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Sempre sonhei ganhar a loteria para comprar o casarão que pertencera à minha família paterna, para instalar um museu. A própria casa é uma baita peça de museu: linda, estilosa e antiga. Hoje, fiquei sabendo que meu sonho foi realizado. O Museu foi inaugurado.
O Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MHAM) está localizado à Rua do Sol, nº 302, em São Luís do Maranhão, num sobrado típico da arquitetura colonial maranhense do século XIX, que pela sua beleza arquitetônica se constitui numa atração para quem o visita, uma vez que possibilita uma visão das condições de vida das antigas famílias abastadas da cidade. O prédio, com dois pavimentos, foi construído em 1836 por Ignácio José Gomes de Souza, com material oriundo de uma fazenda que possuía em Itapecurú-Mirim. Do ponto de vista histórico, o prédio está ligado ao nome do ilustre intelectual maranhense Joaquim Gomes de Souza, filho do primeiro proprietário. Souzinha, como é conhecido, nasceu na fazenda da “Conceição”, no município de Itapecuru Mirim (MA) , em 15 de fevereiro de 1829, e faleceu em Londres (Inglaterra) , em 01 de junho de 1863. Foi matemático, astrônomo, pensador, poeta, professor e parlamentar. Apesar de sua curta existência, Gomes de Souza diplomou-se em Ciências Matemáticas e Física, foi Engenheiro pela Academia Militar do Rio de Janeiro e professor do mesmo estabelecimento e Doutor em Medicina pela Faculdade de Paris; era sócio das Universidades de Londres, Berlim e Viena, tendo sido Deputado Geral pelo Maranhão. Publicou várias obras, sobretudo sobre matemática. Em 1857, o prédio foi vendido pelos Gomes de Souza a Alexandre Colares Moreira, que adquiriu também o terreno contíguo, transformado atualmente em jardim do museu. O nome da família Colares Moreira está historicamente ligado à política do Maranhão, sendo que um de seus membros, Sr. Alexandre Colares Moreira, descendente do segundo proprietário, quando era Vice-Governador, num período de dualidade governamental (entre 1909/1910) , reivindicou a direção do poder executivo, tendo governado o Estado, durante certo tempo, do solar onde residia. Em 1918, os descendentes do segundo proprietário venderam o prédio a José Francisco Jorge, abastado comerciante de São Luís. O governo do Estado do Maranhão comprou-o dos herdeiros deste, em 1967, com a finalidade de nele instalar o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, criado no ano seguinte. A Lei nº 2.923, de 08 de novembro de 1968, sancionada pelo Governador José Sarney, criou finalmente o Museu Histórico e Artístico do Maranhão. Em 28 de julho de 1973, inicia este órgão sua longa jornada como instituição museológica, preenchendo uma ampla lacuna na vida cultural do Maranhão, que até aquela época estava carente de instituições museológicas.
O acervo do MHAM é proveniente, em grande parte, de doações de colecionadores, a exemplo de Josué Montello, que trabalhou incansavelmente para reunir o maior número de peças para formar o patrimônio do MHAM; o escritor José Jansen, grande doador e incentivador das artes; o Senador José Sarney, que além de criar o museu, doou várias peças; e tantos outros que abriram mão de seus valiosos objetos para que o museu os tornassem públicos. Além das doações, o acervo do MHAM também é proveniente de compras da Fundação Cultural do Maranhão, atual Secretaria de Estado da Cultura/SESC, e de contratos de comodatos firmados entre a Arquidiocese de São Luís e a SESC.