E agora Afeganistão?

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A CAUSA DAS COISAS
E agora Afeganistão?
As mulheres voltarão a ser sujeitas a leis medievais, as pessoas comuns que não aceitem a ‘sharia’, sofrerão as consequências, aqueles que nos últimos vinte anos trabalharam para estrangeiros – e as meninas que deixarão de poder ir à escola, porque nem todas terão condições para ser Malalas, estão na mira dos extremistas Talibãs!
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Há quem pergunte: como foi possível os talibãs reconstruírem a força com que estão a varrer de novo o Afeganistão, depois de duas décadas de controlo militar estrangeiro?
A resposta é múltipla e complexa, mas é importante ter em conta que um governo apoiado por forças militares estrangeiras é sempre um governo fraco; mais fraco ainda quando a percepção geral sobre ele é a de que está minado pela corrupção.
Outro elemento crucial: o modo como os pashtun, base tribal de onde provêem os talibãs, se sentiram tratados na partilha de poder depois de 2001; não esquecer o pormenor de os pashtun serem cerca de metade da população.
Cabul, o centro político, sob influência ocidental, perdeu o contacto com o país profundo, nacionalista, tribalizado, permitindo a emergência de um ressentimento que os talibãs souberam aproveitar.
A falta de paciência estratégica de Washington, que começou por se manifestar ainda no tempo de Obama e que teve um momento crucial nas negociações directas com os talibãs, promovidas por Trump, desembocou nesta situação, em que Biden decidiu lavar as mãos como Pilatos.
Os desenvolvimentos mais recentes fazem pensar que o cenário temível de confrontos abertos em Cabul, uma cidade de cinco milhões de habitantes, não acontecerá. Os estrangeiros saem, os membros do actual poder conseguem um salvo-conduto qualquer e apagam-se os holofotes do mundo.
Quem sofrerá as consequências? As mulheres que voltarão a ser sujeitas a leis medievais, as pessoas comuns que não aceitem a ‘sharia’, aqueles que nos últimos vinte anos trabalharam para estrangeiros – e as meninas que deixarão de poder ir à escola, porque nem todas terão condições para ser Malalas.
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