felix rodrigues analisa os casos de 12.4.20

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Hoje só tivemos 349 novos casos de infeção por SARS-CoV-2 em Portugal, contrariamente aos 589 esperados. Significa isso que evitámos 240 novos casos de infeção. Descemos, relativamente a ontem, 71% no número de infetados. Desejamos continuar a descer nessa tendência, porque se assim for, de facto estamos em trajetória descendente e no bom caminho. Tem-se verificado nos números anteriores um efeito de feriados e fins de semana. Espera-se que este não seja mais um desses efeitos.
Totalizam-se assim 16 934 as pessoas que foram diagnosticadas com Covid-19 em Portugal.
No que se refere à mortalidade, temos hoje mais 31 mortes, menos quatro do que era esperado. A infeção e a mortalidade em Portugal estão a ter comportamentos semelhantes.
O confinamento social e o distanciamento social voltou a resultar, e a produzir, resultados muito satisfatórios.
Morreram até agora no nosso país por Covid-19, 535 pessoas, quase o equivalente ao número de pessoas que morre por essa doença em Espanha num dia.
As imagens de ontem (Domingo de Páscoa) revelavam uma população consciente e controlada. Esperemos que não apareça daqui a dias algum descontrole inusitado, mas nada aponta para isso.
Ainda não chegámos ao patamar de controle da Coreia do Sul, pois de ontem para hoje subimos no total acumulado 2% no número de infeções. Esse aumento percentual está em linha com os crescimentos percentuais da Alemanha, Espanha e França, mas afastado do Reino Unido (+7%), Estados Unidos (+5%) e Itália (+3%).
Nos Açores foram diagnosticados mais seis casos positivos de COVID-19 na ilha de São Miguel nas últimas 24 horas, decorrentes das 183 análises realizadas nos dois laboratórios de referência dos Açores. Trata-se mais uma vez de uma tendência contrária à do território continental, com um aumento percentual de 6% relativamente ao acumulado. A infeção na ilha de São Miguel corresponde 64% dos casos das nove ilhas do Arquipélago, que hoje atinge um total acumulado de 100 casos.
No diagrama que aqui se apresenta, extraído do jornal o Público de hoje, que inquiriu uma amostra da população portuguesa, verifica-se que temos tido todos comportamentos distintos durante esta crise pandémica: 56% da população portuguesa sai de casa várias vezes por semana, o que significa que, não sendo para trabalhar, corresponde a ter dificuldades em fazer quarentena, e curiosamente, desse grupo, os que mais saem, são pessoas com mais de 65 anos de idade, ou seja, as que constituem o escalão etário de maior risco. Das duas uma: ou valorizam menos a sua vida e a dos outros ou possuem muito pouco apoio. É importante tentarmos perceber como lida a população envelhecida com o isolamento ou como a sociedade portuguesa vê o envelhecimento ou apoia os mais velhos.
A velhice é, em termos científicos ou de ilusão científica, uma doença à procura de cura.
A natureza e a nossa natureza não são comodidades – são necessidades. Precisamos levá-las a sério.

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