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José Soares
O cartel partidário
A forma negativa como o poder político se move em várias áreas no retângulo português, é a que mais contribui para que partidos como o ‘Chega’ tenham cada vez mais popularidade. O polvo está definitivamente envenenado.
E se este partido ‘Chega’ está neste momento em plena cirurgia de coração aberto nos Açores com uma forte crise interna, isto não implica que não recupere, contra cobras e lagartos que lhe lançam todas as outras forças partidárias. No fundo e ao chamarem toda a espécie de nomes, a perceção que temos é a de que o pânico se apoderou de todos, ao verem os números a subir semanalmente dessa extrema-direita.
A culpa nunca pode morrer solteira. O êxito do Chega, deve-se exclusivamente aos erros, aos desconcertos, aos abusos de poder de todos os partidos que exerceram esse poder ao longo dos anos no Portugal democrático. Deve-se aos herdeiros de Salazar que não quiseram virar a esquina do destino de uma vez por todas.
Preocuparam-se em mudar nomes de pontes, de avenidas ou ruas, numa tentativa infrutífera de reescrever a História. Não se preocuparam em atuar diferente, com transparência democrática, com os princípios republicanos exigidos, com a ética que a dignidade dos cargos exige, com a honestidade e humildade que a sabedoria aconselha.
Sem raízes democráticas, o novo sistema renunciou aprender com as experiências europeias mais antigas em regimes democráticos. Os poucos que logo se apoderaram das rédeas do poder político, logo engendraram processos constitucionais pouco transparentes, em muito derivados de cargas ideológicas contrarrevolucionarias extremistas de esquerdas ressabiadas.
Os partidos em Portugal agem em cartel:
“O cartel é a associação entre empresas do mesmo ramo de produção com o objetivo de dominar o mercado, disciplinar a concorrência e maximizar lucros. As partes entram em acordo para padronizar um preço, garantindo um alto valor dos seus produtos ou serviços. A formação de um cartel é ilegal, pois prejudica a economia e o acesso do consumidor à livre concorrência”.
O processo de que quem não é do grupo, é contra o grupo. Estabeleceu-se um padrão de vida partidária de conluio político que, com o tempo, só tem descambado para toda a espécie de maus exemplos cívicos dados pela elite política tão deficientemente formatada.
Mesmo os novos eleitos, uma vez dentro do aparelho geral (leia-se parlamento) são ensinados na vivência de toda a sorte de malabarismos. “Vai com calma, pá. Espera pelo fim de cada mês e pronto”.
Para os mais resilientes, o castigo clássico de grupo – o menosprezo. E assim o vício torna-se em vírus infetando todos os elementos.
Cada cidadão tem cada vez mais o dever de defender a Democracia, através de atos cívicos de participação em todas as frentes. Começando por castigar nas urnas de voto, toda esta onda de soberba abusiva destes ministros que passam a vida pública a denegrir a política e a contribuir para o aumento da nossa deceção.