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A figura do MAX BRIX ELIZABETH, UMA VIDA DE LIBERDADE LIBERDADE E O “25 DE ABRIL”
“O conceituado fotógrafo, o desportista e o amante da música, da cultura e da liberdade”
MAX BRIX ELIZABETH, nasceu no dia 28 de Dezembro de 1949, às dez e trinta da manhã, no 2º piso do número 95 da Rua Dr. Teófilo Braga, em Vila do Porto, tendo o seu falecimento ocorrido no Centro de Saúde da mesma Vila mariense, no dia 7 de outubro de 2010. Era filho dos artistas circences José Elisabeth e Emma Bertha Brix, pais também de Sónia Elisabeth e Trudi Elisabeth, tendo esta última, também constituido família em Sta Maria, onde aínda reside.
Dos dez filhos de Anastácio Anastasópulo e Lúcia Cardinali, José Elisabeth, nascido em Santiago do Cacém, no Alentejo, caiu em graças de Emma Bertha Brix, natural da cidade de Breslau, Alemanha. Aos 18 anos, Emma, incorporou um circo francês que, mais tarde, em digressão pela Península Ibérica, se instalou no Palácio de Cristal, na Cidade do Porto. Nos arrabaldes estava o circo Cardinali, onde José (Pepe) se instalava com a família, tendo aí conhecido Emma.
Dessa recente paixão, resultou a mudança de Emma para os Cardinali. Casaram-se depois, mantendo-se no entanto no circo, percorrendo o País de lés a lés.
Em 1935, os Cardinali viajaram até São Miguel, nos Açores. Após alguns espetáculos pela ilha, Pepe tem a oportunidade de trocar a vida do circo pela de fotógrafo “a la minute”. Assim o fez. Comprou uma máquina, montou negócio nas portas laterais da igreja Matriz em Ponta Delgada, onde fotografava, simplesmente, para registar uma visita turística aos Açores, ou para envio das fotos às famílias no Canadá ou nos USA, para matar saudades.
Durante a Segunda Grande Guerra paravam, em São Miguel, ingleses e alemães, em barcos que reabasteciam e davam algum movimento à cidade. Nesta altura Pepe explorou, junto ao hotel Terra Nostra nas Furnas, o seu negócio de aluguer de bicicletas. O turismo ecológico ou ocasião. Ainda hoje, pessoas mais idodosas das Furnas o recordam como a figura de vários ofícios, casado com a alemã que aprendia português, mas sem nunca perder aquele sotaque que tanto os divertia.
No inicio dos anos 40, os americanos decidem construir uma base militar em Santa Maria. A ilha era, na época, o “El Dorado”, terra de oportunidades de trabalho para onde confluíam gentes de todo o arquipélago. Movida por essa atração, em 1946 a família Pepe decide mudar residência definitiva para Vila do Porto, nascendo a histórica “Foto Pepe”, assim como, 3 anos depois, também o seu único filho mariense: Max Brix Elizabeth.
Max Brix Elisabeth, inicialmente para se chamar Max Günther Brix Elisabeth (em memória do seu tio Max Günther morto num campo de concentração durante a Segunda Grande Guerra), foi criado em Santa Maria e aí permaneceu até completar 19 anos. Durante este período passou pela Mocidade Portuguesa, fez a 4ª Classe na Escola Primária de Vila do Porto, da qual passou para o Externato de Santa Maria, onde completou o 5º ano.
Em 1969, vai prestar serviço militar alistando-se na Força Aérea, em Lisboa, durante 4 anos, dos quais, os últimos dois foram passados em Angola, na Guerra do Ultramar.
Em 1973, regressa a Lisboa desta vez para trabalhar na Kodak, dando-se inicio à sua carreira no mundo da fotografia. Durante 6 anos aprendeu e aperfeiçoou técnicas fotográficas desde a captura da imagem até à sua revelação.
Rendeu-se aos encantos da vida na Capital, aproveitando e absorvendo toda a sua energia. Juntamente com aqueles amigos, que ficaram para a vida, entre os quais José Medeiros e Bruno Ferreira, com os quais partilhou residência, no número 130 da Avenida Gago Coutinho, explorou Lisboa, Portugal Continental e a Europa, em inúmeras viagens que o levaram, entre outras cidades, a Amesterdão, cidade pela qual ganhou um carinho especial ao deparar-se com uma mentalidade aberta, livre com pouco lugar a preconceitos e discriminações.
