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Foi decretado um confinamento ao fim de semana com base num dado que nunca existiu – os citados “67% de convívio social”.
A semana passada no Último Apaga Luz referi a minha perplexidade com a afirmação cabal, por parte da DGs e do Governo, de que 67% dos contágios se dão “no convívio social e familiar”. Com base neste dado foi decidido, segundo o Primeiro Ministro, o fecho de restaurantes e o recolher obrigatório. Expliquei que este valor, 67%, era inexistente do ponto de vista cientifico. Hoje um bom artigo no Público, da jornalista Maria João Guimarães, faz uma apanhado do que se passa na Europa, países como a Alemanha e a Áustria não conseguem encontrar a origem de contágio de 70 a 80% das infeções. A DGS em Portugal é caso único na Europa, sabe tudo e com exactidão. Referi então, sem conhecer ainda os dados do Público, que é impossível determinar este valor de 67%, e que as medidas de recolher obrigatório eram erradas, e que era uma irresponsabilidade a DGS dar esses dados e o Governo determinar medidas graves com base neles. Não conhecia então os dados da Europa, mas conheço alguma coisa do país: as cadeias estão descontroladas, na sua maioria, como então foi determinado este valor? A maioria dos portugueses vive, sem pandemia, entre o trabalho e a família, sem vida social e pública fora do núcleo familiar, restrito, mais ainda com a pandemia. Há 4 milhões a trabalhar e milhares em transportes colectivos, porque seriam a casa e os restaurantes os locais de 67% de contágios?
Parecia-me evidente que a conclusão da DGS e do PR não era metodologicamente aceitável, uma vez que o facto de as pessoas se contaminarem em casa umas às outras não nos diz onde é que elas se contaminaram antes, apenas diz que, como vivem juntas, contaminam-se. Mas a origem não podia ser esta, já que estamos a falar de núcleos de 3 ou 4 pessoas, e os restaurantes na sua maioria colocaram imenso espaço entre as mesas, onde também em média estão e ou 4 pessoas. É a indústria, que nunca parou, e os transportes, cheios, onde se dão os principais focos, isso é para mim evidente desde Março. Hoje, nesse artigo do Público refere-se que na Alemanha, com um sistema de seguir o rasto muito melhor que o nosso, só se conhecem 25% dos focos. E cito no mesmo artigo Marc Lipsitch, epidemiologista da Universidade de Harvard, “diz que o facto de a própria casa estar no topo da lista de vários países pode dever-se não só às habitações serem um local importante de contágio, mas sobretudo ao facto de ser muito mais difícil encontrar a origem de infecções noutros locais.”. Ou seja, decretámos medidas devastadoras para as pequenas empresas, e as famílias, para os afectos e as relações, que retiram às pessoas a possibilidade de apanhar ar ao Domingo à tarde, e, encontrar um pouco de “descanso da loucura”, como dizia o Guimarães Rosa, com um número que não existe. Nem nunca existiu. Quer elas saiam ou não para ir a um restaurante será um deles, que vai trabalhar, que vai contaminar todos os outros. Aliás, quanto mais fechados estiverem pior será. Foi com base neste número, inexistente, que António Costa discursou ao país. 67%. A realidade é outra porém. O sector dos serviços não produz valor. E passear também não dá lucro. Hoje com o que conheço não sou a favor de parar a produção, como fui em Março, mas é evidente que nunca se quis parar o núcleo de produção de valor, a indústria, e o bode expiatório foi o pouco lazer que sobra às famílias, já desgastadas.

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