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Faleceu nos EUA o mariense António Chaves
Faleceu António Dias Chaves, que disse adeus, sem o saber, à comunidade portuguesa, nos 100 anos do Hudson Portuguese Club.
Sem que ninguém o imaginasse seria o último banho de multidão que ouviria a voz de António Dias Chaves.
Salão cheio e atento ao desenrolar do cerimonial.
Em palco, a figura de António Dias Chaves.
Só dizia o essencial. Os convidados e homenageados é que eram o fulcro das atenções.
Nunca foi exagerado naquilo a que se propunha.
As funções era falar dos convidados. Dos homenageados. Não de si próprio. Limitava-se ao mínimo, deixando o máximo para os que apresentava.
Até que um dia foi ele o apresentado. E para tal subiu ao palco, José Francisco Costa, professor, homem das letras e das artes.
Aconteceu no dia do lançamento do livro “Os Meus Impérios”, de António Dias Chaves.
Com todos os pormenores, rituais, corações, cânticos, cantares, cantorias, entoação de “falsetes”, “alumiações”, presença constante dos foliões, e suas “encontradas”, enfim, o retrato a cores do ambiente de festa intrinsecamente popular e de profunda dimensão religiosa”.
A propósito de memórias pessoais, registamos esta entrada do narrador, que diz assim: “Fui embalado ao som das alvoradas e dos falsetes das folias do Império Mariense, sendo o principal o Império da Trindade. Era a principal festa da nossa freguesia, o dia em que calçavam os novos sapatos e se vestia o melhor fato, muitas vezes acabado de ser confeccionado minutos antes da Missa de Coroação”.
Foi deste modo que José Francisco Costa ilustrou o lançamento do livro “Os Meus Impérios”, do já saudoso António Dias Chaves.
Deixou de se ouvir a voz do mestre de cerimónias das grandes iniciativas do Hudson Portuguese Club.
Foi o mestre de cerimónias da mais dignificante presença física nos EUA. Uma presença que soube elevar nas suas intervenções.
“Era um homem que sabia falar. Era um grande mestre de cerimónias. Dava-se com toda a gente. É uma grande perda para o Hudson Portuguese Club. Tinha conhecimentos para os contactos com os cônsules e o governo português e mesmo entidades americanas”, sublinhou o comendador e empresário António Frias.
António Dias Chaves era uma fonte de informação sobre Santa Maria e freguesia de Santo Espírito, terra da sua naturalidade.
Teve honras de apresentar o Bispo Eméritus de Angra, D. António de Sousa Braga, seu digníssimo conterrâneo nas suas visitas ao Hudson Portuguese Club.
Em todas as intervenções em que assumia, as funçõs de mestre de cerimónias, junto do Hudson Portuguese Club, nunca se esquecia de fazer uma cópia extra para nos facilitar o trabalho de reportagem para o Portuguese Times.
“O livro “Os Meus Impérios” imortaliza os Açores, imortaliza as nossas tradições e eleva bem alto o nome de Portugal”, foram palavras de João Pedro Fins do Lago, cônsul de Portugal em Boston.
Entre os numerosos amigos tinha mais um que disse: “Lamento o seu desaparecimento. Substituir António Dias Chaves junto do Hudson Portuguese Club vai ser muito difícil. Sabia o que dizer em palco rodeado das mais diversas individualidades. Uma grande perda”, disse Silvino Cabral.
António Dias Chaves faleceu aos 71 anos a 31 de dezembro de 2020 no Umass Memorial Marlborough Hospital depois de uma breve e corajosa luta contra o Covid-19.
Em 6 de outubro de 2020 viu falecer o seu irmão, Abílio Chaves.
Deixa sua esposa Zélia, de um matrimónio de 41 anos. Um filho Derek e sua namorada Maura Silva de Berlin, Mass.. Deixa ainda os irmãos José Armando e esposa Colette, em Avondale, AZ;
Jorge e esposa Maria, em Hudson; José António e esposa Maria em Marlborough. Sobrevivem-lhe também as irmãs Rosa Paulino, Alda e Zita em Hudson, Elvira, casada com Abílio Chaves.
Deixa ainda os afilhados: Angela Doherty, Anthony Paulino, Carlos Sousa, Jessica Afonso e Kelly Hurd. Vários sobrinhos e sobrinhas.
Chaves frequentou o Seminário Menor de Ponta Delgada e o Seminário Episcopal de Angra.
Veio para os EUA em 1967. Era certificado em gestão de agências públicas do estado de Massachusetts pela University of Massachusetts Donahue Institute e pela Florence Heller Graduate School at Brandeis University.
Foi agente de seguros, professor bilingue, agente de viagens, operador turístico e funcionário público no Gabinete de Refugiados e Imigrantes no Departamento de Saúde Pública e Secretaria do Ambiente em Massachusetts.
Foi também recrutador e avaliador de candidatos no Departamento Federal de Segurança Nacional.
Foi veterano do exército norte americano, onde prestou serviço durante a guerra do Vietname até 1972. Foi vereador e presidente da junta da Câmara Municipal de Hudson, tendo sido o segundo imigrante português a ocupar este cargo no estado de Massachusetts.
É co-fundador de várias organizações comunitárias e foi por vários anos, presidente da assembleia geral do Clube Português de Hudson.
Em 1973 fundou o programa de rádio “Portugal 73”, que se manteve no ar até Dezembro de 2019.
António Dias Chaves trouxe das origens e manteve nos EUA os fortes laços de união que devem ser a base da família. Reunia os primos que orientava pela árvore genealógica como forma de descobrirem as origens.
“Chaves 5 years” era o encontro que António Chaves organizava que reunia os familiares espalhados pelos EUA, Canadá e Portugal. Com os irmãos organizava férias anuais “Brother Week”.
Já na sua posição de aposentado, ocupava os tempos livres como consultor de serviços de imigração, comunicações e traduções. No ano de 2004 foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa, como Comendador da Ordem de Mérito.
As cerimónias fúnebres a cargo da Tighe Hamilton Funeral Home em Hudson, foram privadas, dado a situação de covid-19. Foi celebrada missa de corpo presente na igreja de São Miguel em Hudson, às 9:00 da manhã de quinta-feira, 7 de janeiro de 2021.
Logo que a situação normalize será celebrado um memorial em homenagem a António Dias Chaves.
Por Augusto Pessoa
Exclusivo Portuguese Times/Diário dos Açores