No o ano de 1976, regressa a Santa Maria, juntando-se ao seu pai, no negócio da Foto Pepe e iniciando uma vida sócio-cultural, que viria a ser intensa.
Casou-se em 1978 com a mariense Paula Barros, optando por fazer o casamento “romanticamente” na ilha do Corvo, sendo uma cerimónia discreta, só com a assistência dos seus amigos marienses Emanuel e Graça Batista.
Em 1979, nasce o seu primeiro filho, Frederico Barros Brix Elisabeth (atualmente arquiteto) e cinco anos mais tarde completa-se o núcleo familiar com o nascimento do seu filho mais novo, Rui de Barros Brix Elisabeth, hoje já conceituado fotógrafo-artista, com trabalhos de reconhecimento nacional e internacional.
A relevância pública do grande e popular Max, figura humana de fino trato e simpatia, que todos os marienses conheciam e pelo qual nutriam carinho, é sem dúvida ressaltada pela sua ligação à fotografia, à música, ao desporto e também ao património e ao associativismo, passando também pela política, tendo sido meu colega na Assembleia Municipal, representando o PSD, naquela altura.
Falando um pouco dele como pessoa e do seu amor à nossa ilha, cultivava uma relação humana e de proximidade com todas as pessoas, cumprimentado sempre com o seu sorriso peculiar, ouvindo, persuadindo e fundamentalmente dando importância a todos.
Profissionalmente, o Max Brix Elisabeth foi um conceituado empresário do ramo da fotografia, tendo dado continuidade, modernizado e engrandecido a empresa deixada pelo pai – a conhecida “Foto Pepe”, que hoje possui um arquivo fotográfico de elevado interesse público, com cerca de um milhão de fotografias, muitas das quais um verdadeiro património da cultura e vivência de Santa Maria, desde meados do séc. XX.
A nível político, O Max, mesmo perfilando, na altura, cores diferentes das minhas, na Assembleia Municipal, foi sempre um fiel companheiro e aliado incontornável na defesa da identidade e da cultura marienses, pugnando sempre, em conjunto, pela sua defesa, revitalização patrimonial, nomeadamente da zona histórica, mas também da nossa casa típica, moinhos de vento, fornos de loiça, azenhas, assim como pelo reforço de apoios às manifestações da cultura tradicional como grupos folclóricos e banda de música. Marcou a sua atuação pela coerência, bom senso, e independência de pensamento, recusando seguidismos partidários, colocando-se sempre ao lado do que melhor servia Santa Maria.
No campo político, ainda foi candidato à Junta de Freguesia de Vila do Porto pelo PSD, candidato a deputado regional pelo círculo eleitoral de Santa Maria, pelo mesmo partido, e mais tarde pelo do Partido Socialista, tendo sido também membro da Comissão de Honra da Candidatura de Carlos César à Presidência do Governo Regional dos Açores,
Amante da música, aprendeu a tocar diversos instrumentos, entre os quais a guitarra, a bateria e até mesmo o acordeão e fez parte de vários projetos musicais que animavam os bailes do Clube Asas do Atlântico e vários assaltos de carnaval.
Foi um dos relevantes fundadores da Associação Maré de Agosto e, durante cerca de 20 anos, a “alma” deste festival – um dos mais antigos de Portugal e uma das principais referências nacionais neste género de eventos.
Em termos de prestações sócio-comunitárias, o Max integrou órgãos sociais de inúmeras associações, como do Clube Asas do Atlântico, Grupo Desportivo Gonçalo Velho, Associação de Música e Artes dos Arquipélagos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, Associação Amigos da Praia, Circulo de Amigos de São Lourenço, tendo ainda sido correspondente da RTP-Açores em Santa Maria, e importante fotógrafo-colaborador do Baluarte, disponibilizando fotografias para ilustrar diversos artigos, incluindo alguns dos meus.
No desporto, foi atleta Clube Asas do Atlântico jogando hóquei-em-patins e futebol, assim como do Grupo Desportivo Gonçalo Velho, ao qual dedicou a maior parte do seu tempo como jogador e treinador de futebol, tendo sido posteriormente dirigente, dando sempre exemplos de nobre desportivismo, de lealdade no campo e de respeito pelos adversários.
Pela sua ação no campo desportivo, mas sem dissociar todas as suas prestações sócio-comunitárias, o Max foi homenageado, em 2006, na Gala do Desporto Mariense, tendo sido para mim uma honra lhe ter entregue o galardão de reconhecimento/gratidão, em nome de Sta Maria, perante o aplauso de pé da plateia repleta do histórico “Atlântida Cine”.
