MACAU E O DIA DA CIDADE HÁ 398 ANOS

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Date: Quarta, 24 de Jun, 2020
Subject: 24 de Junho de 1622 — Foi há 398 anos o ataque holandês a Macau e a data da nossa vitória foi escolhida para Dia da Cidade
Às gentes e aos amigos de Macau, vai um grande abraço neste dia grande da nossa memória da querida Macau de sempre! Jorge Rangel

Macau havia sido invadida pelos holandeses em 1601, 1603 e 1607, mas a invasão holandesa de 1622 representou a primeira tentativa real de capturar a cidade.

Introdução

Macau, por ter uma arposição estratégica, foi atacado por várias vezes pelos holandeses (inimigos de Espanha e simultaneamente os de Portugal devido à união destes dois países entre 1580 a 1640) que queriam controlar o comércio entre a Europa e o Extremo-Oriente. Estavam invejosos pelo monopólio que os portugueses gozavam.

O Rei Filipe III de Espanha, que estava em guerra com os holandeses, pôs um embargo aos barcos holandeses de comércio em todos os seus territórios (incluindo Portugal), por isso, estas embarcações dirigiram-se para o Oriente, causando muitos problemas para os portugueses instalados nesta região exótica e cheia de oportunidades de enriquecer. Em 1601, uma frota holandesa liderada pelo almirante Van Neck aparecia em Macau. Em 1603, barcos de guerra da Holanda bombardearam a Cidade; e nos anos de 1604 e 1607 vieram, respectivamente, as expedições lideradas pelos almirantes Wybrand van Warwijck e Cornelis Matelieff de Jonge.

Estas tentativas de invasão holandesa obrigaram as autoridades portuguesas a levantarem um sistema defensivo para a Cidade. Mas, as autoridades chinesas impediram a todo o custo, através de ameaças, a fortificação de Macau, temendo um possível golpe de estado contra o Império chinês. Em 1614, o Imperador, através de um decreto, sancionou a construção de fortificações em Macau. Mas, apesar de tudo isto, os portugueses conseguiram construir as suas desejadas e necessárias fortificações, graças aos magníficos presentes oferecidos aos mandarins encarregues de vigiar a Cidade.

A tentativa mais famosa de invasão holandesa começou no dia 22 de Junho de 1622 por 800 soldados que desembarcaram na praia de Cacilhas. Avançaram com cautela para o centro da Cidade, sofrendo pesado bombardeio de canhões da Fortaleza do Monte. Após 2 dias de combate, no dia 24 de Junho, um padre jesuíta disparou um tiro de canhão e acertou com precisão um vagão carregado de pólvora pertencente aos holandeses, desconcertando as forças invasoras. É também neste dia que a pequena guarnição militar de Macau (composta aproximadamente por 200 soldados e por algumas fortalezas, nomeadamente a Fortaleza do Monte e a Fortaleza da Guia) derrotou as forças invasoras. Os holandeses, derrotados, jogaram-se ao mar na tentativa de alcançar os barcos. Muitos se afogaram e um dos barcos, superlotado, afundou-se. Dizem os registos portugueses que morreram algumas dezenas de portugueses e que morreram em combate ou afogados cerca de 350 holandeses. Para Macau, desprevenida, a vitória foi considerada um milagre. Após a vitória, os moradores de Macau passaram a comemorar o dia 24 de Junho, dia da vitória, como o Dia da Cidade. É também neste dia que comemora o São João Baptista, o Padroeiro da Cidade. Conta a lenda que pelo seu manto, foram desviados os tiros dos inimigos, salvando a Cidade dos invasores holandeses. Este dia é feriado público e comemorado todos os anos com grandes festas e alegria até 1999, data da transferência da soberania de Macau para a China. Após a transferência, este dia deixou de ser feriado público e virtualmente esquecido.

Após esta tentativa de invasão holandesa, as autoridades portuguesas, a partir de 1623, passou a enviar um Governador para Macau. Antes da sua chegada, esta pequena cidade era administrada e governada pelo Leal Senado.

Os portugueses repelem o ataque holandês. Porto de Macau (“Makou”). Navios de guerra holandeses disparando canhões. Torre em uma colina disparando canhões. Desenho de 1665.
Veja o vídeo descritivo da RTP sobre esta batalha e leia a crónica, clicando nos dois links em baixo:
Batalha
deMacauGuerra
Luso-Holandesa
Data22 de Junho de 1622–24 de Junho de 1622
LocalMacau, China
DesfechoVitória decisiva portuguesa
Beligerantes
Portugal Império PortuguêsProvíncias Unidas
Comandantes
Lopo Sarmento de CarvalhoCornelis Reijersen,
Hans Ruffijn †
Forças
c. 150 tropas portuguesas
Número desconhecido de escravos africanos
1.300 (800 no desembarco)
13 barcos
Baixas
6 portugueses (ibéricos) mortos
Pequeno número de escravos mortos
~20 feridos
300+ mortos (136 holandeses)
126 feridos
4 barcos afundados
Mapa da península de Macau em 1639, após a melhora das fortificações e defesas da cidade.
Em 1871, um monumento da batalha foi erguido no Jardim da Vitória em Macau.

Comemoração

Sendo uma grande vitória para os portugueses em Macau, a batalha foi comemorada de várias maneiras. Quando o viajante inglês Peter Mundy chegou a Macau em 1637, ele descreveu uma dança infantil que representava uma “batalha entre os portugueses e os holandeses … onde os holandeses eram vencidos, mas sem qualquer discurso reprovador ou acção desonesta para aquela nação”. Além disso, após a vitória, os moradores de Macau começaram a comemorar em 24 de Junho como o dia da cidade para comemorar a vitória. Este dia foi feriado na Península de Macau e foi observado todos os anos até a entrega de Macau à China em 1999. Wikipédia (excertos)

https://www.revistamacau.com/2016/08/17/sao-joao-baptista-padroeiro-da-cidade/

As vicissitudes do tempo e o Padroeiro. O Boletim do Governo Ecclesiastico da Diocese de Macau, números 119 e 120 (Maio e Junho de 1913), nas páginas 168 e 169, referia-se à festa de S. João do seguinte modo: “A festa do Padroeiro da cidade, o glorioso Precursor, tambem não decahiu do seu tradicional esplendor, apezar das vicissitudes do tempo.

Compilação de João Lucas