Os dados de hoje de Covid-19 em Portugal, apesar de serem em valores absolutos elevados (mais 754 infectados e mais 29 mortes) acabam por ser positivos se atendermos aos decréscimos das tendências.
Os valores acumulados em Portugal situam-se agora nos 11278 casos de infeção e 295 mortos.
Crescemos na infeção de ontem para hoje apenas 6.7%, ou seja, ligeiramente abaixo do valor de ontem, o que significa termos evitado com o nosso confinamento domiciliário, menos 388 novos casos de infeção, ou seja metade da infeção esperada.
Relativamente ao número de mortes, a velocidade de crescimento, felizmente, tem vindo a reduzir-se nos últimos dois dias, e conseguimos evitar pelo menos 16 mortos de ontem para hoje, ou seja, reduzimos 55% da mortalidade esperada. Isso são boas notícias.
Estamos a salvar vidas e a evitar a propagação da doença na ordem dos 50% relativamente ao que aconteceria se não nos tivéssemos distanciado socialmente.
A esta hora ainda não saíram os dados dos Açores.
No gráfico de hoje que aqui se apresenta, comparam-se as velocidades de crescimento da epidemia em Portugal e na República Checa porque, segundo alguns analistas, o uso de máscaras generalizadas permite-nos continuar a fazer a nossa vida normal reduzindo drasticamente a contaminação e escusavamos de ter adoptado o confinamento domiciliar. Dizem ter sido essa a estratégia da República Checa.
Ora, isso não é claro na análise que se segue.
De facto a epidemia em Portugal cresce a uma velocidade 1,8 vezes superior à da epidemia na República Checa. Será efeito do uso generalizado das máscaras?
O começo da infeção na República Checa deu-se ao mesmo tempo que em Portugal e com o mesmo número de casos e velocidade da evolução.
A 12 de março a República Checa declarou o Estado de Emergência. Portugal só o fez a 18 de março, ou seja seis dias depois.
A 16 de março, os 11 milhões de Checos foram obrigados a quarentena, sem qualquer entrada ou saída de pessoas no país com todas as fronteiras fechadas e aeroportos fechados. Portugal nessa data apenas fechou fronteiras com Espanha. Nessa data continuávamos com o caos instalado e sem controlo nos aeroportos portugueses.
O tempo de confinamento tem produzido efeitos positivos em todos os países, e o que parece claro é que quem tomou medidas mais cedo, tem a situação mais controlada. Não se vê aqui de modo claro qualquer efeito do uso das máscaras, mas é claro o efeito positivo na República Checa das mesmas medidas que Portugal acabou por tomar ligeiramente mais tarde.
Relativamente às máscaras, que fique claro: Elas protegem as pessoas, mas é lícito perguntar quem, especialmente quando não são abundantes?
Protegem mais a sociedade do que o indivíduo.
Já há dois meses atrás que tinha feito essas contas. A probabilidade de uma máscara cirúrgica evitar que um indivíduo que a use seja contaminado é de apenas 10%, mas a probabilidade de uma máscara cirúrgica evitar que outras pessoas sejam contaminadas por um infectado que a use é muito superior, ou seja, será pelo menos na ordem dos 30% a 50%, especialmente se for profissional de saúde. Significa isso que as máscaras fazem muita falta aos profissionais de saúde e agentes de segurança e muito menos ao público em geral.
Quem acha que é mais importante proteger-se a si do que proteger os outros, não valoriza devidamente a sociedade onde se insere. Os contaminados devem usar máscara e os profissionais de saúde e agentes de segurança também. Todos os outros: Metam-se em casa porque aí as máscaras não são precisas se não estiverem a conviver com um infetado e desse modo não provocam escassez de máscaras muito importantes para quem está a dar tudo por tudo para salvar vidas.