Os fundadores da Gala do Desporto Mariense, Zeca Valente e José Melo, por altura do falecimento do Max, juntaram vários amigos e promoveram um torneiro em sua homenagem, antecedido de um pequeno discurso sobre a sua obra e da entrega de uma salva memorial, à sua esposa.
O Max era um verdadeiro embaixador de Santa Maria no exterior e um grande promotor e divulgador das suas riquezas, belezas e grandezas culturais, paisagísticas e humanas.
O Max amava incondicionalmente Santa Maria e as suas gentes, ostentando o seu orgulho de ser “cagarro”, através das suas magníficas fotos, nas apaixonadas conversas e até no toque do seu telemóvel, que emitia o canto peculiar daquela ave, quando recebia chamadas.
O Max deixou saudades e referências tanto aos adultos como aos jovens, aos menos abonados e aos mais despojados porque SOUBE SER: ser um homem modesto e distinto, erradiador de sorriso e simpatia para com todos, ser amante da liberdade e da tolerância, mas firme nas convicções e valores que defendia; porque SOUBE ESTAR, estar sempre ao lado de Santa Maria, no seu pulsar, no seu borbulhar diurno e noturno, estar nos seus acontecimentos de vulto, apoiando, estimulando e incentivando projetos; porque SOUBE FAZER: fazer na sequência do seu pai, um espólio documental ímpar da sua ilha, um tesouro inestimável para a memória coletiva e história de Santa Maria, trabalhou despojada e incansavelmente na criação de eventos culturais que atualmente referenciam a nossa terra, e “distribuiu-se” por diversas associações, dando um exemplo singular de participação cívica e de entrega às causas públicas, que tanto falta à nossa terra.
Porque as pessoas só morrem quando nos esquecemos delas, em nome de Santa Maria e dos marienses, desejo perpetuar a sua memória e mostrar gratidão, pelos seus préstimos e legado, incluindo-o na galeria do PATRIMÓNIO HUMANO DE STA MARIA.
– José de Andrade Melo
CADEP-CN* de Sta Maria
(Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural)
![](https://scontent.fpdl1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/94545257_10219562938255528_3564729087953993728_n.jpg?_nc_cat=100&ccb=1-3&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=b8KSaaguPfoAX_rk_sz&_nc_ht=scontent.fpdl1-1.fna&oh=c86efaded7fadae4c71c065c3da31825&oe=60AD27DF)
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José Melo
is with
Rui Arruda
and
4 others
.
Rubrica: PATRIMÓNIO HUMANO DE SANTA MARIA
A figura do MAX BRIX ELIZABETH
“O conceituado fotógrafo, o desportista e o amante da música, da cultura e da liberdade”
MAX BRIX ELIZABETH, nasceu no dia 28 de Dezembro de 1949, às dez e trinta da manhã, no 2º piso do número 95 da Rua Dr. Teófilo Braga, em Vila do Porto, tendo o seu falecimento ocorrido no Centro de Saúde da mesma Vila mariense, no dia 7 de outubro de 2010. Era filho dos artistas circences José Elisabeth e Emma Bertha Brix, pais também de Sónia Elisabeth e Trudi Elisabeth, tendo esta última, também constituido família em Sta Maria, onde aínda reside.
Dos dez filhos de Anastácio Anastasópulo e Lúcia Cardinali, José Elisabeth, nascido em Santiago do Cacém, no Alentejo, caiu em graças de Emma Bertha Brix, natural da cidade de Breslau, Alemanha. Aos 18 anos, Emma, incorporou um circo francês que, mais tarde, em digressão pela Península Ibérica, se instalou no Palácio de Cristal, na Cidade do Porto. Nos arrabaldes estava o circo Cardinali, onde José (Pepe) se instalava com a família, tendo aí conhecido Emma.
Dessa recente paixão, resultou a mudança de Emma para os Cardinali. Casaram-se depois, mantendo-se no entanto no circo, percorrendo o País de lés a lés.
Em 1935, os Cardinali viajaram até São Miguel, nos Açores. Após alguns espetáculos pela ilha, Pepe tem a oportunidade de trocar a vida do circo pela de fotógrafo “a la minute”. Assim o fez. Comprou uma máquina, montou negócio nas portas laterais da igreja Matriz em Ponta Delgada, onde fotografava, simplesmente, para registar uma visita turística aos Açores, ou para envio das fotos às famílias no Canadá ou nos USA, para matar saudades.
