos resultados das eleições autárquicas, apresentar-me-ei como candidato a presidente do Partido Socialista nesse acto eleitoral interno do PS, a propósito do próximo congresso”, informou o líder da estrutura regional socialista depois da reunião da Comissão Regional, ocorrida naquela altura em Ponta Delgada.
(Diário dos Açores de 01/10/2021)
1 comment
1 share
Like
Comment
Share
1 comment
All comments
- Antero QuentalDeixem o PS assim, até que os camaleões abandonem o barco. Depois da limpeza feita, reorganizem-se !!!