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Subject: 24 de Junho de 1622 — Foi há 398 anos o ataque holandês a Macau e a data da nossa vitória foi escolhida para Dia da Cidade
Introdução
Macau, por ter uma arposição estratégica, foi atacado por várias vezes pelos holandeses (inimigos de Espanha e simultaneamente os de Portugal devido à união destes dois países entre 1580 a 1640) que queriam controlar o comércio entre a Europa e o Extremo-Oriente. Estavam invejosos pelo monopólio que os portugueses gozavam.
O Rei Filipe III de Espanha, que estava em guerra com os holandeses, pôs um embargo aos barcos holandeses de comércio em todos os seus territórios (incluindo Portugal), por isso, estas embarcações dirigiram-se para o Oriente, causando muitos problemas para os portugueses instalados nesta região exótica e cheia de oportunidades de enriquecer. Em 1601, uma frota holandesa liderada pelo almirante Van Neck aparecia em Macau. Em 1603, barcos de guerra da Holanda bombardearam a Cidade; e nos anos de 1604 e 1607 vieram, respectivamente, as expedições lideradas pelos almirantes Wybrand van Warwijck e Cornelis Matelieff de Jonge.
Estas tentativas de invasão holandesa obrigaram as autoridades portuguesas a levantarem um sistema defensivo para a Cidade. Mas, as autoridades chinesas impediram a todo o custo, através de ameaças, a fortificação de Macau, temendo um possível golpe de estado contra o Império chinês. Em 1614, o Imperador, através de um decreto, sancionou a construção de fortificações em Macau. Mas, apesar de tudo isto, os portugueses conseguiram construir as suas desejadas e necessárias fortificações, graças aos magníficos presentes oferecidos aos mandarins encarregues de vigiar a Cidade.
A tentativa mais famosa de invasão holandesa começou no dia 22 de Junho de 1622 por 800 soldados que desembarcaram na praia de Cacilhas. Avançaram com cautela para o centro da Cidade, sofrendo pesado bombardeio de canhões da Fortaleza do Monte. Após 2 dias de combate, no dia 24 de Junho, um padre jesuíta disparou um tiro de canhão e acertou com precisão um vagão carregado de pólvora pertencente aos holandeses, desconcertando as forças invasoras. É também neste dia que a pequena guarnição militar de Macau (composta aproximadamente por 200 soldados e por algumas fortalezas, nomeadamente a Fortaleza do Monte e a Fortaleza da Guia) derrotou as forças invasoras. Os holandeses, derrotados, jogaram-se ao mar na tentativa de alcançar os barcos. Muitos se afogaram e um dos barcos, superlotado, afundou-se. Dizem os registos portugueses que morreram algumas dezenas de portugueses e que morreram em combate ou afogados cerca de 350 holandeses. Para Macau, desprevenida, a vitória foi considerada um milagre. Após a vitória, os moradores de Macau passaram a comemorar o dia 24 de Junho, dia da vitória, como o Dia da Cidade. É também neste dia que comemora o São João Baptista, o Padroeiro da Cidade. Conta a lenda que pelo seu manto, foram desviados os tiros dos inimigos, salvando a Cidade dos invasores holandeses. Este dia é feriado público e comemorado todos os anos com grandes festas e alegria até 1999, data da transferência da soberania de Macau para a China. Após a transferência, este dia deixou de ser feriado público e virtualmente esquecido.
Após esta tentativa de invasão holandesa, as autoridades portuguesas, a partir de 1623, passou a enviar um Governador para Macau. Antes da sua chegada, esta pequena cidade era administrada e governada pelo Leal Senado.
Batalha | |||||
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de | Macau | Guerra | |||
Luso-Holandesa | |||||
Data | 22 de Junho de 1622–24 de Junho de 1622 | ||||
Local | Macau, China | ||||
Desfecho | Vitória decisiva portuguesa | ||||
Beligerantes | |||||
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Comandantes | |||||
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Forças | |||||
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Baixas | |||||
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Comemoração
Sendo uma grande vitória para os portugueses em Macau, a batalha foi comemorada de várias maneiras. Quando o viajante inglês Peter Mundy chegou a Macau em 1637, ele descreveu uma dança infantil que representava uma “batalha entre os portugueses e os holandeses … onde os holandeses eram vencidos, mas sem qualquer discurso reprovador ou acção desonesta para aquela nação”. Além disso, após a vitória, os moradores de Macau começaram a comemorar em 24 de Junho como o dia da cidade para comemorar a vitória. Este dia foi feriado na Península de Macau e foi observado todos os anos até a entrega de Macau à China em 1999. Wikipédia (excertos)
https://www.revistamacau.com/2016/08/17/sao-joao-baptista-padroeiro-da-cidade/
As vicissitudes do tempo e o Padroeiro. O Boletim do Governo Ecclesiastico da Diocese de Macau, números 119 e 120 (Maio e Junho de 1913), nas páginas 168 e 169, referia-se à festa de S. João do seguinte modo: “A festa do Padroeiro da cidade, o glorioso Precursor, tambem não decahiu do seu tradicional esplendor, apezar das vicissitudes do tempo. |
Compilação de João Lucas