Durante a Segunda Grande Guerra paravam, em São Miguel, ingleses e alemães, em barcos que reabasteciam e davam algum movimento à cidade. Nesta altura Pepe explorou, junto ao hotel Terra Nostra nas Furnas, o seu negócio de aluguer de bicicletas. O turismo ecológico ou ocasião. Ainda hoje, pessoas mais idodosas das Furnas o recordam como a figura de vários ofícios, casado com a alemã que aprendia português, mas sem nunca perder aquele sotaque que tanto os divertia.
No inicio dos anos 40, os americanos decidem construir uma base militar em Santa Maria. A ilha era, na época, o “El Dorado”, terra de oportunidades de trabalho para onde confluíam gentes de todo o arquipélago. Movida por essa atração, em 1946 a família Pepe decide mudar residência definitiva para Vila do Porto, nascendo a histórica “Foto Pepe”, assim como, 3 anos depois, também o seu único filho mariense: Max Brix Elizabeth.
Max Brix Elisabeth, inicialmente para se chamar Max Günther Brix Elisabeth (em memória do seu tio Max Günther morto num campo de concentração durante a Segunda Grande Guerra), foi criado em Santa Maria e aí permaneceu até completar 19 anos. Durante este período passou pela Mocidade Portuguesa, fez a 4ª Classe na Escola Primária de Vila do Porto, da qual passou para o Externato de Santa Maria, onde completou o 5º ano.
Em 1969, vai prestar serviço militar alistando-se na Força Aérea, em Lisboa, durante 4 anos, dos quais, os últimos dois foram passados em Angola, na Guerra do Ultramar.
Em 1973, regressa a Lisboa desta vez para trabalhar na Kodak, dando-se inicio à sua carreira no mundo da fotografia. Durante 6 anos aprendeu e aperfeiçoou técnicas fotográficas desde a captura da imagem até à sua revelação.
Rendeu-se aos encantos da vida na Capital, aproveitando e absorvendo toda a sua energia. Juntamente com aqueles amigos, que ficaram para a vida, entre os quais José Medeiros e Bruno Ferreira, com os quais partilhou residência, no número 130 da Avenida Gago Coutinho, explorou Lisboa, Portugal Continental e a Europa, em inúmeras viagens que o levaram, entre outras cidades, a Amesterdão, cidade pela qual ganhou um carinho especial ao deparar-se com uma mentalidade aberta, livre com pouco lugar a preconceitos e discriminações.
No o ano de 1976, regressa a Santa Maria, juntando-se ao seu pai, no negócio da Foto Pepe e iniciando uma vida sócio-cultural, que viria a ser intensa.
Casou-se em 1978 com a mariense Paula Barros, optando por fazer o casamento “romanticamente” na ilha do Corvo, sendo uma cerimónia discreta, só com a assistência dos seus amigos marienses Emanuel e Graça Batista.
Em 1979, nasce o seu primeiro filho, Frederico Barros Brix Elisabeth (atualmente arquiteto) e cinco anos mais tarde completa-se o núcleo familiar com o nascimento do seu filho mais novo, Rui de Barros Brix Elisabeth, hoje já conceituado fotógrafo-artista, com trabalhos de reconhecimento nacional e internacional.
A relevância pública do grande e popular Max, figura humana de fino trato e simpatia, que todos os marienses conheciam e pelo qual nutriam carinho, é sem dúvida ressaltada pela sua ligação à fotografia, à música, ao desporto e também ao património e ao associativismo, passando também pela política, tendo sido meu colega na Assembleia Municipal, representando o PSD, naquela altura.
Falando um pouco dele como pessoa e do seu amor à nossa ilha, cultivava uma relação humana e de proximidade com todas as pessoas, cumprimentado sempre com o seu sorriso peculiar, ouvindo, persuadindo e fundamentalmente dando importância a todos.
Profissionalmente, o Max Brix Elisabeth foi um conceituado empresário do ramo da fotografia, tendo dado continuidade, modernizado e engrandecido a empresa deixada pelo pai – a conhecida “Foto Pepe”, que hoje possui um arquivo fotográfico de elevado interesse público, com cerca de um milhão de fotografias, muitas das quais um verdadeiro património da cultura e vivência de Santa Maria, desde meados do séc. XX.
