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Virologista Pedro Simas e a regra dos três cês
(Fonte: Expresso)
O parecer dum especialista equilibrado: PEDRO SIMAS – VIROLOGISTA vale a pena ler (escrito ontem no Expresso) :
Portugal está a desconfinar na altura certa. Temos o número de novas infeções por dia controlado (com uma média de aproximadamente 300 nos últimos 70 dias). O Serviço Nacional de Saúde está capacitado. Temos uma excelente taxa de testagem para deteção de infeções. E, na ausência de uma vacina, temos de construir uma imunidade de grupo para solucionar a pandemia. Ficar em isolamento, à espera, não é solução.
Mas, atenção, não podemos aliviar demasiado as medidas de distanciamento social. O potencial pandémico é maior agora do que no início da pandemia. O vírus SARS-CoV-2 tem uma capacidade de transmissão muito alta e está agora disseminado por todo o país e por todo o mundo. A maioria da população portuguesa e mundial ainda é suscetível à infeção. Apesar de ainda não ter sido realizado um estudo serológico em Portugal, estima-se que a imunidade populacional ronde os 2% ou 3%. Portanto, não podemos dar um passo atrás e confinar outra vez.
Mas desconfinar é difícil. E como sabemos isso? Porque Pequim, ao fim de 56 dias sem nenhum caso de infeção transmitida localmente, voltou a ter um surto. Porque em Singapura, onde a primeira onda de infeções foi controlada precocemente, o vírus regressou, causando centenas de novos casos por dia. Porque na Coreia do Sul, as infeções aumentaram assim que a sociedade começou a relaxar as regras de distanciamento. Porque a Nova Zelândia, poucos dias depois de declarar a erradicação do vírus, voltou a registar casos importados de infeção. Porque a Suécia, que adotou medidas de confinamento um pouco menos severas que os seus países vizinhos, teve muita dificuldade em proteger os grupos de risco.
E então como desconfinamos? Vivemos numa sociedade complexa e plural, pelo que criar regras que funcionem de forma transversal é difícil. Mas existe uma regra que funciona e já temos provas disso: o distanciamento. A principal forma de transmissão da infeção ocorre por via respiratória em situações de contacto próximo. Não temos de ficar confinados, mas temos de usar a regra dos três cês: evitar close contacts (contactos próximos), closed spaces (espaços fechados) e crowded spaces (espaços lotados). O nosso comportamento como sociedade é fundamental para construir a tão desejada imunidade de grupo, protegendo os grupos de risco.
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