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Um grupo de cidadãos convocou para hoje uma vigília de protesto, junto ao Palácio de Santana, contra as medidas decretadas pelas autoridades sanitárias para a ilha de S. Miguel.
As manifestações cívicas são actos de cidadania democrática e só numa região em que é raro elas se realizarem é que poderemos estranhar.
Os partidos políticos não gostam deste tipo de manifestações, porque se apoderaram do espaço público e político como sendo apenas dos partidos, torcendo o nariz a quem se atreve ocupar o mesmo palco em nome da cidadania e da participação cívica.
Ficou demonstrado, há pouco tempo, no parlamento regional, quando rejeitaram uma proposta de um outro movimento cívico para alterar aspectos do nosso sistema eleitoral que são autênticos absurdos.
A cultura da partidocracia que se implantou no país não dá espaço a que outros movimentos se introduzam em terrenos que as forças políticas julgam ser apenas delas.
É por isso que o estado da nossa democracia está como está e a participação cívica, especialmente nos actos eleitorais, é aquilo que se conhece.
Todas as medidas restritivas, no combate à pandemia, mexem sempre com muitas actividades e há muita gente que é, naturalmente, prejudicada.
Os governantes e as autoridades sanitárias justificam estas medidas com a defesa da saúde pública, um bem essencial que deve ser protegido com uma boa explicação e muita sensatez.
No processo complicado em que vivemos, há mais de um ano, ninguém está isento de erros. Este governo já os cometeu e o anterior também.
É no equilíbrio e na avaliação dos pró e contras das medidas que elas devem ser aplicadas, acompanhadas sempre de apoios aos sectores prejudicados.
A medida de fechar os restaurantes às 20h parece pouco sensata e as autoridades nacionais já perceberam isso, abrindo a restauração no país, com regras, à excepção dos poucos concelhos onde ainda impera muita transmissão comunitária.
Numa ilha e numa comunidade com a dimensão como a nossa, onde os focos estão identificados, parece pouco sensato aplicar medidas de enorme restrição num concelho, quando no outro ali mesmo ao lado tudo é permitido.
Não é fácil a tarefa dos profissionais de saúde, sobretudo os que estão na linha da frente, como também não o é para quem investiu aquilo que tinha em negócios que apenas têm maior recuperação nesta época de Verão.
Fazer publicidade internacional a apelar aos turistas para visitarem ilhas seguras e depois impor restrições nos lugares mais frequentados pelos mesmos, não parece sensato.
Apesar de tudo – e é o mais importante – é que já se vê uma luz ao fundo do túnel com a vacinação em massa nos Açores.
É verdade que S. Miguel é o caso mais complicado, mas estamos certos que toda a população micaelense seria vacinada mais cedo se a República enviasse o número de vacinas suficiente para a imunidade desta ilha.
Optou – e muito bem – por enviar cerca de 12 mil para as ilhas sem hospital, vários meses depois dos Açores terem solicitado que fôssemos um exemplo para a Europa.
Agora é preciso que continue a corrigir as distorções que criou, enviando o mais rapidamente possível as vacinas e recursos necessários às ilhas maiores.
Ainda há esperança.
Portugal no lodo
Um organismo do Estado mata um ucraniano no Aeroporto de Lisboa e ninguém é responsável.
Morrem mais de 60 pessoas no incêndio de Pedrógão Grande e ninguém é responsável.
A Câmara Municipal de Lisboa envia para a ditadura russa dados privados de activistas russos em Portugal e ninguém é responsável.
É o mesmo país que aprova uma Carta Digital que prevê o regresso da Censura Prévia.
Portugal está no lodo.
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 13/06/2021)
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