A nível político, O Max, mesmo perfilando, na altura, cores diferentes das minhas, na Assembleia Municipal, foi sempre um fiel companheiro e aliado incontornável na defesa da identidade e da cultura marienses, pugnando sempre, em conjunto, pela sua defesa, revitalização patrimonial, nomeadamente da zona histórica, mas também da nossa casa típica, moinhos de vento, fornos de loiça, azenhas, assim como pelo reforço de apoios às manifestações da cultura tradicional como grupos folclóricos e banda de música. Marcou a sua atuação pela coerência, bom senso, e independência de pensamento, recusando seguidismos partidários, colocando-se sempre ao lado do que melhor servia Santa Maria.
No campo político, ainda foi candidato à Junta de Freguesia de Vila do Porto pelo PSD, candidato a deputado regional pelo círculo eleitoral de Santa Maria, pelo mesmo partido, e mais tarde pelo do Partido Socialista, tendo sido também membro da Comissão de Honra da Candidatura de Carlos César à Presidência do Governo Regional dos Açores,
Amante da música, aprendeu a tocar diversos instrumentos, entre os quais a guitarra, a bateria e até mesmo o acordeão e fez parte de vários projetos musicais que animavam os bailes do Clube Asas do Atlântico e vários assaltos de carnaval.
Foi um dos relevantes fundadores da Associação Maré de Agosto e, durante cerca de 20 anos, a “alma” deste festival – um dos mais antigos de Portugal e uma das principais referências nacionais neste género de eventos.
Em termos de prestações sócio-comunitárias, o Max integrou órgãos sociais de inúmeras associações, como do Clube Asas do Atlântico, Grupo Desportivo Gonçalo Velho, Associação de Música e Artes dos Arquipélagos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, Associação Amigos da Praia, Circulo de Amigos de São Lourenço, tendo ainda sido correspondente da RTP-Açores em Santa Maria, e importante fotógrafo-colaborador do Baluarte, disponibilizando fotografias para ilustrar diversos artigos, incluindo alguns dos meus.
No desporto, foi atleta Clube Asas do Atlântico jogando hóquei-em-patins e futebol, assim como do Grupo Desportivo Gonçalo Velho, ao qual dedicou a maior parte do seu tempo como jogador e treinador de futebol, tendo sido posteriormente dirigente, dando sempre exemplos de nobre desportivismo, de lealdade no campo e de respeito pelos adversários.
Pela sua ação no campo desportivo, mas sem dissociar todas as suas prestações sócio-comunitárias, o Max foi homenageado, em 2006, na Gala do Desporto Mariense, tendo sido para mim uma honra lhe ter entregue o galardão de reconhecimento/gratidão, em nome de Sta Maria, perante o aplauso de pé da plateia repleta do histórico “Atlântida Cine”.
Os fundadores da Gala do Desporto Mariense, Zeca Valente e José Melo, por altura do falecimento do Max, juntaram vários amigos e promoveram um torneiro em sua homenagem, antecedido de um pequeno discurso sobre a sua obra e da entrega de uma salva memorial, à sua esposa.
O Max era um verdadeiro embaixador de Santa Maria no exterior e um grande promotor e divulgador das suas riquezas, belezas e grandezas culturais, paisagísticas e humanas.
O Max amava incondicionalmente Santa Maria e as suas gentes, ostentando o seu orgulho de ser “cagarro”, através das suas magníficas fotos, nas apaixonadas conversas e até no toque do seu telemóvel, que emitia o canto peculiar daquela ave, quando recebia chamadas.
O Max deixou saudades e referências tanto aos adultos como aos jovens, aos menos abonados e aos mais despojados porque SOUBE SER: ser um homem modesto e distinto, erradiador de sorriso e simpatia para com todos, ser amante da liberdade e da tolerância, mas firme nas convicções e valores que defendia; porque SOUBE ESTAR, estar sempre ao lado de Santa Maria, no seu pulsar, no seu borbulhar diurno e noturno, estar nos seus acontecimentos de vulto, apoiando, estimulando e incentivando projetos; porque SOUBE FAZER: fazer na sequência do seu pai, um espólio documental ímpar da sua ilha, um tesouro inestimável para a memória coletiva e história de Santa Maria, trabalhou despojada e incansavelmente na criação de eventos culturais que atualmente referenciam a nossa terra, e “distribuiu-se” por diversas associações, dando um exemplo singular de participação cívica e de entrega às causas públicas, que tanto falta à nossa terra.
Porque as pessoas só morrem quando nos esquecemos delas, em nome de Santa Maria e dos marienses, desejo perpetuar a sua memória e mostrar gratidão, pelos seus préstimos e legado, incluindo-o na galeria do PATRIMÓNIO HUMANO DE STA MARIA.
– José de Andrade Melo
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- Linda Recordação
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