JOSE F VENTURA,REPROGRAMAR O FUTURO É PRECISO

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  1. PENSANDO E REPENSANDO …

    REPROGRAMAR O FUTURO É PRECISO

    Terminava o meu último artigo de opinião publicado sob o título COVID-19 – (Guānzhuàng bìngdú) AÇORES vs. PORTUGAL E EUROPA – Assegurar o Futuro é Urgente, com referência a um artigo publicado neste Jornal datado de 1 de novembro de 1998 (vai a caminho dos 22 anos) e, assinado pelo médico veterinário, Dr. António Manuel Cabral que, tomo a liberdade de tomar como matéria, para a presente redação de hoje, pensando e repensando no passado, no presente com o pandémico COVID-19 e, no Futuro, na nossa sucessão.

    O Passado faz História. Diz-se, quando algo sucede no atual e de que há memória, logo se faz analogia entre o que sucedeu e o que está sucedendo. Daí, que “o passado deveria ter sido futuro” título do artigo acima referido, do Dr. António Cabral, nos leva a retroceder a 1981, aquando e como empresário de uma empresa agroalimentar virada para o mercado internacional, com clientes nos Estados Unidos da América, Inglaterra, Suíça, Alemanha e outros países interessados como África do Sul, fomos impedidos de satisfazer os mesmos, pela inibição de Portugal poder exportar carnes ou seus derivados, quer para os EUA quer para a Europa e, os Açores como uma Região portuguesa estar como tal, impedida também de o fazer. Para o efeito, era necessário provar que os Açores eram uma Zona Indemne de doenças animais. Não vamos aqui, explanar a luta travada perante tal situação. Íamos com muitas dificuldades económico-financeiras lutando pela sobrevivência de uma empresa que acreditávamos e, confiávamos que o governo resolveria o grave problema que seria para a economia futura e na área alimentar se não o fizesse. Não desistíamos, estávamos presentes em feiras internacionais obtendo os melhores resultados negociais, testemunhados inclusive pelos governantes que acompanhavam aqueles eventos. Depois do governo português ter descalçado a “bota” com a passagem da responsabilidade no assunto para o governo açoriano, envolvemos políticos americanos (nomeadamente o Congressista Barney Frank que, nos escreveu mais tarde a lamentar não ter sido correspondido nos esforços despendidos) e, regionais como os deputados ao Parlamento Europeu na altura, que nada em especial fizeram a não ser um simples lamento quando tivemos finalmente a perceção de que iríamos claudicar. Do Plano do Governo para 1986 no seu programa nº 35 “Sanidade e Higiene Pública Veterinária” a defesa sanitária da Região e a melhoria de qualidade higiénica dos produtos bem como a construção de duas estações de quarentena uma na Terceira e outra em S. Miguel, condições essenciais para o reconhecimento dos AÇORES como “Zona Indemne” pelos EUA e Países Europeus, ainda estamos à espera. De umas instalações exemplares na sua construção e equipamento, consideradas por muitos entendidos estrangeiros como uma das melhores da Europa, travestiram-se em armazéns e oficinas. Na economia perdeu-se a entrada de divisas e o empobrecimento do seu extrato industrial, no trabalho extinguiram-se pelo menos cerca de 25 postos de trabalho com perspetiva de aumento, para além do projeto social pretendido na zona de implantação do empreendimento.

    Perguntarão os nossos leitores, que interesse para o momento que estamos a passar, tem esta nossa redação. A frase inserida no artigo no princípio referido que trata precisamente de uma análise ao quadro sanitário na Região por um especialista na matéria que escreve a certa altura em relação ao Estatuto de Zona Indemne porque tanto lutamos, em duas condições de cidadania, empresário e responsável político, o seguinte: “Tínhamos obrigação de ter conseguido para estas ilhas um Estatuto de Zona Indemne que nos permitisse controlar com muito rigor tudo o que entra porque disso depende o futuro dos nosso filhos”, dá-nos a razão.

    Como este exemplo, muitos outros existem no “deixa andar” a que muitos se deixam adormecer nas cadeiras do poder. Reconsiderem a posição de representantes de quem lhes deu o voto para o bem e para o mal.

    Aqui nos Açores, a situação a que esta pandemia nos obriga, leva-nos a pensar se, paralelamente à atenção dispensada à saúde pública no extermino do Covid-19 e, auxílio aos diversos setores da economia, não deverá ser acompanhada da preocupação em elencar medidas que nos leve aquando da retoma da nossa vida que se quer o mais normal possível, mostrar a quem de direito quem somos e o que queremos para o nosso Povo.

    O reconhecimento do nosso “espaço” por terceiros, é uma reivindicação que se exige. A reconstrução do nosso tecido produtivo e industrial, é imperioso para menorizar a nossa dependência do exterior etc. etc.

    Não guardemos para amanhã o que ainda pode ser feito hoje.

    A terminar, o reconhecimento do meritório trabalho muitas vezes incompreendido pelos que, infelizmente só olham o seu umbigo, para os que estão presentes na linha da frente neste gigantesco combate. Que nesta Páscoa que nos separam fisicamente, estejamos solidários com os mais necessitados, través do simbolismo da Ressurreição de Cristo.

    José Ventura

    2020-04-09